O Comitê Municipal de Mobilização Contra a Dengue, presidido pelo ex-vice-prefeito Clóvis Viola, reuniu-se na quinta-feira, 21, na sala de reuniões do gabinete do prefeito Pedro Callado, que também participou do encontro. O objetivo, segundo explicou Clóvis, era discutir medidas urgentes de combate ao mosquito Aedes Aegypti, que, além da dengue, é também o transmissor do Zika Vírus e da Febre Chikungunya. Ele ressaltou que a cidade já vive a situação de epidemia. “Nós já chegamos aos 150 casos confirmados e, tecnicamente, já estamos em epidemia. Falta apenas o Estado declarar a situação de epidemia em Jales. Se nada for feito, a situação tende a se agravar. Agora nós temos também esse problema do zika vírus que está preocupando muita gente, principalmente as mulheres grávidas”, disse Clóvis.
Uma das integrantes do Comitê, Maria Aparecida Moreira Martins, servidora estadual do grupo de vigilância epidemiológica, lembrou que o combate ao mosquito deve ser permanente e lamentou que a equipe de agentes de endemias de Jales esteja incompleta já há algum tempo. Ela elogiou o esforço da equipe de combate ao mosquito, mas ressaltou que não é possível realizar um bom trabalho com o time incompleto. “A cidade tem 24.000 imóveis e a equipe precisaria ter, no mínimo, 24 agentes, mas nós sabemos que não tem nem a metade disso. Nós entendemos as dificuldades da Prefeitura, mas acho que a saúde tinha que ter prioridade”.
Ela lembrou, ainda, que os postos do programa de Saúde da Família – os ESF – também poderiam ajudar no combate ao mosquito, mas as equipes estão igualmente incompletas. “Faltam agentes de saúde; as enfermeiras estão sobrecarregadas, fazendo mais de uma função. Além disso, as gerentes das unidades, que também ajudavam, foram demitidas”, disse Maria Aparecida.
O prefeito Pedro Callado entendeu o recado de Maria Aparecida e contra-argumentou. “Nós entendemos todas as críticas como válidas, mas eu lembro que o problema com o Aedes é um problema nacional, não é um problema só de Jales ou só da nossa Prefeitura. Na verdade, o governo federal e o governo estadual tinham que oferecer melhores condições e contribuir mais com os municípios, pois a questão da dengue acaba sempre no colo dos prefeitos. A população não vai reclamar com o governador ou com a presidente ou com o ministro da Saúde. Quem ouve as reclamações somos nós. Isso não quer dizer, porém, que não devemos fazer a nossa parte. Isso nós vamos fazer”, disse o prefeito.
E coube à secretária de Saúde, Patrícia Albarello e à servidora Vanessa Luzia da Silva, responsável pela divulgação das ações contra o Aedes, explicarem qual seria a parte da Prefeitura. “Nós já estamos iniciando um processo para a contratação de pelo menos 30 novos agentes de endemias, através de uma empresa terceirizada, mas isso deve demorar algum tempo. Mas isso é apenas parte do que precisamos fazer”, disse Patrícia. A contratação será feita exclusivamente com recursos do município. “Não vai ter um centavo do governo estadual ou do governo federal”, ressaltou o prefeito Callado.
Patrícia destacou que o Comitê de Mobilização deverá realizar nos próximos meses pelo menos mutirões de combate ao Aedes. “A ideia era realizar mutirões nos dois últimos finais de semana de janeiro, fevereiro e março. Acredito, porém, que só vai ser possível iniciarmos essa ação no último final de semana de janeiro”. Para isso, Patrícia conta com a ajuda de voluntários. “Nós vamos procurar os clubes de serviços, as igrejas, etc, para conseguirmos a colaboração de voluntários. Sem eles, seria impossível esse tipo de ação. A ideia é que tenhamos, em cada final de semana, pelo menos 40 voluntários”, afirmou Patrícia.
Em princípio, os mutirões de limpeza estão marcados para 30 e 31 de janeiro, 20, 21, 27 e 28 de fevereiro; e 19, 20, 26 e 27 de março.
Cidades da região já vivem epidemia
Pelo menos uma em cada dez cidades paulistas já vive epidemia de dengue, três meses antes do período de pico da doença, registrado historicamente em abril. Segundo estatísticas divulgadas na segunda-feira, 18, pelo Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde mostram que 67 dos 645 municípios do Estado já começaram o ano convivendo com uma epidemia de dengue. Algumas dessas cidades estão localizadas na nossa região: Dolcinópolis, Vitória Brasil, Rubineia e Cosmorama.
O levantamento mostra que, em 2015, o Estado registrou o pior surto de dengue da história, com 649.562 casos confirmados e 454 mortes em decorrência da doença, quadro que poderá se agravar em 2016. A situação é preocupante em cidades como Ribeirão Preto, São José dos Campos, São José do Rio Preto, Presidente Prudente, Ilhabela e Sorocaba. Em Ribeirão Preto, além dos 4.000 casos de dengue notificados até o dia 18 de janeiro, já houve também 72 notificações de casos suspeitos – 04 dos quais já foram confirmados – do zika vírus, e 02 casos de chikungunya.