A vice-presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde e responsável pela subsede de Jales, Marta Alves de Carvalho, revelou durante a semana que fez uma representação junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT), em São José do Rio Preto, com denúncias contra o presidente do Sindicato, Aristides Agrelli Filho. A representação foi feita no início de fevereiro, mas ela só resolveu trazer a público as denúncias depois que o presidente enviou um ofício em que dispensa Marta de suas atividades junto ao Sindicato. “Eu vejo isso como uma perseguição, uma retaliação por causa das minhas denúncias”, disse Marta.
Na representação, Marta – que integra a diretoria do Sindicato há 26 anos – diz que o presidente nunca apresentou uma prestação de contas e que, nesse período, ela participou de apenas uma reunião. No documento, Marta conta que o Sindicato adquiriu um rancho em Três Fronteiras há cerca de três anos, mas apenas o presidente e a família desfrutam dele. “O rancho foi comprado com o dinheiro dos trabalhadores, mas eles não conseguem usufruir. Sempre que alguém pergunta sobre o rancho, o presidente diz que está em reformas”, diz a vice-presidente.
Ela contou, ainda, que decidiu levar as denúncias contra o presidente ao Ministério Público do Trabalho, depois de constatar que ele tinha vendido um prédio construído em Jales com recursos do Sindicato e dos trabalhadores. “Quando o prédio ficou pronto, ficou definido em Cartório que 50% dele pertencia aos funcionários da Santa Casa, que foram os que mais colaboraram com dinheiro para a construção, mas o presidente revogou essa cláusula em 2007 e vendeu o prédio em 2009, sem passar a parte dos funcionários. Eu venho contra essa situação desde 2009, mas só agora consegui reunir certidões e provas”, ressaltou Marta.
Ela afirma, também, que Aristides utiliza a caminhonete do Sindicato para fins particulares e que a entidade paga aluguel de sua sede, em Rio Preto, desnecessariamente, já que possui um imóvel próprio que está desocupado. Além de protocolar as denúncias junto ao Ministério Público do Trabalho, Marta ingressou também com uma ação na Justiça do Trabalho em Rio Preto, pedindo que o presidente Aristides seja afastado da direção da entidade. O pedido de liminar foi rejeitado, enquanto o mérito ainda será analisado pela 3ª Vara do Trabalho.
Presidente manda fechar subsede de Jales
Na segunda-feira, 10, a vice-presidente do Sindicato, Marta Alves de Carvalho, informou à imprensa que o presidente Aristides Agrelli Filho estaria em Jales para fechar a subsede localizada na Rua Três, nas proximidades da Santa Casa. O presidente não veio, mas mandou uma delegação de diretores do Sindicato para providenciar o fechamento. Nenhum dos diretores se dispôs a dar entrevista sobre o assunto. “Nada a declarar”, disse laconicamente uma diretora. Segundo informações repassadas ao jornal, Marta estaria ajuizando um mandado de segurança para impedir o fechamento da subsede.
Faxineira diz que foi “laranja” do presidente
Uma faxineira de São José do Rio Preto admitiu ao Ministério Público do Trabalho ter sido operadora de um suposto esquema de desvio de dinheiro do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde. O depoimento de Elaine Maria de Paula integra um inquérito aberto pelo procurador Tadeu Henrique Lopes da Cunha para apurar irregularidades na entidade. A investigação, que tramita sob segredo de Justiça, foi aberta depois de denúncias feitas pela vice-presidente, Marta Alves de Carvalho.
Elaine, que trabalhou no Sindicato de 1997 a 2006, confessou que – a pedido do presidente Aristides Agrelli Filho – recebia contribuições patronais feitas por hospitais e clínicas médicas em uma conta corrente dela. “Quando eram feitos os depósitos eu era avisada de que naquele dia havia ‘trabalho de banco’ e, então eu sacava o dinheiro e colocava na gaveta da mesa do presidente”, disse Elaine, que não soube estimar os valores supostamente desviados. Ela entregou pilhas de comprovantes de contribuição sindical, sendo que a maior parte dos valores declarados nos papéis não teria ingressado no caixa da entidade.