O futuro major da Polícia Militar, Alex Akisani Tominaga, de 39 anos, é um homem com sólida formação acadêmica, tem dois cursos superiores, vários cursos de extensão na PM e cursa mestrado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública. Já trabalhou na capital paulista, na sede do 16º Batalhão, em Fernandópolis, e comanda a 2ª Cia com sede em Jales e abrangência em mais de uma dúzia de cidades da região.
Apesar de dizer que a carreira militar não era o seu “sonho de infância”, Tominaga reconhece que se apaixonou pelo trabalho, que considera uma verdadeira família. “Na PM ninguém fica pra trás”.
A Tribuna: Qual a sua formação acadêmica?
Tominaga: Tenho dois cursos superiores. O Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo na Academia de Polícia Militar do Barro Branco (APMBB); o de Bacharel em Direito pela Universidade Bandeirantes (UNIBAN) e estou cursando o Mestrado Profissional em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pelo Centro de Altos Estudos da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CAES).
Na PM possuo alguns cursos, dentre eles, Curso de Tiro Defensivo para Preservação da Vida (Método Giraldi); Curso de Força Tática e Curso Internacional de Polícia Comunitária.
A Tribuna: Como escolheu a carreira de policial militar? Pensava nisso quando era criança?
Tominaga: Quando jovem nunca tive em mente ser um policial, entretanto, por força do destino, prestei o vestibular (à época FUVEST) para ingresso na Academia de Polícia Militar do Barro Branco no final do ano de 2001 e lá cursei por quatro anos o Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Embora nunca tenha pensado em ser policial, depois de ter contato com a profissão me apaixonei e desde então venho sendo muito feliz. Depois de um tempo percebemos que mais que uma mera profissão, a Polícia Militar é uma grande família, ninguém fica para trás.
A Tribuna: A 2° Cia está bem guarnecida de efetivo humano, viaturas e armamento?
Toninaga: Sim, é bem guarnecida de efetivo humano, viaturas e armamento, de acordo com a política do Comando da Instituição. Temos excelentes profissionais para atender qualquer demanda relacionada à Segurança Pública. É claro que não conseguimos estar em todos os locais ao mesmo tempo, mas o serviço prestado à população é realizado da melhor forma possível e com o máximo de profissionalismo e empenho, sem dúvidas
A Tribuna: No começo do ano, houve pelo menos um caso em que a PM prendeu um homem reiteradas vezes, mas ele não ficava preso, apesar de filmagens e outras provas. Isso é comum? A polícia se sente enxugando gelo? Como é a relação com o Judiciário e MP?
Tominaga: Não sei se “comum” seja a expressão correta, mas sim, tivemos alguns casos em que prendemos o criminoso em flagrante por mais de uma vez em um pequeno espaço de tempo. Aqui, não quero entrar, e nem devo, na esfera de competência do Ministério Público e do Poder Judiciário, com os quais a Polícia Militar tem uma excelente relação, mas tenho plena convicção que ambos desempenham suas atribuições da melhor forma possível e decidem caso a caso de acordo com a lei.
A Tribuna: Quais são as funções, limites de atuação da Atividade Delegada?
Tominaga: A Atividade Delegada consiste na execução de serviços de competência municipal delegados ao Estado, mediante convênio celebrado entre o Governo de São Paulo, por meio da Secretaria da Segurança Pública (SSP), com a interveniência da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP), e os municípios do Estado, objetivando o emprego de policiais militares, voluntários, fardados, armados e munidos de equipamento de proteção individual, de acordo com escala especial extraordinária, e abrangendo, simultaneamente, o desenvolvimento de atividades próprias de preservação da ordem pública. Tem o objetivo de incrementar o policiamento ostensivo-preventivo nas localidades onde a Atividade Delegada for desenvolvida, buscando aumentar a percepção de segurança das respectivas comunidades, além de reduzir os índices de criminalidade, com ênfase nas atividades de prevenção primária, por meio de parceria com os municípios na realização de atividades por eles delegadas.
A Tribuna: Houve aumento de notícias sobre prisões e apreensões. Isso equivale a aumento dos crimes ou apenas da divulgação?
Tominaga: Sobre os crimes, não só na cidade de Jales, mas em toda nossa região, posso falar com convicção que não houve aumento, mas sim uma diminuição ao longo do tempo. É certo que estão havendo mais prisões e com certeza uma maior divulgação por parte da Polícia Militar, por isso, talvez, a sensação de aumento. Neste ponto é importante mencionar alguns “fatores” que fizeram com que as prisões em flagrante aumentassem.
Um deles foi a implantação da Atividade Delegada, que já foi mencionada na pergunta anterior, com a qual houve um aumento considerado no efetivo operacional. Em Jales, com o apoio do prefeito municipal e dos vereadores, empregamos duas viaturas diárias, aumentando a percepção de segurança e consequente melhora na qualidade de vida das pessoas.
Outro fator foi a implantação do Programa Vizinhança Solidária (PVS), tanto na área urbana como na rural, que consiste, resumidamente, em uma rede de apoio entre “vizinhos”. O programa incentiva a integração e o envolvimento dos envolvidos nas questões de segurança local, aumentando o relacionamento interpessoal dos integrantes na comunidade, buscando uma mudança de comportamento e despertando nelas o sentimento de pertencimento social. Em Jales temos o “PVS Comercial”, do qual fazem parte um grande número de comerciantes e vem se mostrando um sucesso de parceria entre a Polícia Militar e a comunidade. Inúmeros são os flagrantes de crimes que, em conjunto com policiais da Atividade Delegada, são feitos graças as informações passadas pelos participantes do PVS, demonstrando a importância e a necessidade da comunidade nas questões de segurança. Ainda relacionado ao PVS, especificamente com relação à área rural, é relevante mencionar o programa “Segurança Rural” que vem sendo desenvolvido em toda a nossa região. Esse programa, além de buscar o aumento da ostensividade e repressão criminal, a aproximação da Polícia Militar com os moradores do campo, e com a ajuda dos PVS rurais também tem como objetivo a realização do cadastro georreferenciado dos imóveis durante as visitas comunitárias realizadas pelos policiais. Após o cadastro é fornecido ao morador um código Plus Code, que mostra as coordenadas geográficas da propriedade e facilita a localização da ocorrência, agilizando a chegada da viatura. A importância do Plus Code foi confirmada durante o atendimento de uma ocorrência há poucos dias em que um bebê de vinte e oito dias engasgou com leite materno, pois, graças a ele, somado à agilidade dos policiais, foi possível encontrar e chegar à propriedade da forma mais rápida possível, prestar os cuidados necessários e realizar o transporte da criança na própria viatura até a Santa Casa de Jales. Desde a implantação da Segurança Rural foram realizadas mais de 28 mil visitas rurais na área do 16º BPM/I, sendo que muitas propriedades já foram visitadas mais de uma vez.
Por fim, contribuindo para o aumento das prisões, foi criada na Segunda Companhia uma viatura de “Apoio”, que consiste em uma viatura de grande porte e ostensividade (Hilux) guarnecida por uma equipe de três policiais, treinados e equipados com armamento para fazer frente à criminalidade mais violenta, bem como prestar apoio às demais viaturas quando necessário.
A Tribuna: Alguns vereadores pedem que a Atividade Delegada seja estendida para a UPA e para funcionar 24 horas por dia. Isso é possível?
Tominaga: Acredito que sim, desde que seja incluído essa atividade no Convênio e no Plano de Trabalho da Atividade Delegada, e lógico, desde que essa função seja de competência da Prefeitura. Entretanto, temos que analisar o caso com mais profundidade e consultar os órgãos técnicos da Polícia Militar para termos uma certeza.
A Tribuna: Na última sessão, os vereadores discutiram ações para combater uma suposta Cracolândia nas proximidades da Vila União. A polícia tem conhecimento disso? Foi chamada para discutir o assunto? Poderia promover alguma ação para combater essa concentração de usuários?
Tominaga: Com certeza a Polícia Militar está atenta a isso, inclusive eu já provoquei várias reuniões com outros “atores” que podem ajudar (CONSEG, Prefeitura e alguns vereadores). Sobre isso também estou conversando com o Ministério Público para verificar se há alguma medida que possa ser adotada para ajudar, dentro da legalidade. Essa questão, na minha opinião, já deixou de ser apenas um “problema” de segurança pública, mas passou a ser também um problema de saúde e assistência social. Por diversas vezes, no mesmo dia, realizamos o patrulhamento nesses locais e fazemos as abordagens quando cabíveis, mas na grande maioria das vezes, por não acharmos nada de ilícito, não podemos e nem devemos “expulsá-los” daqueles locais.
A Tribuna: A Polícia Militar de Jales pode ter que usar câmeras corporais? O que o senhor acha do equipamento?
Tominga: O uso das câmeras corporais é um assunto institucional e traz inúmeros benefícios ao policial. Além de ser uma “garantia” para o policial, pois suas ações são registradas, ainda pode servir como um fator inibidor para aquelas pessoas que estão na iminência de cometer algum crime contra ele (exemplo o crime de desacato), uma vez que a ação criminosa estará registrada e poderá servir como prova. Essas imagens também ajudam aqueles policiais que são incriminados injustamente, o que não é incomum. Muitos são os casos em que criminosos, principalmente durante as audiências de custódia, mentem e relatam terem sido agredidos por policiais durante a prisão para tentarem se livrar do flagrante. Também podemos citar benefícios em ocorrências mais graves, como, por exemplo, aquelas em que o policial, para se defender de uma injusta agressão, tem que fazer uso da arma de fogo, pois a ação estará registrada e servirá como prova da ação legítima.
A Tribuna: Estamos nos aproximando do período de festas de peão na região. É uma preocupação para a corporação? Novamente o trabalho vai ter cooperação entre as companhias do Batalhão?
Tominaga: Com certeza esse período nos preocupa, haja vista a quantidade de frequentadores, mas estamos atentos a isso e sempre fazemos um planejamento para aumentar a segurança. Com relação a cooperação entre as Companhias, sempre ocorreu e sempre ocorrerá quando a situação exigir sem qualquer tipo de obstáculo.
A Tribuna: Como foi participar de uma campanha de arrecadação de donativos para as vítimas do temporal no litoral paulista? É uma ação atípica?
Tominaga: Sem dúvidas foi muito gratificante poder ajudar de alguma forma as vítimas. Não vejo como uma ação atípica por parte da Polícia Militar, pois participamos de inúmeras campanhas beneficentes.
A Tribuna: O senhor concluiu o curso de major no ano passado? Já tem data para a promoção? Vai deixar a 2ª Cia?
Tominaga: Na verdade é um Mestrado Profissional em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, que “habilita” os capitães à promoção de Major. O mestrado ainda está sendo realizado, o que terminou foi a fase presencial. Minha expectativa para promoção é de aproximadamente 3 anos, e quando acontecer, infelizmente, terei que deixar a 2ª Companhia, pois não há vaga para a função de Major na sua área de abrangência.