Segunda-feira, Novembro 25, 2024

PERSONAGEM DA SEMANA : Júnior Soler e Rosângela Bigulin, reitor e vice-reitora do Unijales

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A Tribuna: De fora, como espectador, a impressão é que a Unijales está voltando a crescer? Vira e mexe vocês anunciam novos cursos. Estou certo?

Júnior Soler: É verdade, estamos voltando a crescer, voltando a ser o que éramos. Juntamente com essa equipe maravilhosa, com a vice-reitora, as prefeituras da região, a imprensa e a população em geral. O nosso pensamento é crescer com qualidade de ensino e preço justo. Acabou de sair daqui a nossa futura coordenadora do curso de psicologia e ela falou uma coisa que me emocionou: disse que nunca viu um ambiente tão bom dos nossos professores. Todo mundo dizendo pra ela vir pra cá, que ela vai se dar bem. É isso que nós temos, além de uma equipe maravilhosa como a nossa, pessoas que estão aqui há muitos anos, décadas e que trabalham por amor à educação. 

A Tribuna: A senhora, professora Rosângela, é uma dessas pessoas longevas aqui, né? Ha quantos anos?

Rosângela Bigulin: Estou aqui “só” há 43 anos. Eu comecei como professora, depois como coordenadora de curso, diretora de graduação e agora estou como vice-reitora acadêmica. Eu sempre gosto de contar uma história: Na primeira vez que eu vim a Jales com o meu marido, cheguei aqui num domingo e na hora que eu passei aqui na praça, há mais de 40 anos, dei uma olhada na cidade, só tinha movimento na praça, aí eu falei: “A cidade é só isso? Não caso mais!”. Então ele disse que no dia seguinte me levaria a um lugar que me deixaria encantada. Dito e feito! Na segunda-feira, à tardezinha, ele passou aqui na frente da faculdade e mudou o meu conceito. Imagina naquela época eram mais de 40 ônibus, aquele movimento medonho e isso aqui fervilhava. Então eu me casei e trouxe o meu currículo e no ano seguinte eu já estava dando aula na faculdade. Então eu praticamente acompanhei toda a história da instituição.  Começou a funcionar com o curso de pedagogia, ciências biológicas.

A Tribuna: Mais de 40 anos significa que realmente é por amor porque a senhora já poderia estar aposentada.

Rosângela Bigulin: Sim. Eu já me aposentei do Estado…,mas a Educação, quando a gente gosta, ela se torna um vício e a gente não consegue ficar sem a Educação. A gente ter o prazer de encontrar em Brasília, São Paulo ou qualquer outro lugar, encontrar um ex-aluno da Unijales, é gratificante demais. Você ter ex-alunos que estão por todo o Brasil contribuindo com profissionalismo e qualidade com o desenvolvimento do país. Então não tem como você largar.     

A Tribuna: Como a professora falou, no começo a Unijales era Faficle, FAI Jales e era voltada mais para cursos de licenciatura, mas de uns tempos pra cá houve uma diversificação, né?

Júnior Soler: Começamos como Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jales (Faficle), depois Faculdades Integradas de Jales (FAI Jales), conseguimos administração e ciências contábeis. Em 2005 conseguimos o centro universitário de Jales. Na época optamos por colocar o nome de Unijales. Não tem outra faculdade com o nome da cidade, um centro universitário ou uma universidade com o nome da cidade, como a nossa. E com o Centro Universitário, partimos para a área da saúde. Queremos diversificar, porque estamos pensando no futuro da cidade. Eu nasci aqui, os meus filhos nasceram aqui, meus netos, assim com os filhos e netos da professora Rosângela, então queremos que a cidade cresça. Então vamos diversificar mesmo. Agora temos agronomia, psicologia e o curso de direito é reconhecido e com nota 4, matemática nota 4, educação física, biomedicina, nota 4.  Então é importante lembrar que estamos diversificando, mas com qualidade.

Rosângela Bigulin: Lembrando que a nota máxima na avaliação do MEC vai até 5.

A Tribuna: E como vocês fazem para escolher o curso? Fazem uma pesquisa de mercado, por exemplo?

Rosângela Bigulin: Todo ano, quando vamos fazer a divulgação do vestibular nas escolas, sempre perguntamos para os alunos quais são os cursos preferidos e de maneira geral no Brasil aparecem seis cursos entre os mais procurados. Medicina, odontologia, administração, psicologia, agronomia e direito. Então começamos a trabalhar com o curso de direito que era o mais procurado. Depois psicologia, que batalhamos durante sete anos, e agronomia. A terapia ocupacional surgiu de conversas com uma professora de pediatria especialista em crianças autistas e com síndrome de dowm. Ela alertou que não existe curso de terapia ocupacional na região e tem havido um aumento muito grande de crianças com essas síndromes, deixando os pais desesperados. Aí a gente lançou este curso para atender o mercado que está realmente precisando desse profissional. Então são vários fatores. Pesquisamos no mercado, consultamos os profissionais e acompanhamos pela imprensa, sempre. Tem pesquisas nos órgãos que trabalham com a educação que divulgam os cursos mais procurados e os que mais necessitam de profissionais.   

Júnior Soler: Como ela disse sobre o curso de terapia ocupacional, antes de lançarmos o vestibular, fizemos uma reunião com o Crefito (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional) de São Paulo e eles nos orientaram e ajudaram a gente para montar um curso com qualidade.

Rosângela Bigulin: E eles ficaram entusiasmadíssimos porque não tem curso de terapia ocupacional na região.

A Tribuna: Pelo que eu vejo, vocês não escolhem os cursos apenas pela parte econômica, cm base na demanda que podem absorver e no lucro que podem conseguir mas também na possível contribuição acadêmica e intelectual que podem dar para a comunidade.

Rosângela Bigulin: Exatamente. Uma das funções das faculdades, centros universitários e universidades é preparar e qualificar o profissional para entrar no mercado de trabalho. Em diversas entrevistas, a gente já se colocou abertos para os empresários para darem sugestões sobre os cursos que eles precisam. Que tipo de pós graduação, qual o profissional que o mercado precisa hoje. Como o Júnior disse, temos autonomia para criar cursos, mas não pode ser de qualquer maneira. Tem um trâmite, um planejamento. Estamos abertos para os empresários nos procurarem e sugerir os cursos que precisamos. Tanto na graduação, em cursos tecnológicos, pós graduação e EaD.

Júnior Soler: Por exemplo, temos o EaD, mas estamos começando bem devagar. Como tiramos nota 5, temos autonomia para abrir 250 polos por ano em todo o país, mas não estamos fazendo isso. Nosso polo é em Jales e estamos primando pela qualidade. Em primeiro lugar a qualidade do ensino. Isso é uma regra que temos aqui. Com preço justo. 

A Tribuna: Vocês falam muito sobre a cidade. A Unijales tem um trabalho realizado também através das empresas júnior, né?

Júnior Soler: Muito! E temos também as nossas clínicas. Hoje nós atendemos 500 pessoas mensalmente na clínica de fisioterapia. Gratuitamente. As pessoas não pagam nada e ainda desafogamos o atendimento do SUS. Temos a clínica de estética que também faz atendimento com preço simbólico. Fora os convênios dos estágios que temos com a Prefeitura, Hospital de Amor, Santa Casa, Apae, Lar dos Velhinhos…e isso ajuda muito porque é mão de obra que as entidades não precisam pagar. Temos o Núcleo de Práticas Jurídicas que fica aberto para a população. O curso de psicologia já tem procura para estágio. Aí você pensa nos cursos de agronomia, terapia ocupacional que vão ter estágio também. Quem ganha com isso é a comunidade de forma geral. Se não fosse a faculdade, muitas pessoas que são atendidas aqui não teriam acesso a esse serviço.

Rosângela Bigulin: Outra coisa são os cursos de extensão. Por exemplo, o de educação física tem o projeto de vôlei que funciona de terça e quinta no Ginásio de Esportes que é para pessoas da comunidade. Tem o de caratê que funciona no nosso laboratório, então esses projetos também são oferecidos. Inclusive as instituições superiores são obrigadas a oferecer 10% do total de horas/aula voltadas para extensão então termos vários projetos que irão para a comunidade resolver os problemas da comunidade, já a partir do segundo semestre. Também temos os cursos de nivelamento, como de libras, matemática língua portuguesa, que é sem custo algum para a comunidade.

A Tribuna: Vocês acham que o magistério tem futuro? A carreira de professor ainda é promissora?

Júnior Soler: Você conhece algum professor desempregado? É a carreira do futuro.

Rosângela Bigulin: Não tem como acabar, de jeito nenhum. O professor sempre vai ser necessário. Ele não vai ficar rico, mas vai ter a garantia do emprego, vai ter uma estabilidade, além da gratificação, o orgulho de ver que está contribuindo para a evolução do próximo. Para a colocação daquela pessoa dentro da cidadania com uma profissão e que vai contribuir para o crescimento da sociedade e do país. Se você olhar para a história da Unijales, vê quantos alunos não teriam condições de fazer um curso superior e ter uma profissão se não fosse a Unijales. E outra, a maioria das diretorias de ensino do Estado de São Paulo tem aluno formado na Unijales e geralmente estão em cargos de destaque, são coordenadores ou diretores. Fora as outras profissões. Você entra nas empresas de Jales e é difícil não encontrar alguém que tenha se formado na Unijales.

A Tribuna: E a medicina?

Júnior Soler: Hoje a lei não permite, mas quando puder, pode ter certeza que vamos pedir. É um sonho e nós temos condições. É um processo demorado, mas quem sabe. O curso de direito não podia abrir, era um sonho e agora é realidade. O de psicologia era a mesma coisa. Então eu acredito muito. Como centro universitário podemos criar todos os cursos, menos psicologia, direito e medicina. Os dois primeiros já temos. Falta o de medicina. E quando sair eu tenho certeza que a comunidade estará do nosso lado. 

A Tribuna: Jales está se consolidando como um centro de tratamento da saúde. O curdo de medicina e esses da área de saúde que vocês lançaram recentemente, têm tudo a ver. Júnior Soler: Sim, somos centro de região. Literalmente um centro de referência na saúde. Sabe quantas cidades mandam ônibus com alunos para estudar aqui? São 33 cidades. Boa parte graças a convênios que temos com as prefeituras da região. 

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