Não bastassem os problemas com a falta de infraestrutura do Parque Industrial “José Carlos Guisso”, também conhecido como Distrito Industrial III, a Prefeitura de Jales terá que, nos próximos dias, definir uma situação inusitada envolvendo quatro empresários que pretendem se instalar no local. O novo problema é uma herança da administração da ex-prefeita Nice Mistilides, do seu secretário de Planejamento, Aldo Nunes de Sá, e, provavelmente, do ineficiente Conselho de Desenvolvimento Industrial, órgão encarregado de aprovar as doações de terrenos nos distritos industriais de Jales.
O caso veio à tona na segunda-feira, 18, quando o sócio-proprietário da empresa Antonio de Almeida Munck – ME foi até o Distrito Industrial III para ver como estava o terreno que ele recebeu em doação, ainda durante a administração do ex-prefeito Parini, para instalação de sua empresa. Ele conta que levou um susto, pois, ao chegar ao local, encontrou alguns pedreiros construindo um prédio no local. Imediatamente, o empresário procurou a Secretaria de Planejamento e ficou sabendo que o seu terreno – de aproximadamente 900 metros quadrados – tinha sido dividido em três partes, pela administração Nice, e doado a outros três empresários.
Na quarta-feira, 20, Antonio voltou à Prefeitura para entregar cópia da escritura do terreno para comprovar a propriedade do mesmo. A escritura, lavrada em outubro de 2012, foi registrada no Cartório do Registro de Imóveis de Jales em março de 2013. De acordo com informações extraoficiais obtidas pelo jornal A Tribuna, o caso já foi encaminhado ao setor jurídico da Prefeitura e deverá chegar à mesa do prefeito Pedro Callado nos próximos dias.
Empresário que recebeu terreno também ficou surpreso
Se, de um lado, o dono do terreno levou um susto ao encontrar os pedreiros trabalhando no local, de outro lado, o empresário que recebeu o terreno da administração Nice e já iniciou a construção de um prédio, também ficou bastante surpreso com a novidade. Ele foi avisado pelos pedreiros de que uma pessoa estivera no local dizendo ser o proprietário do terreno e, imediatamente, correu até a Prefeitura. “Eu estava almoçando quando me avisaram. Deixei a marmita de lado e fui lá na Secretaria de Planejamento. Por coincidência, o seo Antonio também estava lá. Nós conversamos e deu pra ver que ele não teve culpa de nada. Agora eu estou esperando uma orientação da Prefeitura. Sinceramente, quase nem tenho dormido direito, pois tudo que a gente tinha nós estamos investindo na construção”, disse o empresário ao jornal.
Ele disse, no entanto, que não quer saber de disputa com ninguém. “Eu confio no bom senso do nosso prefeito, o doutor Callado, que é um juiz aposentado e tenho certeza de que ele vai encontrar uma solução que possa ser boa para todas as partes. Eu só não posso é parar a construção, pois o material já está todo comprado”. Ele não confirmou qual o total gasto com o material e a mão-de-obra, mas disse que “só com o muro de arrimo, nós já gastamos uns R$ 20 mil”. Ao lado dele, sua esposa confirma que eles estão muito preocupados com essa situação. “Nós não podemos parar a construção, pois, de acordo com a lei municipal, nós temos prazo para iniciar e para concluir a obra. Agora, se a Prefeitura mandar parar, nós vamos parar. Somos gente simples e não gostamos de confusão com ninguém”, disse a mulher.
O casal possui uma sorveteria no centro da cidade e uma pequena fábrica de sorvetes no Jardim Eldorado, mas, antes disso, trabalhavam na zona rural. A mulher conta como tudo começou: “Nós começamos nesse ramo em 1982. Eu morava no sítio, a uns 15 quilômetros de Jales e gostava muito de ouvir rádio. Um dia, na rádio Assunção, anunciaram um curso pra quem quisesse aprender a fazer sorvete. Eu fiz o curso e gostei. No começo, eu fazia o sorvete lá no sítio e trazia pra casa do meu pai, que morava aqui na cidade e tinha um freezer. Ele que se encarregava de vender. Depois, nós decidimos vir pra cidade e montar uma sorveteria”.
O empresário conta que decidiu construir no Distrito Industrial para fugir do aluguel. “Eu fiz um projeto e entreguei na Prefeitura, pedindo um terreno no Distrito e, em outubro do ano passado, meu projeto foi aprovado. Lá onde estamos, nós pagamos aluguel e, além disso, já ficou pequeno. Nós fornecemos sorvete para algumas sorveterias aqui de Jales e de outras cidades da região e precisamos de mais espaço. A nossa fábrica gera nove empregos diretos, fora eu e minha mulher, e pode gerar mais empregos em um prédio maior”, conclui o empresário.