O vereador Tiago Abra (PP) fez duras críticas à abertura de uma licitação – autorizada pelo prefeito Flávio Prandi (DEM) – que visa a aquisição de um veículo zero quilômetro para o gabinete do prefeito. As críticas foram feitas durante a sessão da Câmara, realizada na segunda-feira, 27, logo após discurso do vereador Vanderlei Vieira dos Santos (PPS), o Delei – líder do governo – em que ele solicitava a pavimentação de duas ruas do conjunto habitacional “João Batista Colodetti”. Abra aproveitou o discurso do colega para criticar a compra do carro e sugerir que o dinheiro investido na aquisição poderia ser melhor aproveitado se investido, por exemplo, na pavimentação das duas ruas.
As críticas de Abra não se limitaram, no entanto, à sessão de segunda-feira passada. O jornal A Tribuna apurou que ele pretende encaminhar, na sessão de amanhã, 03 de abril, um requerimento ao prefeito com alguns questionamentos sobre a aquisição do carro. No requerimento, o vereador argumenta que “diante das restrições financeiras do orçamento municipal de 2017, insuficiente para as demandas emergenciais de Jales, por que é prioridade a aquisição de um veículo de alto valor para o gabinete do prefeito?”.
No mesmo documento, Abra faz perguntas sobre a viagem a São Paulo, no final de janeiro, na qual o prefeito Flá sofreu um acidente ao retornar a Jales. O acidente – ocorrido na rodovia Washington Luís, nas proximidades de Catanduva, resultou na perda total do veículo que era utilizado pelo prefeito, um Vectra/2010 e em uma indenização de R$ 33 mil paga pela seguradora. O vereador pergunta, no requerimento, “por que o prefeito dispensou o motorista e conduzia pessoalmente o veículo na viagem em que ocorreu o acidente?”.
Ao jornal, o vereador disse que “o prefeito tem um motorista só pra isso, que, por sinal, ganha muito bem; por que, então, ele viajou sozinho?”. Abra, afirmou, também, que os motivos da viagem do prefeito a São Paulo não ficaram claros na ocasião. Por isso, em seu requerimento, ele quer saber, também, “quais assuntos o prefeito tratou em São Paulo?”. O vereador sugeriu, ainda, que “o prefeito podia vender o Vectra 2007/2008 que está utilizando atualmente, juntar o valor obtido aos R$ 33 mil pagos pela seguradora e comprar, com esse dinheiro, um veículo mais barato”.
Carro utilizado por Flá já tem dez anos de uso
O veículo que o prefeito Flávio Prandi (DEM) está utilizando para suas viagens é um Vectra 2007/08, que já tem quase dez anos de uso. O veículo pertencia à Câmara e foi doado à Prefeitura ainda durante o governo Parini. “Esse carro já deu o que tinha que dar. Ele sofreu três acidentes durante a administração da ex-prefeita Nice e algumas coisas – como o air-bag – já não funcionam mais. O prefeito está correndo risco de vida e o vereador em questão, pelo visto, está querendo que a cidade tenha uma nova tragédia, como aconteceu com o Guisso”, disse um assessor de Flá.
O carro novo
O edital do pregão presencial que visa a compra de um novo carro para uso do gabinete do prefeito Flávio Prandi já está disponível no site oficial da Prefeitura de Jales desde a semana passada. A abertura das propostas está prevista para o dia 05 de abril. De acordo com o edital, a Prefeitura está disposta a pagar até R$ 113, 8 mil no novo veículo, que, segundo o vereador Tiago Abra, pode ser um Corolla.
Ex-prefeita Nice tentou comprar carro de R$ 138 mil, mas não conseguiu
Em março de 2014, enquanto os servidores municipais discutiam a realização de uma greve para reivindicar reajuste salarial, a então prefeita Nice Mistilides(PTB) chegou a abrir uma licitação para a aquisição de um veículo zero quilômetro, mas acabou recuando depois da polêmica levantada pelo assunto. Na ocasião, a prefeita estava disposta a pagar R$ 138,1 mil pelo veículo novo, o que causou repercussão negativa até entre os vereadores aliados a ela.
Os oposicionistas, incluindo os então vereadores Júnior Rodrigues(PSB) e Gilbertão(DEM), não pouparam críticas a Nice e um deles – Luís Rosalino(PT) – chegou a procurar o Ministério Público para tentar suspender a licitação. No final das contas, o veículo acabou não sendo adquirido.
