Segunda-feira, Novembro 25, 2024

Tema de redação do Enem coincide com dissertação de mestrado de historiador

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O atual e polêmico tema escolhido para a redação do Enem – Exame Nacional do Ensino Médio, “A Persistência da Violência Contra a Mulher”, aplicado no último dia 25, coincidiu com a tese de mestrado de Jony R. Ottoni, defendida no dia 8 de setembro em Caxias do Sul, no Rio Grande Sul. Ottoni é historiador, graduado em história pela Unijales e mestrado pela (UCS) Universidade de Caxias do Sul.

Orientado pela professora doutora Marília Conforto, abordou em sua tese o tema “Retratos da violência contra o sexo feminino através de fontes judiciais: análise de processos-crime”. Segundo o historiador, o estudo buscou fazer uma releitura dos processos-crime na cidade de Caxias do Sul/RS, na década de trinta do século passado, que envolveram a violência contra o sexo feminino. Tomando os processos-crime como fonte, foram escolhidos os que continham os crimes de defloramento, estupro e violência sexual. 

O trabalho teve como objetivo estudar a trajetória da mulher caxiense vítima de violência, com enfoque no contexto social, político, cultural e organizacional, verificando, assim, as relações de trabalho e poder, condições de vida, educacional, sexual. “É um estudo de suma importância, pois nos reporta para a realidade atual, melhorando, assim, a compreensão das relações existentes entre os sexos”, disse Jony. 

O trabalho realizou ainda um recorte sobre a legislação vigente na época em que ocorreram os crimes e abordou um breve histórico sobre os processos-crime catalogados em Caxias do Sul. O estudo permeou a formação da Comarca de Caxias do Sul, seus primeiros habitantes, a imigração italiana, bem como o papel da mulher caxiense na sociedade e como ela foi apresentada na história, por meio do discurso e da prática de submissão e dependência. “O estudo propôs a implantação, nas escolas, da temática de igualdade de gêneros e a abordagem do papel da escola como agente de transformação social”.

O ‘tema’ nas escolas

A temática escolhida por Jony é atual e de grande relevância, tanto que a “Violência Contra A Mulher”, foi o tema da redação do ENEM de 2015. Ottoni iniciou sua dissertação de mestrado com a frase de Boa Ventura de Souza Santos “Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades”. 

Ao realizar uma retrospectiva histórica da violência contra a mulher, lutas e conquistas o historiador enfoca que existem múltiplos recortes sociais e propõe decifrar os seus códigos e seus significados e trazer para o ambiente escolar um mundo fascinante de descoberta que poderá ser abordado com o enfoque na análise de processos-crime envolvendo a desigualdade de gênero, fazendo com que as esferas de relevância dos acontecimentos possam ser melhor analisadas a partir do modo de viver e de compreender a dinâmica da vida cotidiana dos espaços, casa, rua e outros mundos.

Segundo ele, a sala de aula é um excelente ambiente para serem utilizadas as melhores estratégias de prevenção e diminuição de comportamentos violentos no que tange à desigualdade de gênero. “Essa temática deve ser, abordada na escola pelos professores, principalmente porque não podemos nos esquecer de que esse é um assunto transversal, que atravessa as fronteiras disciplinares e auxilia, assim, no rompimento do ciclo de violências contra o sexo feminino”.

Ainda de acordo com Ottoni, “frente ao contexto mundial e diante da realidade brasileira encontrada, este cenário de violência respalda a sua proposta de implantação, nas escolas públicas e privadas de todo o país, de disciplinas, ou mesmo de conteúdos voltados à temática da diversidade e da violência de gênero, através de debates e discussões, visando, assim, a diminuição das relações conflitantes”. 

O historiador Jony Ottoni acredita que o tema da redação escolhido pelo ENEM deste ano buscou e provocou na sociedade debates e análises em torno da violência contra a mulher, que muitas vezes é velada na sociedade, pois as estatísticas demonstram que os números são bem maiores do que os divulgados, devido ao fato de que muitas mulheres, por medo ou por outros motivos, não fazem as denúncias. “O Enem veio contribuir para aumentar o debate na sociedade contemporânea desta temática, e isso fez e fará com que vozes cristalizadas sejam reveladas através desta exposição na mídia”, finalizou.

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