Anunciado com grande alarde como algo que iria fazer baixar a inflação ou como um presente do novo governo federal à população, a redução do preço da gasolina e do diesel nas refinarias da Petrobrás não provocou nenhuma redução nos preços praticados pelos postos de combustíveis de Jales. Muito pelo contrário, os preços da gasolina que variavam de R$ 3,40 a R$ 3,50 na semana passada, antes do anúncio feito pelo governo, já tinham aumentado para valores entre R$ 3,50 e R$ 3,58, na sexta-feira, 21.
O proprietário de um dos postos bandeirados da cidade explicou que “só nos grandes centros, onde o preço está alto é que poderia haver alguma redução, mas mesmo assim muito pequena. Aqui em Jales, os preços da gasolina já estão entre os menores do Estado e não poderiam baixar mais. A alta desta semana, aqui em Jales, é para recompor um pouco as perdas dos postos nos últimos meses”.
Segundo o empresário Osmar Dias, do Posto Espacial, “a redução foi dada para as Refinarias, mas até hoje não houve nenhuma redução para os postos por parte das Distribuidoras. Estamos pagando o mesmo preço. A redução da gasolina foi engolida pela alta do etanol, cujos preços aumentaram bastante nos últimos quinze dias. A gasolina comum tem 27% de etanol na sua composição”, explicou Osmar. Ele imagina, no entanto, que o óleo diesel deverá baixar um pouco. “É provável que o preço do diesel diminua alguns centavos, mas, se isso acontecer, vai ser só no mês que vem”, calcula o empresário.
Para Osmar, a “guerra de preços” iniciada em setembro de 2015, em Jales, está trazendo muitos prejuízos aos proprietários de postos. “Sei de posto que perdeu de R$ 200 mil a R$ 300 mil em um ano. Está ficando cada dia mais difícil. O etanol, por exemplo, está sendo vendido quase a preço de custo. Não bastasse essa guerra de preços, ainda temos o problema da legislação que está cada vez mais exigente. Agora mesmo, vamos ter que começar a usar papel descartável em lugar de pano ou estopa”.
Se, de um lado, o preço da gasolina aumentou alguns centavos, de outro lado, o preço do etanol disparou no último mês. Há trinta dias, o combustível podia ser encontrado em Jales a R$ 2,09. Na sexta-feira, o menor preço do etanol era de R$ 2,50, mas em alguns postos ele já tinha chegado a R$ 2,58. “A tendência é aumentar mais ainda. O preço está subindo antes mesmo de acabar a colheita da cana. Quando a colheita acabar, o preço vai estar acima de R$ 3,00”, avalia o proprietário de um posto que estava vendendo o etanol a R$ 2,55.
Segundo o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, as elevações constantes no preço do etanol nas últimas semanas são justificadas por diversos fatores. “Primeiro tivemos problemas durante o período de formação da cana-de-açúcar, que vai de janeiro a maio, mais ou menos. Em abril, não tivemos chuva nenhuma. Em maio, tivemos muita, o que é bom para a planta, mas dificulta a colheita. Depois, tivemos três geadas, inclusive no interior de São Paulo, o que afetou a produtividade dessas canas”, afirma.
Apesar de os preços do etanol e da gasolina estarem subindo, o consumidor jalesense ainda é um dos mais privilegiados da região. Graças à tal “guerra de preços”, que já dura mais de um ano, os combustíveis vendidos em Jales continuam entre os mais baratos do estado. “Em Rio Preto, a gasolina já está a R$ 3,70 e um cliente nosso disse que em Araçatuba tem posto vendendo a R$ 3,80”, garantiu o frentista de um posto da cidade.