O Brasil está no limite da governabilidade. A inconformidade com o resultado eleitoral, as denúncias de corrupção, as medidas governamentais contrárias a interesses localizados, a frustração diante de expectativas não realizadas, são fatores que levam ao clima de descontentamento, que se traduz em inquietações generalizadas, com risco de graves equívocos, que colocam em risco a normalidade democrática e a estabilidade constitucional.
Diante disto se faz necessária uma redobrada atenção, para não agravarmos a situação com atitudes precipitadas, inviabilizando as soluções mais adequadas.
Neste contexto, emerge com evidência um critério a ser seguido com absoluta prioridade: o respeito à ordem constitucional. Pois só a garantia constitucional pode assegurar a validade do procedimento democrático que permite avançar soluções viáveis e consensuadas.
Em consequência, devem ser esconjuradas todas as tentativas de quebra constitucional. O zelo pela democracia nos impele a rejeitar com firmeza toda tentativa de golpe.
Portanto, fora o golpe, e fora todas as manobras que induzem a ele!
Pois na verdade, o clima de tensão e de anseio pela superação da crise, podem nos levar a apoiar posições que escondem a intenção de provocar a instabilidade, e assim encontrar respaldo para medidas de exceção, com legalidade aparente e forjada.
Assim como no futebol, a pior jogada é fazer gol contra, nas manifestações o risco é colocar-nos do lado errado, apoiando procedimentos que levam para decisões equivocadas e induzidas por sofismas políticos.
É preciso estar atentos, para não sermos instrumentalizados, como já aconteceu em nossa história, com manifestações que encobriam o claro propósito do golpe, que depois acabou se efetivando, com pesadas conseqüências que deixaram marcas negativas em nossa história.
Que nestes dias ninguém se deixe fazer a cabeça por quem quer utilizar nossos protestos para suas segundas intenções de quebra da legalidade.
As manifestações podem trazer um apelo positivo, de convocação para todos contribuirmos com nossa atuação democrática.
Elas podem mostrar a importância de nossa participação cidadã, e a urgência da agilidade que agora se requer de todas as esferas estatais.
Esta é outra constatação evidente. O país não pode ficar paralisado, cada qual olhando para a inércia do outro.
Esta é a realidade: os problemas abarrotam a agenda dos Três Poderes, e se requer agora um esforço redobrado, para dar andamento rápido a todas as providências, sem que um Poder impeça o outro de agir com a devida rapidez que a situação requer.
Em especial, que o Judiciário julgue logo os casos que lhe são apresentados, dando pleno direito de defesa a todos os acusados, como estabelece a lei.
Que o Congresso Nacional saia do seu marasmo, e defina as questões que estão pendentes há tempo.
E que o Governo Federal acelere as providências que lhe cabe executar, com agilidade e eficácia.
Ao contrário de paralisia, rapidez e colaboração mútua!
Que os sentimentos de patriotismo redefinam o rumo e o sentido das manifestações populares. Assim poderemos fazer da crise um novo impulso para a participação de todos na construção do Brasil que queremos, democrático, justo e fraterno.