Sete meses após o prefeito Pedro Callado assumir o cargo, em lugar da cassada ex-prefeita Nice Mistilides, a lua-de-mel entre a Câmara e o tucano parece estar perto do fim. Pelo menos três vereadores – Luís Rosalino (PT), Claudir Aranda (PDT) e Gilberto Alexandre de Moraes (DEM), o Gilbertão – usaram a tribuna da Câmara na sessão de segunda-feira, 05, para criticar a administração municipal. O mote para as críticas foram as demissões previstas para o final do mês, principalmente na área da Saúde, em função da rescisão dos contratos com duas empresas fornecedoras de mão-de-obra terceirizada.
O petista Luís Rosalino, que até alguns dias atrás não economizava elogios à atuação do prefeito, foi o primeiro a condenar a administração municipal, por conta da demissão de quase 40 trabalhadores terceirizados que atuavam nos postos do programa ESF (Estratégia de Saúde da Família). O vereador disse que cada uma das unidades de saúde do município deverá ficar sem três ou quatro colaboradores, o que, segundo ele, deverá levar o caos ao setor. “Por conta da incompetência da ex-prefeita Nice Mistilides e das dificuldades do prefeito atual, foram demitidas todas as gerentes de ESF. Não bastasse isso, agora a administração municipal está demitindo outros colaboradores das ESF. Isso é uma loucura! Há menos de três anos, na administração Parini, as dificuldades eram as mesmas, mas tínhamos o quadro completo porque o então prefeito priorizava o atendimento à população”, discursou o vereador.
Segundo o vereador, as demissões irão sobrecarregar o trabalho das enfermeiras, que agora, além das visitas, terão que cuidar também da parte burocrática dos postinhos de saúde. “Para piorar a situação, as enfermeiras utilizavam seus próprios veículos para fazer as visitas aos pacientes que necessitam de atenção especial. Há dois meses, nós fizemos uma reunião com o prefeito, onde elas, as enfermeiras, solicitaram uma ajuda de custo para ajudar a pagar o combustível, mas, até agora, não houve nem resposta. Elas agora estão indo a pé”, explicou Rosalino.
Ao final de seu discurso, Rosalino questionou “como vai ficar o atendimento à saúde?”, para em seguida emendar que “a situação é caótica e vai piorar”. De acordo com o vereador, “a população está sendo lesada, na medida em que paga seus impostos e a má gestão está levando a saúde a um caos sem precedentes, nunca visto neste município”, concluiu. Nas galerias da Câmara, quatro enfermeiras que acompanhavam a sessão aprovavam as explicações do vereador. Elas confirmaram à reportagem de A Tribuna que nunca tiveram ajuda para o combustível. “Além de andar com nossos veículos por ruas esburacadas, ainda temos que pagar o combustível para realizar nosso serviço”.
Depois de Rosalino, foi a vez do pedetista Claudir Aranda também reclamar. Para ele, as medidas de Callado não irão resolver os problemas financeiros da Prefeitura. “esse pessoal que está sendo demitido ganha salário mínimo”, disse Claudir. O vereador questionou o fato de os vigias estarem sendo substituídos por alarmes. “Queria perguntar ao prefeito como vai ficar a situação das pessoas que chegam de madrugada aos postinhos. Será que o alarme vai abrir o portão e atender as pessoas? Vai distribuir senhas?”, perguntou Claudir.
Para o vereador Gilbertão, as demissões irão gerar um transtorno enorme. “Vira e mexe, nós recebemos reclamações de que faltam médicos e dentistas em alguns postinhos. Agora, mais essa. Parece que a administração não está tendo bom senso. Esse governo começou mal, com a ex-prefeita, e agora o atual prefeito, seguindo o exemplo, também não está agindo corretamente”, discursou Gilbertão.
Outro lado:
O prefeito Pedro Callado, desmentiu, em entrevista radiofônica, que as demissões de trabalhadores terceirizados irão causar o caos ao setor de saúde do município. “Eu entendo e respeito as críticas do vereador Rosalino, que não estão sendo feitas à minha pessoa, mas à administração Callado, mas não concordo que as medidas que tomamos vá trazer o caos. A população vai continuar sendo atendida do mesmo jeito. O que está sendo feito é algo planejado e nós vamos remover alguns servidores de carreira para substituir os trabalhadores que estão saindo. O que nós não podemos é continuar pagando pra duas pessoas fazer o mesmo serviço”, disse o prefeito.