A fantástica historia dos Tremendos, maior e melhor conjunto musical jalesense de todos os tempos, começa em 1966, quando o conjunto foi criado por Orlando Poletto, que viveu uma paixão musical na juventude. Orlando Poletto veio para Jales em 1948, após casar com Tereza Mercedes Gonçalves. Orlando Poletto enveredou para os caminhos da construção civil, sendo pioneiro na construção de casas residenciais de primeira linha e grandes obras como escolas, galpões, pontes, etc. . Os filhos de Orlando Poletto, Orlando Roberto, popular Tita, Maria Tereza (Matê) e o caçula, Marco Antônio (Poletto), nascidos em Jales, foram o estímulo para que o conjunto Tremendos fosse criado, permitindo assim, ao velho Orlando Poletto, a realização do sonho de unir a família através da música.
Na década de 50, o Brasil viveu o esplendor dos anos dourados e da bossa nova, apesar da tragédia do suicídio de Getúlio Vargas e várias tentativas e golpes militares, abortadas pelo grande patriota Marechal Lott, militar democrata, legalista e profundamente respeitado nos quartéis. Na segunda metade da década de 50 vivemos o período JK, construindo Brasília, rasgando o Brasil de rodovias, fermentando um Brasil alegre e otimista, culminando com a conquista da Copa do Mundo, pela primeira vez em 1958. E além da bossa nova, movimento musical carioca, tivemos a influência americana de Elvis Presley, maior símbolo do rock que contagiou o mundo, entrando no Brasil, diretamente, ou através de versões, cantadas e dançadas por artistas brasileiros. O final dos anos 50 o Brasil assiste a explosão de CELI CAMPELLO, com o sucesso ESTÚPIDO CUPIDO batendo todos recordes de venda e sempre em primeiro lugar nas paradas de sucesso.
A década de 60, já embalada pela revolução musical do rock nos anos cinquenta, enlouquece, estarrecida, com o conjunto OS BEATLES, superando todos movimentos musicais da época. E no Brasil, a geração ESTÚPIDO CUPIDO entra em declínio, surgindo a JOVEM GUARDA, liderada por Roberto e Erasmo Carlos, como um movimento consumista e alienado da juventude vazia. Já vivendo o chumbo da ditadura, a JOVEM GUARDA, conformista e despolitizada, foi um prato cheio para o regime militar manter a juventude afastada da política. E nesse quadro de alienação jovem guarda e contestação via MPB, nasce em Jales, com os dois rumos, o conjunto musical OS TREMENDOS, para fazer a juventude dançar, sonhar, acreditar na alegria de viver! Orlando Poletto realizou o grande sonho de sua vida e assistiu, muitas vezes, seus filhos e amigos de seus filhos brilharem nos palcos.
O entusiasmo foi como uma marca registrada daquela juventude brasileira: “enquanto uns combatiam, outros se lixavam para a tal ditadura militar daqueles tempos”. Era uma época de romantismo e se iniciava uma nova etapa em termos de comportamento. Mais liberada e procurando novos horizontes, eis que se partia de forma resoluta para a quebra de tabus e preconceitos. A época de Aquário, que se iniciou em Fevereiro de 1962. A época da calça Lee, e da “Cuba Livre” que rolava pelos copos e endoidecia os jovens daqueles tempos. Nos anos 60 outras recordações… Seja pelo bicampeonato mundial de futebol no Chile, pelo Festival de Woodstock ou pelas belíssimas apresentações dos grandes times brasileiros.Nesses mesmos anos sessenta, da ditadura, das torturas, de revoluções culturais, musicais, dos festivais da Excelsior e Record, nascia em uma pequena cidade do interior de São Paulo, o Clube do Ipê que se confunde, e muito com a nossa história, com a história de Jales. O Clube do Ipê foi palco de grandes emoções e saudades: “dos bailes, o tradicional e o de gala, do carnaval, da piscina, do basquete e, não se esquecendo, das famosas tardes de Domingo. “E, junto com o Clube do Ipê o conjunto musical Os Tremendos”. Esse conjunto, como já citei, foi obra e arte de Orlando Poletto, um apaixonado pela música, tanto que em sua juventude participou de várias “bandinhas” da época como baterista. Em sua formação inicial, o conjunto teve os seguintes músicos: – na bateria Orlando Roberto Poletto (Tita), na guitarra base e crooner Frederico Mogentale (Fred), no contrabaixo Orlando Gonçalves (Coca), na guitarra solo e “órgão”, hoje se fala teclado, José Pedro dos Santos e como crooner Osmar Pavani Peres. Naquela época os bailes eram divididos em várias seleções musicais. Iniciava-se com o prefixo musical do conjunto, momento em que era apresentado os seus componentes. Depois as seleções musicais: uma seleção com cinco músicas lentas (o famoso mela-mela); outra seleção com samba, marcha rancho, rock e jovem guarda. Em cada seleção que durava, em média 30 minutos havia um intervalo de dez minutos. Todos os participantes aproveitavam o tempo do intervalo de forma distinta.
A SEGUNDA FORMAÇÃO
Em sua segunda formação, o conjunto Os Tremendos tinha os seguintes componentes: crooner José Roberto (Zé Gordo), bateria Tita, contra baixo Coca, guitarra base Cidinho, guitarra solo Theide.
O COMPACTO SIMPLES
Com as músicas Acho Melhor Me Esquecer e Meu Amor Sempre Foi Seu, de autoria de Caio Francis (Caio Altimari), Os Tremendos gravaram pela gravadora RCS, no ano de 1968 um compacto simples, que na época ficou entre as dez mais tocadas da rádio Excelsior de São Paulo. Quem quiser ouvir essas musicas é só acessar estes links no Youtube http://youtu.be/ghdm-yCnaeA e http://youtu.be/E6mX4qvH-ak (produção e colaboração do Célio Marques Baião)
HISTÓRIAS DE BAILES
Uma história “pitoresca” sobre os Tremendos aconteceu em um baile na cidade Paranaíba (MS), em que o meu tio Coca que, literalmente, sempre tocava o contra baixo encostado em alguma parede, instrumento, etc. Numa seleção de música lenta, Coca começou a vibrar intensamente, como estivesse tocando rock ou ingerido alguma “bolinha”, como se chamava psicotrópico na época. Obviamente que todos os componentes do conjunto estranharam aquela estranha vibração do sempre parado Coca. Foi só acabar a seleção musical e nosso glorioso Coca saiu em disparada rumo o camarim, tirando à camisa a calça… Resumo: uma insensata barata tinha entrado na sua roupa e estava andando pelo seu corpo. Ele agüentou bravamente por quase vinte minutos aquela sensação terrível.
Outra história interessante aconteceu no antigo Tênis Clube de Jales. Quando a música dos Incríveis, Era um garoto que como eu amava os Beatles e Rolling Stones, fazia o maior sucesso na época. O final da melodia era assim…ratatata tata, ratatatatata e, depois o som de uma metralhadora. Pois bem, o Sr. Orlando Poletto resolveu comprar uma metralhadora de brinquedo para no final da musica dispará-la. Acabaram de tocar a musica e o Zé Gordo sobre os ombros do José Pedro apertou a gatilho da metralhadora e …tec.tec.tec. Não saiu som nenhum.
Outros integrantes que fizeram parte do conjunto Os Tremendos foram Antônio Edson Simões Altimari (Arroiz) – guitarra, Deda guitarra, Waine, teclado, Norberto, trompete, Poletto, bateria e Célia Sakaguchi crooner.
FORMAÇÃO ORIGINAL
Os Tremendos foi um conjunto musical que influenciou toda uma geração musical na cidade de Jales. Difícil falar em música na cidade de Jales e região, sem citar o conjunto OS TREMENDOS. Este conjunto musical foi à referência máxima, influenciando toda uma época de florescência musical. Aliás, não é à-toa que até hoje é lembrado por muitas pessoas daquela época – “anos dourados, anos de chumbo e anos de cultura”.