A CNBB lançou o Ano Nacional do Laicato, com início oficial no Domingo de Cristo Rei do ano de 2017, até o Domingo de Cristo Rei de 2018.
Esta iniciativa da CNBB reflete um fato muito significativo. As grandes intuições do Concílio vão sendo retomadas aos poucos, para serem inseridas de maneira mais orgânica e consistente, na caminhada da Igreja em nosso tempo.
De acordo com os passos que a Igreja vai dando, emerge algum aspecto do Concílio que serve de referência esclarecedora, possibilitando avanços firmes e consistentes.
Com certeza, assim será também com este “Ano Nacional do Laicato”.
Diversos episódios ressaltam a importância da vida e da missão dos leigos e leigas na Igreja.
Em termos de documentos, temos em primeiro lugar o Capítulo II, da Lúmen Gentium. Ele não estava previsto no esquema preparatório do Concílio. Foi introduzido ao longo dos debates conciliares, quando estava em jogo uma visão de Igreja que fosse “inclusiva”, e não decorrente da dicotomia entre “clero e leigos”.
Foi evocada, então, a noção bíblica de “Povo de Deus”, como a mais adequada para fundamentar a identidade cristã que envolvesse a todos, tanto leigos como os religiosos e os membros da hierarquia.
Em seguida, a condição dos leigos mereceu todo o capítulo IV da Lúmen Gentium, onde o Concílio começa a tratar dos “fiéis” que são denominados leigos.
Ainda dentro do contexto conciliar, temos o Decreto sobre os Leigos, que levou o nome de Apostólicam Actuositatem, onde se descreve de maneira mais detalhada a importância dos leigos.
O impacto mais salutar do Sínodo sobre os Leigos, foi a mudança semântica que ele produziu. Se falava sempre em “leigos cristãos”, onde a palavra substantiva era “leigo”, e a palavra qualificativa era “cristão”. A ênfase ficou invertida. Em vez de “leigos cristãos”, se passou a falar em “cristãos leigos”, para ressaltar que os leigos, em primeiro lugar, são “cristãos”, que assumem sua vocação e missão na forma leiga de viver esta vocação e missão cristã.
A Quarta Conferência Geral do Episcopado Latino americano, realizada em Santo Domingo em 1992, fez eco a esta caminhada, assumindo pela primeira vez, e com insistência, a expressão que falava do “Protagonismo dos leigos”, para explicitar que os leigos, pelo fato de serem plenamente cristãos, têm na Igreja um espaço próprio, também de iniciativas, para empreenderem ações evangelizadoras, sobretudo em ambientes que são mais próprios da vivência dos cristãos leigos.
Podemos agora evocar outro momento especial, vivido pela Igreja da América Latina. Trata-se da Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino Americano, realizada em Aparecida.
A síntese dogmática e operativa desta Conferência ficou muito bem identificada e expressa, ao afirmar que, na Igreja, independente da vocação específica de cada um, todos somos “discípulos missionários de Jesus Cristo”.
É em comunidade que somos discípulos missionários de Jesus Cristo.
Deus é comunhão. A Igreja é reflexo desta comunhão. Como membros de nossa comunidade, participamos do mistério de Deus, e o propagamos por nossa missão.