Depoimentos prestados por dois funcionários da Câmara Municipal à Polícia Civil confirmaram a informação de que a vereadora Carol Amador (MDB) teria proferido ofensas racistas contra o vereador Deley Vieira (UB) durante conversa na copa do prédio do Legislativo. Os depoimentos se referem às investigações do Inquérito 2042080/2023 que apura denúncia de injúria racial que teria sido cometida pela vereadora. A zeladora confirmou a ofensa em depoimento à polícia e ao diretor administrativo da Casa de Leis. Outras testemunhas que ouviram a conversa devem ser ouvidas em breve.
Às 10h32 do dia 14 de fevereiro, a servidora municipal Gina Cláudia Zacarias da Silva, de 64 anos, dos quais 29 como servidora da Câmara, foi ouvida pelo delegado Ademir Gasques Sanches Junior, um escrivão de polícia e a advogada da vereadora.
Gina contou que em janeiro, durante o recesso parlamentar, a vereadora Carol Amador passou na Câmara Municipal, onde ela realizava seus serviços rotineiros e durante conversa rápida, a servidora perguntou sobre quem havia ganho a eleição para Presidência da Câmara. Nesse momento, Carol fez um comentário e saiu em seguida.
Gina disse que a conversa foi rápida, mas “imaginou” ter ouvido Carol dizer a palavra “gorila” para se referir ao vereador Deley. A conversa foi muito rápida e não se lembra exatamente qual foi o termo utilizado pela vereadora.
Presente na audiência, a advogada de Carol solicitou que fosse perguntado novamente à Gina se ela não se lembrava ou se não poderia afirmar que a vereadora teria dito a palavra “gorila”. A depoente reafirmou que, em sua lembrança, a palavra dita teria sido, sim, “gorila”, mas que foi algo muito rápido.
Apesar da aparente fragilidade da afirmação, Gina confirmou que após alguns dias, foi procurada pelo vereador a quem confirmou que a palavra usada pela vereadora foi “gorila”. Além disso, a confirmação também teria sido feita ao diretor administrativo da Câmara, Marco Antônio Zampieri. Ela negou que tenha sido pressionada pelo vereador.
O diretor prestou depoimento na mesma data e no mesmo local, às 11h06. Marco Zampieri declarou que entre o dia um ou dois de fevereiro, chamou Gina até sua sala para apurar sobre a denúncia feita por Deley Vieira. Deley perguntou a funcionária, se era verdade que Carol teria dito em conversa entre as duas que “ainda bem que aquele gorila não ganhou a eleição”.
Após titubear, relatou o diretor, Gina acabou confirmando a história, dizendo ainda que havia mais pessoas que teriam ouvido a conversa na cozinha. Posteriormente, Marco conversou sozinho com Gina, que lhe confirmou os fatos, mas disse que não se recordava exatamente da palavra utilizada pela vereadora.
A advogada de Carol solicitou que fosse realçado no depoimento o fato de que Gina teria mudado a versão e perguntou se Gina passava por tratamento de doença psicológica.
Marquinhos, como é conhecido, negou que Gina tivesse mudado de versão, mas apenas que não tinha certeza da palavra utilizada. Quanto ao tratamento de doenças, ele contou que a servidora ficou afastada cerca dois meses, no ano 2019, em razão de depressão, mas não sabia se atualmente ela fazia uso de medicamentos. Ainda segundo ele, Gina não comentou sobre qualquer situação de pressão ou coação por parte do vereador.
Deley Vieira também prestou depoimento. No dia 28 de fevereiro, ele ratificou o depoimento de Marquinhos, confirmando que Gina relatou ter ouvido Carol dizer a frase “ainda bem que este gorila não ganhou a eleição”.
Segundo Deley, ele ainda esperou alguns dias para procurar um advogado e se aconselhar, aguardando que a vereadora lhe procurasse para explicar os fatos, o que não ocorreu. Muito pelo contrário. Sem ser sequer citada, Carol Amador ainda disse, na tribuna da Câmara, que não lhe chamou de “gorila” e sim de “ogro”, falastrão e ignorante, “novamente lhe ofendendo”.
O processo foi instaurado no dia 10 de fevereiro e tem Ana Carolina Lima Amador figurando como investigada, Vanderley Vieira dos Santos, como vítima, e os servidores Marco Antônio Zampieri e Gina Claudia Zacarias da Silva, como testemunhas.
Até o dia 29 de março, Carol ainda não tinha sido ouvida e, como outras pessoas supostamente também teriam ouvido a conversa entre a servidora e a vereadora, além de que foi um terceiro vereador quem alertou Deley sobre a injúria, a justiça deve ouvir essas outras testemunhas. Ainda não há data para que isso ocorra.
Testemunhas confirmam que Carol Amador proferiu ofensa racista contra Deley
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