Na Etec de Jales desde 2007, o professor de informática Willians Pizolato galgou todos os degraus da hierarquia até ser eleito diretor da instituição. Isso mesmo: para ser diretor da Escola Técnica de Jales (Dr. José Luiz Viana Coutinho) é preciso passar por uma eleição. Neste ano, Willians concorre à reeleição para mais um mandato de dois anos, que não poderão ser mais renovados. Ele é o nosso Personagem da Semana.
A Tribuna: Quantos alunos aproximadamente estudam na Etec Jales?
Willians Pizolato: No total temos 1010 alunos. São aproximadamente 320 no prédio rural, nos dois turnos, manhã e noite, e aqui no Prédio Urbano mais uns 650, além dos que estudam escolas parcerias nas outras escolas.
A Tribuna: Desde quando você está na Etec?
Willians Pizolato: Em 2007 entrei como professor, depois fui para coordenador de curso, Direção acadêmica, em 2012 voltei para a sala de aula, em 2013 voltei para a diretoria administrativa e em 2016 concorri a direção de diretor da Etec de Rio preto. Depois em 2019 concorri para diretor em Jales e fui eleito. No fim do ano concorro à reeleição.
A Tribuna: A Etec Jales é dividida em dois núcleos, né?
Willians Pizolato: É uma única escola com dois prédios. O prédio rural e o prédio urbano que funciona aqui no antigo DOC. A administração fica lá na chamada Escola Agrícola, no prédio rural.
A Tribuna: Me parece que é bem dividido. Lá os cursos são da área agrícola e aqui vamos dizer, os mais urbanos mesmo?
Willians Pizolato: Isso, aqui os mais voltados para a gestão, como se fosse uma escola industrial, e lá funcionam os cursos da área agrícola.
A Tribuna: E a obra dos novos laboratórios na escola agrícola, como estão?
Willians Pizolato: Construímos um laboratório de bovinocultura que é um curral com uma estrutura de ordenha mecânica junto com uma sala de aula integrada para aulas práticas. As obras de engenharia civil já estão prontas e agora estão chegando os equipamentos, mas a parte de curral a gente já utiliza. Já temos os equipamentos instalados e fazemos uso do ambiente. Mas nessa obra também tinha outras atividades, então foi construída a rede de esgoto e a escola não usa mais as fossas antigas. O prédio é todo canalizado e o esgoto vai para uma canalização que a Sabesp construiu na estrada de terra. E as reformas dos banheiros e de ampliação da rede elétrica e os alojamentos também estão incluídas nessa obra.
A Tribuna: O valor total?
Willians Pizolato: Foi orçada em R$ 2,5 milhões, mas chegou a R$ 3 milhões por conta dos aditivos.
A Tribuna: Me parece que teve alguma coisa relacionada a higiene por causa da ordenha.
Willians Pizolato: Sim. O processo de ordenha, como é mecânico por sucção, é preciso fazer a higienização do equipamento, mas não pode descartar de qualquer maneira, então vai para a rede de esgoto para que a Sabesp faça o tratamento adequado.
A Tribuna: Muita gente não sabe, mas a escola tem alojamentos, né?
Willians Pizolato: Atendemos alunos de 44 municípios. São alunos daqui de Jales e de municípios do entorno, que vão e voltam todo dia. Tem alunos que vem na segunda-feira e voltam na sexta e tem alunos de municípios mais distantes que ficam dois ou três meses sem ir pra casa, então ficam lá no alojamento, praticamente morando lá porque tem refeição, segurança e alojamento.
A Tribuna: O “longe” que você fala é quanto?
Willians Pizolato: Tem alunos que moram a 450 quilômetros daqui.
A Tribuna: E como descobrem a Escola Técnica de Jales?
Willians Pizolato: A escola conquistou uma reputação muito grande. Então as principais fazendas produtoras de grãos do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais utilizam muito dessa mão de obra qualificada que desenvolvemos aqui e o próprio empregador recomenda que o aluno venha fazer o curso aqui com a gente para depois poder fazer a contratação. Hoje temos vagas em aberto de Chapadão do Sul, Chapadão do Céu que a gente não consegue preencher. E temos os parceiros locais também. Recentemente a Usina Colombo e o Frigo Estrela fizeram um processo de captação de trabalhadores aqui com a gente, então a gente sempre consegue dar uma boa empregabilidade aos nossos alunos.
A Tribuna: Então, ainda que não tenha empregabilidade garantida, o certificado de um curso da Escola Agrícola de Jales dá um peso importante ao profissional?
Willians Pizolato: Sim, a gente tem essa reputação e esse cuidado. Temos um setor da escola que fica focado nas vagas de estágio e de emprego e está sempre participando do processo de contratação. Realmente não dá pra garantir a empregabilidade, mas o esforço nesse sentido é muito grande e a efetividade, o resultado também.
A Tribuna: Ainda assim, vocês têm encontrado dificuldade de fechar algumas turmas?
Willians Pizolato: Temos algumas turmas dos cursos mais voltados para a área de gestão, porque acabamos antecipando esses alunos com os cursos integrados. Quer dizer: todo ano nós formamos alunos diretos do curso de administração integrado ao ensino médio, só que temos cinco escolas estaduais com cursos técnicos em parceria conosco. E aí acaba havendo uma antecipação desse aluno que viria para o curso noturno. O aluno que sai do ensino médio poderia vir pra cá, mas ele já estava fazendo o curso integrado enquanto ele estava no ensino médio.
A Tribuna: E como vocês decidem quais cursos serão implantados?
Willians Pizolato: Fazemos uma análise de demanda do mercado de trabalho local para propor a abertura de novas turmas para o Centro Paula Souza. Foi o caso do curso técnico em Veterinária, que está funcionando muito bem no prédio rural. O de enfermagem é um curso que tem mais de 90% de empregabilidade e sempre com mais de 3 candidatos por vaga no Vestibulinho.
A Tribuna: E a evasão, como está?
Willians Pizolato: O nosso índice de evasão nos cursos integrados ao ensino médio é pequena, cerca de 5% em média. Os cursos modulares chegam a uma taxa acumulada de 30% a 40%, uma taxa alta.
A Tribuna: Quais são os pretextos usados pelo aluno para deixar o curso?
Willians Pizolato: A gente faz uma pesquisa para saber os motivos e são os mais diversos. Dizem que têm que dar atenção para a família, estão cansados do trabalho etc. Os alunos dos cursos noturnos são em maioria adultos que têm outras responsabilidades que acabam abandonando por conta dessas condições participares. Então a gente acaba oferecendo algumas facilidades, como servir a refeição às 18h30, pedimos aos professores para não trabalhar com muita atividade em casa pra não tomar o tempo deles na família, mas sempre tem o mínimo de estudo que precisa ser obedecido.
A Tribuna: Existe reclamação de que o aluno ficou muito tempo fora da escola e não consegue pegar o fio da meada novamente?
Willians Pizolato: Sim, existe, mas também existe o outro lado. Temos cursos da área de gestão com vários alunos de idade acima de 50 anos que procuram o curso para se reciclar. É bacana ver esses alunos voltando pra escola. Eles têm algumas dificuldades, mas são situações que a gente tenta facilitar a vida deles.
A Tribuna: Acabou aquele problema com alimentação?
Willians Pizolato: Acabou porque rompeu o convênio com a Prefeitura e agora a alimentação é preparada aqui. Não que fosse ruim, mas antes não tínhamos equipe para atender a nossa demanda de refeição dos alunos. Hoje, por exemplo, temos mais de 300 alunos que estudam no período noturno e que antes não tinha atendimento de refeição.
A Tribuna: A refeição vem pronta?
Willians Pizolato: Não, a gente recebe os gêneros alimentícios do Governo do Estado e tem uma equipe aqui que prepara. São três cozinheiras que preparam, e como tudo vem fresquinho e elas preparam com muito carinho, os alunos são bem servidos.
A Tribuna: Antes não tinha a preparação? Eles só entregavam os alimentos?
Willians Pizolato: Sim. E não tinha para o período noturno, só de dia.
A Tribuna: Qual a principal dificuldade que vocês enfrentam no dia a dia?
Willians Pizolato: Em termos de equipamento estamos bem atendidos. Casa sala de aula tem uma TV de 65 polegadas, quatro laboratório de informática, um laboratório de hardware, uma sala de economia criativa e estrutura ainda maior no Prédio Rural, então crescemos em todos os nossos índices, crescemos no Saresp, nas olimpíadas estudantis, em competições esportivas, com a equipe de voleibol se sagrando campeã estadual, os alunos da equipe de xadrez, damas com ótima colocação e as equipes de futsal e atletismo também com bom desempenho. Mas estamos sempre buscando melhorias para os nossos alunos. A quadra, por exemplo, é uma demanda antiga que estamos precisando para melhorar ainda mais.