O ex-vice-prefeito Clóvis Viola foi destituído do cargo de presidente do diretório municipal do Partido Popular Socialista (PPS), conforme decisão da direção estadual do partido, que tem o deputado estadual Davi Zaia como uma de suas principais lideranças. Segundo informações, Zaia não teria gostado da atuação de Clóvis durante as eleições de 2014, quando o jalesense apoiou a candidatura do deputado peemedebista Itamar Borges. Clóvis, que era presidente do PPS local desde 2005, se disse surpreso com a decisão do partido. “Pela minha história dentro do partido, eu acho que merecia mais consideração. Eles não tiveram nem mesmo o cuidado de me avisar sobre o que estava acontecendo. Fui praticamente o último a saber”, reclamou Clóvis.
Ele confessou que ficou sabendo de sua destituição através do presidente de outro partido. “Na semana passada, eu recebi a ligação de um amigo me convidando para me filiar ao partido dele. Foi ele quem me disse que eu tinha sido destituído da presidência do PPS. Levei um susto”. Por coincidência, no momento em que falava com a reportagem de A Tribuna, Clóvis recebeu, em seu celular, uma mensagem do mesmo amigo, reforçando o convite, mas ele ainda não decidiu o que vai fazer. “Eu preciso conversar com o meu grupo. Tem várias pessoas que estão no PPS e que são ligadas a mim. Elas ficaram tão surpresas e magoadas quanto eu. Certamente, vão querer sair do partido também”.
Clóvis estava bastante magoado, mas, mesmo assim, fez questão de ressaltar que o PPS é um partido decente. “O PPS não tem ninguém envolvido em corrupção ou em alguma outra coisa errada”, disse ele. Ele destacou, também, que, durante os dez anos em que esteve à frente do partido, quase não recebeu ajuda do diretório estadual. “As despesas do partido, aqui em Jales, era eu quem bancava. As pessoas pensam que é fácil ser presidente de um partido, mas não é bem assim. A manutenção de um diretório municipal não é barata”, reclamou.
Perguntado sobre o fato de o advogado Juliano Matos ter sido indicado para presidir provisoriamente o partido, Clóvis disse que não pretendia entrar em polêmica. “O Juliano Matos trabalhou para o Davi Zaia e, segundo me disseram, foi indicado pelo deputado para coordenar o posto do IAMSPE aqui em Jales. Ele não é filiado ao partido, mas o deputado deve confiar nele. Eu vou seguir a minha vida. Já tenho alguns convites interessantes. Um deles é do PMDB, partido do qual saí para ingressar no PPS”, confessou Clóvis.
Essa não é a primeira vez que Clóvis é surpreendido por decisões políticas envolvendo seu nome. Em 2011, convidado pelo então presidente do PSDB local, Carlos Roberto Cardozo da Silva, Clóvis decidiu deixar o PPS e ingressar no partido do governador Geraldo Alckmin, mas sua filiação não foi aprovada pela direção estadual do tucanato. Na ocasião, especulou-se que a decisão de não aceitar Clóvis no ninho tucano teria partido da deputada Analice Fernandes. Perguntado sobre qual teria sido a pior surpresa, Clóvis não soube dizer se foi a destituição do PPS ou a negativa do PSDB, mas ressaltou que “as duas machucaram bastante”.
Juliano Matos diz que não pediu para ser o presidente do PPS
Procurado pela reportagem de A Tribuna, o advogado e coordenador do IAMSPE de Jales, Juliano Matos, garantiu que não contribuiu para a destituição de Clóvis Viola da presidência do PPS. “Isso foi uma decisão deles. Na verdade, eles me ofereceram o partido logo depois das eleições de 2014, mas eu disse que não tinha interesse”. Juliano garantiu, também, que teria avisado Clóvis sobre a disposição do partido em tirá-lo da presidência. “Eu liguei pro Clóvis no ano passado e avisei que o pessoal de São Paulo estava querendo tirar o partido dele, mas ele nem ligou e ainda disse que seria até bom, pois a presidência do partido só dava despesa”.
Segundo Juliano, os dirigentes do PPS voltaram à carga novamente em 2015. “Eles me ligaram novamente, oferecendo o partido e como tenho uma ligação muito boa com o Davi Zaia, enviei alguns nomes para formar uma Comissão Provisória. Eu já nem me lembrava mais disso, quando, na semana passada, recebi um sedex com a nossa nomeação”. Juliano explicou que não está filiado ao partido atualmente. “O meu último partido foi o PSOL, mas, no momento, estou sem partido. Eu já tinha uma ligação com o PPS, pois fui filiado do partido entre 2000 e 2009. Foi o ex-vereador Rivelino Rodrigues quem me filiou ao PPS”, disse o advogado.
De acordo com Juliano, a direção do PPS ficou descontente com o fato de Clóvis ter apoiado um candidato de outro partido – Itamar Borges, do PMDB – nas eleições do ano passado. “O assessor do Davi Zaia esteve aqui na campanha do ano passado e viu a caminhonete do Clóvis com o adesivo do Itamar. Isso pegou mal. Outra coisa que já tinha deixado eles com a pulga atrás da orelha foi o episódio em que o Clóvis ameaçou deixar o PPS, mas acabou não sendo aceito no PSDB”, disse Juliano, que voltou a garantir que não teve culpa na destituição de Clóvis. “Eu realmente não queria, mas eles insistiram e eu não poderia me negar a colaborar com o Zaia”, finalizou.