A se julgar pelas entrevistas radiofônicas do prefeito de Urânia, Francisco Airton Saracuza, o vizinho município é um dos raros casos de finanças equilibradas, entre as prefeituras da região noroeste paulista. Além de equilibrada financeiramente, a Prefeitura de Urânia não tem, aparentemente, problemas com o asfalto da cidade. O prefeito Saracuza – que esteve na Praça do Jacaré, na sexta-feira, para agradecer pessoalmente os recursos liberados pelo governador Alckmin – não se cansa de dizer que as ruas de Urânia não têm problemas com buracos, bem ao contrário, por exemplo, de Jales.
Não deve ser, portanto, por conta de problemas financeiros que a Prefeitura de Urânia – uma das 16 integrantes do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região de Jales, o Consirj – está inadimplente com os cofres do consórcio. Em 2015, enquanto a maioria dos 16 municípios encontra-se em dia com o consórcio, Urânia pagou apenas uma das nove contribuições mensais vencidas. O valor nem é tão expressivo, o que torna ainda mais inexplicável o calote aplicado pela Prefeitura de Urânia. No total, a dívida deste ano é de R$ 77,7 mil, correspondente a oito parcelas mensais de pouco mais de R$ 9,7 mil.
O Consirj é mantido com recursos oriundos das contribuições mensais repassadas pelos 16 municípios da região, sendo que a Prefeitura de Jales é responsável por 70% das despesas do consórcio. Neste ano, enquanto a população de Jales – ao contrário dos uranienses – sofre com os buracos no asfalto, a Prefeitura do município já repassou R$ 5,4 milhões para manutenção do Consirj, ou 569 vezes o valor repassado por Urânia. A má vontade do prefeito Francisco Airton Saracuza com o Consirj não é, no entanto, recente. Desde 2013 que a Prefeitura de Urânia vem atrasando pagamentos.
Contribuições para Coreca e Santa Casa também estão atrasadas
O Consirj não é o único consórcio que está encontrando dificuldades para receber as contribuições mensais devidas pela Prefeitura de Urânia. O Coreca – Consórcio Intermunicipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – é outra vítima da má vontade do prefeito de Urânia. Em 2015, o vizinho município já deveria ter pago R$ 36,1 mil ao Coreca, mas, até setembro, tinha pago apenas R$ 7,2 mil. Da mesma forma, os repasses para a Santa Casa de Jales também estão em atraso. Nesse caso, a inadimplência é ainda mais inexplicável, uma vez que a contribuição mensal de Urânia para a Santa Casa de Jales é de minguados R$ 1,6 mil mensais. Mesmo assim, a dívida referente às contribuições de 2015 já passam de R$ 10 mil.
