As chuvas que caíram há duas semanas só fizeram aumentar um dos maiores problemas que a administração Callado enfrenta: os buracos no asfalto. Por conta da água que caiu sobre Jales e das péssimas condições do asfalto, o número de buracos espalhados pela cidade é cada vez maior, assim como a quantidade de reclamações de moradores, que aumenta proporcionalmente. O servente de pedreiro Valdecir, por exemplo, disse que aposentou sua bicicleta. “Andar pelas ruas de Jales, de bicicleta, está cada vez mais perigoso, por causa dos buracos. Eu estou preferindo andar a pé, se bem que mesmo assim a gente corre o risco de se machucar em um buraco”, alega Valdecir.
Para quem tem carro, a locomoção pelas ruas de Jales também não está fácil. “A vida só está boa para as oficinas mecânicas e para as lojas de autopeças. Eu mesmo já tive que trocar o amortecedor do meu carro duas vezes, por conta dessa buraqueira”, disse o eletricista Antonio Carlos. Inconformado, ele pergunta: “E aqueles R$ 4 milhões do empréstimo que o doutor Callado conseguiu no governo estadual, onde é que estão? Ouvi dizer que a Prefeitura já começou a pagar as parcelas do empréstimo, mas até agora não nenhuma melhoria nas ruas…”, reclama o eletricista.
O secretário de Planejamento, José Magalhães Rocha, desmente que as parcelas já estejam sendo pagas. “Na verdade, esse dinheiro só vai ser liberado quando a Prefeitura contratar a empresa que vai executar o serviço. É um dinheiro que nem vai passar pelas contas da Prefeitura, pois ele vai ser liberado direto pra empresa, à medida que o serviço for sendo executado. E só depois de noventa dias que ele começar a ser liberado é que a Prefeitura pagará a primeira parcela dos juros. Serão quatro parcelas trimestrais de mais ou menos uns R$ 180 mil e só depois disso é que o município começará a pagar o capital, em parcelas mensais”, explicou Magalhães.
Ele não quis arriscar um palpite sobre quando a Prefeitura conseguirá finalizar a licitação e contratar a empreiteira para executar o recape. “A licitação já foi aberta duas vezes e, como a imprensa já divulgou, foi suspensa pelo Tribunal de Contas para correções no edital”. No setor de licitações, também não é possível obter informações sobre o início dos serviços de recape que serão executados com os R$ 4 milhões do empréstimo. “Nós já enviamos a nossa defesa para o Tribunal de Contas e agora temos que esperar o que o conselheiro vai decidir. Enquanto ele não disser o que teremos que fazer, não podemos adiantar nada. Só nos resta esperar…”, disse um dos servidores do setor.
Tapa-buracos: Prefeitura ainda não pagou produtos comprados em julho
Se de um lado as perspectivas de começar o recape de algumas ruas ainda estão um tanto quanto distantes, de outro lado, a possibilidade de a administração Callado reiniciar a chamada operação tapa-buracos praticamente não existe. Depois de fazer uma licitação para aquisição de R$ 612 mil em produtos asfálticos para a realização de uma operação tapa-buracos, a municipalidade chegou a comprar três remessas de produtos, num total de R$ 154 mil.
As duas primeiras compras, realizadas em maio, foram pagas em junho à empresa fornecedora – a Companhia Brasileira de Asfalto da Amazônia – mas a terceira compra, de R$ 50,5 mil, realizada em julho, ainda não foi paga pela Prefeitura. O pagamento deveria ter sido feito no início de agosto, mas até o final de outubro a fatura enviada pela empresa encontrava-se pendente. Tudo indica que, transcorridos três meses do vencimento, ela não será paga neste início de novembro, o que revela que a Prefeitura não parece disposta a comprar mais produtos para recomeçar a operação tapa-buracos ainda neste final de ano.
Enquanto isso, moradores de alguns bairros – como o Jardim América – já perderam as esperanças de ver os buracos das ruas sumirem antes das festas de fim de ano. “Eu já combinei com alguns parentes de Americana e vou passar o Natal e o Ano Novo por lá, com a família. Na verdade, já passei o último fim de ano lá em Americana e agora era a vez de eu receber os parentes aqui em Jales, mas eu estou com vergonha de recepciona-los numa cidade tão esburacada. A minha rua, por exemplo, está intransitável. A Prefeitura deveria interditá-la, antes que algum motoqueiro se mate num desses buracos”, resumiu um morador da Rua Jales.