Desde maio deste ano que a Prefeitura de Jales conta com um profissional do Programa “Mais Médicos” atendendo na unidade do ESF “Roque Viola”, mas o assunto não chegou ao conhecimento da imprensa local e, segundo informações, nem mesmo a Secretaria Municipal de Comunicação tinha conhecimento do fato. O prefeito Pedro Callado assumiu a responsabilidade pela falta de comunicação.
“Na verdade, eu não entendia porque Jales não estava cadastrada no ‘Mais Médicos’, que é um excelente programa. Então eu pedi para o pessoal da Saúde fazer a nossa inscrição no programa e nós acabamos conseguindo, para nossa felicidade, um médico – que é de Fernandópolis – mas estávamos tão ocupados com outros problemas que o assunto passou batido. A falha foi minha”, contemporizou o prefeito. Antes, a secretária de Saúde, Patrícia Albarello, já tinha dado uma versão parecida. “Foi algo feito na última hora e tudo aconteceu tão rápido que nós, realmente, não tivemos essa preocupação com a questão da divulgação”.
A falta de divulgação causou estranheza, uma vez que em outras localidades a chegada de profissionais do “Mais Médicos” foi destaque na imprensa. Em Fernandópolis, por exemplo, a chegada de seis médicos cubanos, em abril de 2014, foi festejada pela prefeita Ana Matoso Bim(PSD), que convocou a imprensa e o seu secretariado para recepcionar os profissionais. No caso de Jales, o médico não é cubano. Morador de Fernandópolis, ele é brasileiro mesmo e atende pelo nome de Jaison Higino Micas. Ele trabalha oito horas diárias, de segunda a quinta-feira, no ESF “Shiguero Kitayama”, no conjunto Roque Viola. Na sexta-feira, por uma exigência do “Mais Médicos”, ele se dedica aos estudos e à troca de experiências com outros médicos do programa.
Prefeitura gasta quase R$ 3 milhões/ano com médicos
contratados
De acordo com fontes da Prefeitura, a economia para o município com a contratação de apenas um profissional do programa “Mais Médicos” pode chegar a R$ 20 mil mensais, uma vez que ele está sendo pago pelo governo federal. “Se tivéssemos feito a nossa adesão há mais tempo e conseguido mais profissionais – como Fernandópolis, que conta com seis médicos – a economia para os cofres municipais teria sido muito maior, coisa de R$ 1 milhão por ano”, diz um assessor do prefeito.
Em fevereiro de 2014, quando o governo federal lançou a primeira etapa do programa, pelo menos 34 cidades da região de São José do Rio Preto – inclusive Votuporanga, Fernandópolis e Santa Fé do Sul – se cadastraram para receber profissionais do “Mais Médicos”, mas Jales não demonstrou interesse. À época, a assessoria da então prefeita Nice Mistilides alegou que não adiantaria se cadastrar, pois a cidade dificilmente receberia profissionais do “Mais Médicos”, uma vez que todos os postos de Saúde do município já contavam com médicos contratados.
Atualmente, o município possui pelo menos 20 médicos atendendo nas unidades do programa Estratégia de Saúde da Família e no Núcleo Central de Saúde. Eles foram contratados através de 15 empresas, depois de processos licitatórios, e custam para o município, pouco menos de R$ 3 milhões por ano. O maior contrato, no valor de R$ 415 mil, foi firmado com a Rodrigues da Rocha Serviços Médicos Ltda, que fornece três médicos para o município. Alguns dos 20 médicos contratados são ginecologistas ou pediatras, mas a maioria é de generalistas, que atuam na atenção básica e poderiam ser substituídos por profissionais do “Mais Médicos”.