Quarta-feira, Janeiro 22, 2025

Personagem da Semana – Gisele Amadeu, responsável pelo Museu Histórico de Jales

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Professora de educação musical efetiva da Prefeitura de Jales desde agosto de 2012, Gisele Trani Amadeu está lotada na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Cultura e Turismo desde o primeiro semestre deste ano. Ela atua como responsável pelo Museu Histórico de Jales, que leva o nome do artista Armando Pereira da Silva. A tarefa não é fácil. O museu ficou fechado por aproximadamente dez anos, foi reaberto em junho de 2021 e é mais uma área do município que ainda passa por recuperação.  Para se ter ideia, existem cerca de 400 peças em exposição e outras 60 que estão sendo catalogadas. Boa parte do que está em exposição ficou amontoado, sem cuidados e debaixo de poeira. Foi, e ainda está, sendo preciso muito trabalho para organizar o acervo, recuperar as peças e catalogar. Algumas peças se perderam irremediavelmente. Outras foram resgatadas pelos proprietários que não ficaram nada contentes com a forma que as suas relíquias estavam sendo tratadas. 

A Tribuna: O Museu ficou fechado por um bom tempo. Foi reaberto quando? E quando você chegou foi preciso organizar alguma coisa?

Gisele Amadeu: Foi reaberto em 2021. As coisas ainda estavam bagunçadas. Não estava numa ordem, do jeito que está agora porque eu fui colocando do meu jeito. Inclusive muita coisa se perdeu porque entrou até água. Documentos, quadros quebrados foram perdidos. Tem muita coisa pra arrumar ainda.

A Tribuna: A gente pode dizer que o Museu ainda está num processo de reorganização, de recuperação?

Gisele Amadeu:  Sim, estamos num processo. Por exemplo, os quadros do nosso patrono não têm etiqueta e as pessoas querem saber o nome do quadro, do autor, mas estamos fazendo.

A Tribuna: E a separação? É por data, por pessoa, por tema…como vocês estão separando o acervo?

Gisele Amadeu: Por exemplo, eu reservei uma parte histórica aqui (mostra o espaço). Aquele é um casarão onde morou o Doutor Euphly, que foi construído em 1922 numa fazenda. Aí eu mostro o mapa de 1948, a estação ferroviária, o Cruzeiro, o telégrafo, a maquete da Vila Jalles que é de 1947…aí eu arrumei todas as fotos em ordem cronológica porque estava tudo misturado. Nesta parede seguinte eu coloquei todos os ex-prefeitos e conto a cronologia, principalmente para as escolas. Desse lado tem umas gôndolas com o Deputado Oswaldo de Carvalho, coisas antigas da família Euphly, lá no fundo eu fiz uma cozinha com coisas antigas, o cantinho da Facip, que não tinha nada, os eletrônicos, as coisas antigas, como fax, máquina de escrever, telefone…que a gente recebe. Enfim, deu pra dar uma organizada dentro do espaço que também não é o ideal. O que falta aqui é tapar esses vidros e um profissional para fazer a recuperação de algumas peças.   

A Tribuna: Esse material já estava todo aqui?

Gisele Amadeu: Sim, mas ainda tem muita coisa. Um número grande de fotos, por exemplo.

A Tribuna: As famílias antigas de Jales trazem peças?

Gisele Amadeu: Tem algumas coisas, mas faz tempo que não recebemos nada. Inclusive eu gostaria de fazer [sessões sobre] coisas de famílias. Eu já pensei em fazer um projeto para apresentar para as famílias tradicionais para ver se eles colaboram com o museu, ajudar a preservar a história porque é a história deles também. 

A Tribuna: Vereadores têm vindo aqui?

Gisele Amadeu: Não. Só se vem quando eu não estou aqui.

A Tribuna: Todas essas peças estão catalogadas em computador ou ficam no caderno?

Gisele Amadeu:  Estão em computador, mas eu tenho no papel também e eu sempre pego para conferir. Ainda tem muitas coisas para organizar, para catalogar e está tudo catalogado com a descrição, o nome do doador e a data da doação. Por sinal, a grande maioria está com data de 2021. Acho que é porque foi tudo catalogado nesta mesma data. Temos mais de 400 itens catalogados e vários itens que ainda não estão cadastrados, mas estamos fazendo. 

A Tribuna: E o trabalho de recuperação? Eu estou vendo que tem peças bem antigas, como gramofone, rádio, TV, pinturas. Como o museu ficou fechado, algumas coisas não deviam estar perfeitas.

Gisele Amadeu: Sim. Eu já pedi ajuda para mandarem alguém que possa recuperar algumas peças.

A Tribuna: E a visitação? Escolas costumam vir aqui?

Gisele Amadeu: As escolas costumam vir aqui. O problema são as visitações acontecerem à tarde com o calor. E eu acho que as escolas deveriam ser mais incentivadas a visitar, fazer esse tour com as crianças. Vem, mas vem pouco, quase sempre quando tem trabalho pra fazer. Deveriam vir mais. Vem crianças e adolescentes, mas vem muito mais escolas particulares.

A Tribuna: E eles gostam mais do quê? Se interessam mais pelo quê?

Gisele Amadeu: Eles gostam muito das maquetes, principalmente a da Vila Jalles que é muito interessante. Eles gostam muito do navio Kasato Maru, que acham que é o Titanic, gostam das coisas antigas, como máquina fotográfica, filmadora, telefone, dinheiro e também se interessam pelos retratos dos ex-prefeitos. 

A Tribuna: Você não acha que poderia ser interessante que algumas instituições montassem seus próprios museus temáticos? Por exemplo, a Cúria Diocesana já tem um museu e uma biblioteca. A Câmara poderia montar o seu, o Nipo Jalesense, AERJ, rádios e tantas outras instituições.

Gisele Amadeu: Sim, seria muito interessante. O problema é que não temos museólogos na região nem bibliotecário disponível. Eu sugeri para a Prefeitura colocar no próximo concurso porque é um trabalho que só quem faz o curso que entende de verdade. Eu não fiz o curso e gostei de trabalhar aqui porque tenho um amor muito grande por Jales. Quando eu comecei a trabalhar aqui, a ver a história eu falei “é a história de Jales”, aí fui arrumando, organizando do meu jeito.

A Tribuna: Para fazer doações é só procurar o Museu?

Gisele Amadeu: Sim, basta vir aqui. Temos os termos de empréstimo, se a pessoa não quiser doar em definitivo, e tem o termo de doação. Também temos o termo de retirada para restauração, mas até hoje ninguém veio retirar.

A Tribuna: Vocês têm ideia de valores dos itens que estão aqui? Tem alguma coisa muito valiosa aqui no acervo?

Gisele Amadeu: Já nos falaram que alguns quadros do Armando, por exemplo, estão com um valor importante. Na verdade tudo que tem aqui é muto valioso porque é uma história, né? Tem muitos leilões de coisas antigas na internet que a gente não dá nada, mas acabam sendo vendidas por um bom valor.

A Tribuna: Aqui a gente vê um grande acervo de objetos antigos e pinturas, mas imagino que deve haver um grande acervo de audiovisual guardado nas casas das famílias mais antigas, né?

Gisele Amadeu: Na verdade, eu queria mesmo era contar a história num monitor de TV, contar a história de Jales porque tem muita coisa em fotos que não temos aqui. Estou montando um vídeo da praça João Mariano de Freitas para mostrar como era e como vai ficar depois de revitalizada. A praça Dr. Euphly Jalles é a mesma coisa.

A Tribuna: Qual o horário de funcionamento do Museu e como faz para agendar as visitas?

Gisele Amadeu: De segunda a sexta das 8 às 11 horas e das 13 às 16. É só ligar no telefone da Prefeitura 3622-3000 que eles transferem pra cá.

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