Lideranças políticas de vários partidos se reuniram, não sei quando, nem onde, para decidir quem vai exercer o poder de governar Jales por quatro anos. Os escolhidos foram Flá e Garça que disputarão as eleições como candidatos únicos.
Ao disputar a Prefeitura de Jales, o candidato Flávio Prandi (Flá), já tem uma certeza: será eleito. Isso porque ele é o único cidadão que se candidatou ao cargo na nossa esburacada e escatológica Jales. De acordo com a legislação eleitoral, mesmo havendo apenas um candidato a prefeito, é necessária a realização do pleito.
Se ninguém, nem o próprio candidato, votar na única opção apresentada na urna, será preciso organizar uma nova eleição. Para se eleger, Flá precisará da maioria absoluta, excluídos os votos brancos e nulos; ou seja, apenas de um voto. E, claro, pode ser o dele mesmo.
“Sem dúvida alguma foi uma grande articulação política em que todos os líderes têm que ser cumprimentados. Uma “bela” decisão da maioria dos partidos que fazem parte da coligação, pensando na reconstrução da cidade, que um dia já foi CENTRO DE REGIÃO”. O consenso é visto por algumas pessoas como algo negativo e isso vem á tona com a quantidade de votos nulos e brancos. Porém, quando há consenso é porque se firmou uma concordância na escolha do representante a ser indicado, sendo uma pessoa capaz de exercer o poder de forma satisfatório. “Tem gente, repito, que vê o consenso como algo negativo, mas, se há consenso é porque justamente há uma concordância na representatividade daquela pessoa, que ela poderá ser capaz de fazer o trabalho.”
Candidatura única, porém, é algo incomum na cidade de Jales, é um ponto fora da curva. Jales, que tem 368,5 km² de área e quase 50.000 habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O município de Jales, surgiu de um racional plano de arquitetura e urbanismo, que atesta a clarividência de seus primeiros colonizadores. Entre eles destacam Euplhy Jalles, seu fundador, Aristóphalo Brasileiro de Souza, José Nunes de Brito, Ataíde Gonçalves da Silva, João Mariano de Freitas, Jorge Batista, Pedro Marcelino, José Baspilia, Juvêncio Pereira de Brito, Manoel Paz Landim, João Mariano de Freitas Filho, Altino Antônio de Oliveira e Alfredo Barbour. Jales foi fundada a 15 de abril de 1941. O município foi criado por determinação da Assembleia Legislativa Estadual de acordo com o projeto de lei Quinquenal, da Divisão Territorial, Administrativa e Judiciária do Estado e elaborada pela comissão de Estatística, em cumprimento à Resolução nº 1 de 15 de janeiro de 1948. Flá não é o único candidato a prefeito com a vitória garantida. Ao menos 97 cidades enfrentam a mesma situação, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O número de municípios com esse cenário ainda pode aumentar, pois candidaturas em cidades com dois ou mais postulantes ao cargo podem ser indeferidas pela Justiça. A maioria das candidaturas únicas está no Rio Grande do Sul (32) e é do PP ou do PMDB (com 19 candidatos únicos cada um). A opção também é escassa para os habitantes de 2.620 cidades. Nelas, a eleição para prefeitura será disputada por apenas dois candidatos. Juntas com as 97 que têm apenas uma candidatura, elas representam 48,8% das cidades brasileiras. Ou seja, metade do país não terá mais do que duas opções na urna no dia 2 de Outubro. Boa sorte aos Eleitos.
Meritocracia
A Alemanha dos anos 1930, impulsionada pela grande crise de 29, foi marcada por uma grave desestabilização econômica, caracterizada pelo desemprego e pela hiperinflação. Nesse contexto de crise foi que o discurso do partido nazista encontrou ampla aceitação na sociedade alemã. Assim Hitler chegou ao poder. Um ditado antigo, no qual não recordo o nome do autor, afirmava: “loucos são aqueles que nós colocamos nos hospícios em tempos de paz, mas colocamos no poder em tempos de crise”.
Os nazistas montaram uma poderosa máquina de propaganda. A tática nazista incluía o patrulhamento ideológico, a calúnia e a difamação, aplicando a frase atribuída ao chefe da propaganda nazista: “Uma mentira muitas vezes repetida vira verdade”. Assim o governo de Hitler conseguiu convencer os alemães de que os judeus eram sujos, perversos, corruptos e traidores, responsáveis pela crise econômica que jogou os alemães na pobreza. Tudo isso fundamentou a criação de leis que justificaram a perseguição, prisão, escravização, confisco de bens e o homicídio de milhões de judeus, dentro e fora dos campos de concentração.
Fenômeno idêntico pode ser observado no Brasil de hoje.
A velha imprensa empresarial, em especial a Rede Globo de Televisão, utilizando as mesmas técnicas de intimidação, patrulhamento ideológico liberal, calúnia e difamação, escolheu o maior partido de representatividade dos trabalhadores para negar sua legitimidade no Brasil. O PT e suas principais lideranças têm sido alvos de escancarados e assombrosos ataques e perseguição. Você já deve ter se perguntado algum dia o porquê a canoa de Lula vira manchete de uma hora no Jornal Nacional e as 18 delações do Senador Aécio Neves na Lava-Jato, não. Ou porque os pedalinhos dos netos de Lula têm garantidos 24 horas na programação da Rede Globo, mas os R$ 23 milhões que o senador e atual ministro de Temer, José Serra, teria recebido de propina, já tenham caído no esquecimento popular. O PSDB e boa parte dos políticos brasileiros, assim como a grande mídia, estão em defesa do status quo da elite brasileira. Não é à toa que estamos vivendo um período muito parecido com aquele que colocou Adolf Hitler no poder na Alemanha da década de 30. Aproveitam-se da crise econômica para colocar medo na população e deslegitimar o maior partido de representação aos trabalhadores em nosso país. O ódio ao PT tem garantido uma cortina de fumaça que legitima os golpistas.
A venda colocada nos olhos dos brasileiros com a forte campanha midiática contra o PT vai garantir que o atual Governo Golpista de Michel Temer mexa nos principais direitos dos trabalhadores, no ano em que se completa 62 anos da morte de Getúlio Vargas, pai da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Getúlio se suicidou depois de uma forte campanha de difamação, ódio e calúnia.
Mais uma vez o mote da corrupção impulsionada por monopólios de comunicação, como o Diário Associados, de Assis Chateaubriand e Carlos Lacerda, serviram para golpear um governo com vertente trabalhista. No dia de sua morte a população saiu às ruas, indignada. A Tribuna da Imprensa de Lacerda foi empastelada. A redação de O Globo foi atacada, carros do jornal foram destruídos. Mais de seis décadas depois de sua morte, a história volta a se repetir. Mais uma vez um governo com viés trabalhista sofre um golpe. Com amplo apoio das organizações Globo, o Brasil vive, sob o comando do presidente golpista interino Michel Temer, o maior desmonte dos direitos trabalhistas da história.
Na pauta a jornada de trabalho (oito horas diárias e 44 semanais), jornada de seis horas para trabalho ininterrupto, banco de horas, redução de salário, férias, 13º salário, adicional noturno e de insalubridade, salário mínimo, licença-maternidade, auxílio-creche, descanso semanal remunerado e FGTS. Outro projeto em pauta, o PLP 257, resultará no congelamento dos salários, revisão dos benefícios e gratificações, demissão de servidores públicos, suspensão de concursos públicos, aumento da alíquota ou privatização da Previdência Social, limitação dos programas sociais.
O governo Temer também se esforça para aprovar a PEC 241/2016, que congela os investimentos públicos para os próximos 20 anos. Na educação, essa PEC significa que nenhum centavo novo vai chegar para creches, escolas, universidades públicas e para melhorar o salário dos professores e praticamente inviabiliza as metas do Plano Nacional de Educação.
A proposta de privatização do SUS ganha cada dia mais força.
O ministro da Saúde do governo Temer já deu diversas declarações de que pretende extinguir a gratuidade da saúde para todos no Brasil.
Foi publicado no Diário Oficial da União proposta que cria grupo de trabalho para analisar a implementação de planos de saúde pagos pela população brasileira, favorecendo as chamadas “indústrias da morte, ou das doenças”. A medida de Temer potencializa a lógica do mercado, colocando os serviços públicos não como direitos, mas como mercadorias.
Com a campanha nazista de ataque ao maior partido brasileiro de representação dos trabalhadores, o plano Temer de desmonte dos serviços públicos e ataques aos trabalhadores ganha uma confortável margem de implementação.
Não fica difícil concluir essa pergunta: A quem interessa retirar de cena um Partido que foi criado na base da pirâmide dos Trabalhadores?
PS . “Num jogo de claro-escuro próprio para a manipulação da plateia, o espetáculo do Ministério Público contra Lula, nesta quarta feira, foi uma denúncia sem prova, uma narrativa longa e sem consistência para as câmaras de TV”, escreve o colunista Paulo Moreira Leite; “Em seu melhor momento, um dos procuradores lembrou que determinados crimes de que Lula é acusado, lavagem de dinheiro, não costumam deixar rastro nem são fáceis de provar. O argumento está correto. Faltou reconhecer que isso não dispensa as autoridades de encontrar fatos para denunciar pessoas que acusam – pois vivemos num mundo em que todas as pessoas são inocentes até que se prove o contrário. Fora disso, temos a tirania”, diz Paulo Moreira Leite.