A administração do prefeito Flávio Prandi (DEM) foi criticada por vereadores de sua própria base aliada, durante a sessão da Câmara de segunda-feira, 05, em virtude das frequentes reclamações sobre falta de medicamentos de uso contínuo que são distribuídos de graça nas farmácias do Núcleo Central de Saúde e das unidades do programa Estratégia de Saúde da Família(ESF). A falta de medicamentos já foi alvo de reclamações de usuários da rede pública de saúde de Jales, conforme matéria da edição de 23 de abril passado, do jornal A Tribuna.
As novas críticas aconteceram durante a discussão de um requerimento dos vereadores Nivaldo Batista de Oliveira, o Tiquinho(PSD), e Adalberto Francisco de Oliveira Filho, o Chico do Cartório(PMDB), onde eles cobram respostas para a falta de medicamentos. Chico do Cartório, um dos autores dos questionamentos encaminhados ao prefeito Flá, pertence ao mesmo partido do vice-prefeito José Devanir Rodrigues, o Garça.
No documento, os dois vereadores citam “a intensa reclamação dos pacientes que procuram as unidades de saúde em busca de medicamentos sem, contudo, encontra-los”. Em seu discurso, o vereador Tiquinho afirmou que as reclamações são constantes e partem, principalmente, das pessoas mais humildes, que não tem recursos para comprar remédios. “É lamentável, mas as pessoas reclamam que está faltando remédios que nunca faltaram nos postinhos. Até fralda para os idosos está faltando”, lamentou Tiquinho.
Chico do Cartório confirmou que vem sendo procurado por pessoas que reclamam da falta de medicamentos e reiterou que “a falta desses remédios é um absurdo”. Ele disse, ainda, que chegou a procurar os responsáveis pela Secretaria Municipal de Saúde e que estes alegaram que o problema estaria nas licitações que estariam atrasadas. “Já entrei em contato com pessoas da Saúde, dizem que estão aguardando licitações (…). A gente vai ficar de olho nisso”, afirmou Chico. O vereador Vanderley Vieira dos Santos, o Deley (PPS) ainda tentou defender o prefeito Flá, mas foi interrompido por Tiquinho. “Essa sua atitude é ridícula. Tem momento para o senhor defender o prefeito, mas assim não dá….”, recriminou Tiquinho.
O vereador Tiago Abra(PP), crítico contumaz da administração Flá, não perdeu a oportunidade de fazer mais algumas críticas. “Essa falta de remédios reflete a falta de planejamento e organização da administração, além da falta de respeito”, vaticinou Abra. Segundo ele, o atraso na compra de remédios é injustificável, pois em cinco meses é possível fazer muita coisa. “Já estamos em junho e nada anda. É muita conversa, muito tapinha nas costas….”, concluiu o vereador.
Licitações serão concluídas até o final de junho
A assessoria do prefeito Flávio Prandi(DEM) informou que o processo para as compras dos medicamentos já está em andamento e classificou o atraso como normal. “É natural que no começo de um novo mandato as coisas demorem um pouco mais para engrenar, mas a Prefeitura já fez mais de dez licitações direcionadas à Secretaria de Saúde, inclusive para aquisição de fraldas geriátricas. Portanto, é estranho que se fale em falta de fraldas para idosos. Quanto aos medicamentos, as licitações serão concluídas até o final de junho. Nós estamos abrindo três licitações para compra de medicamentos da assistência farmacêutica, num total estimado em mais de R$ 1,3 milhão”, garantiu o assessor.
Ele ressaltou que a população tem razão em reclamar e que os vereadores também estão corretos ao desempenhar o papel deles de ouvir tais reclamações e cobrar a administração. “Nós reconhecemos que estão faltando medicamentos – sobretudo para diabetes e hipertensão – e estamos trabalhando para resolver essa questão, mas não custa lembrar que alguns desses medicamentos fazem parte do programa ‘Aqui tem Farmácia Popular’ e podem ser retirados nas drogarias cadastradas no programa apenas com a receita médica”.
Apenas três postos do ESF possuem farmácia
Os problemas de atendimento à população de Jales na área da assistência farmacêutica não se resumem apenas à falta de medicamentos. Faltam também profissionais farmacêuticos, o que já obrigou a Prefeitura a fechar pelo menos duas farmácias da rede municipal de saúde. Atualmente, além da farmácia do Núcleo Central de Saúde, apenas três postinhos do programa ESF possuem farmácia: Paraíso, Municipal e São Jorge. Os postinhos do Jardim Oiti e do JACB também já tiveram suas farmácias, que foram fechadas em virtude da falta de farmacêuticos.
“Essa é outra questão que o prefeito Flá precisa ver com mais carinho. Aquela região da cidade – que tem bairros populosos como o Arapuã, o Santo Expedito e o JACB – está crescendo bastante, com o aparecimento de novos bairros, como o “Pedro Nogueira” e o Nova Jales, e não é justo que aquela população tenha que vir até o centro da cidade para retirar medicamentos na farmácia do Núcleo Central. Se for o caso, que se faça um concurso para contratar farmacêuticos, pois a população precisa ser bem atendida”, argumenta o vereador Luís Rosalino (PT), que mora no Nova Jales.