Uma onda de assaltos à mão armada está aterrorizando comerciantes e trabalhadores de estabelecimentos comerciais de Jales. Principalmente os que funcionam em horário noturno. Números da Polícia Civil falam em 13 casos em 18 dias. A Polícia Militar mantém silêncio e parece não ter mudado sua estratégia, mesmo diante do apelo dos comerciantes para que a corporação aumente o efetivo nas ruas.
A lista de alvos é extensa. Postos de combustíveis, farmácias, supermercados grandes e pequenos, padarias, postos bancários e até trailers de lanches já foram vítimas dos assaltantes. A maioria foi registrada de madrugada, mas pelo menos quatro em horário de grande fluxo de pessoas, próximo das 20 horas, e na presença de clientes. O mais recente, na quinta-feira, 5, foi cometido em plena luz do dia, por volta de 18h40.
Depoimentos das vítimas dão conta de que em alguns assaltos um dos bandidos usava uma máscara de palhaço (ou do Pânico), blusa de moletom vermelha e calça de moletom escura, ambas com listras brancas nas laterais. A primeira aparição do tal mascarado foi registrada na noite do dia 19 de dezembro quando o ladrão fez duas vítimas. Um chapeiro de 19 anos, na Cohab Roque Viola, e o frentista de um posto de combustíveis na Avenida João Amadeu.
O chapeiro voltava do serviço a pé quando, por volta de 1h30, no cruzamento das ruas Guarani e Arajá, na Cohab Roque Viola, foi abordado por dois homens que estavam em bicicletas. Eles estavam na posse de revolveres e ambos usavam mascaras de palhaço. Os criminosos levaram R$ 250,00, uma calça jeans, um lanche e 12 sacos de lixo preto.
Duas horas depois, um ladrão armado e usando máscara de palhaço rendeu um frentista de 34 anos que trabalhava em um posto de combustíveis na Avenida João Amadeu. Depois de levar R$ 120,00, o mascarado fugiu a pé pela linha férrea.
Na sexta-feira, dia 23, dois motoqueiros cometeram uma ação ousada. Roubaram um grande supermercado em horário de funcionamento e grande movimento de clientes. Tudo foi filmado pelas câmeras de segurança. Segundo as imagens, os dois indivíduos chegaram em uma motocicleta Suzuki Yes prata. Um deles ficou no veículo e o outro foi até o caixa de número 20, próximo à porta. O ladrão usava capacete e uma roupa de plástico para proteção contra chuva. O valor levado não foi divulgado.
Na noite de quinta-feira, 29 de dezembro, foram dois roubos. Um a uma movimentada padaria da Avenida Francisco Jalles e outro ao proprietário de um conhecido trailer de lanches.
Segundo as imagens captadas pelas câmeras da padaria, exatamente às 19h54, dois homens entraram no estabelecimento, renderam o proprietário que estava no caixa e levaram todo o dinheiro. Toda ação foi filmada pelas câmeras de segurança e estão ajudando a polícia a identificar os bandidos. Um deles vestia moletom azul claro, bermuda jeans e capacete claro. O outro vestia um moletom vermelho (ou laranja) e colocou uma blusa sobre a cabeça para dificultar a sua identificação. Ele chega a deixar o revolver prata sobre o balcão para recolher o dinheiro. A quantia levada não foi revelada e a dupla fugiu tomando rumo ignorado.
Na mesma noite, por volta de 3 horas da madrugada, o proprietário de um trailer de lanches foi surpreendido por um ladrão armado quando chegava em casa depois de uma noite de trabalho. O bandido usava máscara de palhaço e estava encapuzado. O comerciante desconfia que o ladrão conhecia a sua rotina e pode tê-lo seguido ou o esperava nas proximidades da sua casa.
Ao que tudo indica, os crimes podem ter sido cometidos pelos mesmos bandidos, que também são suspeitos de roubar outros estabelecimentos nas últimas semanas. Algumas características dos autores são semelhantes. Entre elas o uso de um moletom vermelho e uma máscara de palhaço. Porém, não está descartado que seja mais de um grupo. Algumas pessoas já foram presas.
A polícia diz que prendeu alguns suspeitos, mas os roubos continuam. Na primeira semana do ano foram três casos. O primeiro, na noite de segunda-feira, 2 de janeiro, quando um motoqueiro roubou uma padaria localizada na esquina das ruas Oito e Quinze. Ele usava capacete preto, sem viseira, era alto e magro, portava um revólver preto e foi direto ao caixa, onde anunciou o assalto. Como não ficou satisfeito com a quantia encontrada, cerca de R$ 200,00, desferiu uma coronhada na cabeça do funcionário, provocando um corte.
Na noite seguinte, por volta de 2h30, um ladrão rendeu novamente o frentista de um posto da Avenida João Amadeu e levou R$ 180,00. O bandido também usava uma arma preta e ameaçou o trabalhador de morte. Ele vestia bermuda jeans e blusa de moletom cinza, tinha uma tatuagem na perna direita. Há a suspeita de que um comparsa o aguardava em uma moto.
No final da tarde de quinta-feira, 5, outro roubo a supermercado. Dessa vez, o crime foi cometido por três homens. Apenas um aparentava estar armado. Eles invadiram supermercado, na Rua das Palmeiras, Vila Pinheiro, por volta de 18h20, e levaram uma correntinha e uma pulseira de ouro, três celulares de funcionários e cerca de R$ 5 mil do cofre do estabelecimento.
As características indicam se tratar do mesmo grupo que atuou em outros assaltos. Dois deles usavam capacete. Um colorido e outro preto. O terceiro criminoso usava blusa avermelhada semelhante à usada no roubo da padaria e uma máscara típica do filme “Pânico”, que também foi vista em outros roubos. A calça preta com listras brancas na lateral é idêntica à usada num dos roubos ao posto, na Avenida João Amadeu.
A investigação apura a participação de um quarto individuo que passou pelo supermercado pouco antes do roubo. Há a suspeita de que ele possa ter sondado o local para informar sobre a situação aos ladrões que chegaram poucos minutos depois.
Qualquer denúncia pode ser feita pelos telefones 197 e (17) 3632-1921. A identidade do denunciante não será revelada.
Polícia Civil investiga aluguel de armas
O delegado seccional de Jales, Charles Wistom de Oliveira, disse que já há suspeitos identificados, inclusive um menor de idade, e que prisões devem ocorrer nos próximos dias. Ele descartou que se trate apenas de um grupo, mas ressalvou que pode haver um ou mais indivíduos agindo em mais de um bando. É o caso do rapaz que costuma agir de blusa avermelhada, calça preta com listras brancas e máscara do “Pânico”. A investigação busca localizar e apreender as armas e máscaras usadas e investiga a possibilidade de o material estar sendo alugado para os criminosos. “Já vimos o aluguel de armas em outras localidades. Ainda não temos essa informação aqui. Precisaríamos ir mais a fundo pra investigar isso. Estamos trabalhando para pegar todo mundo e esclarecer de onde estão vindo essas armas de fogo, as máscaras do de palhaço e do Pânico”.
De forma extraordinária, uma ou mais equipes da polícia civil passou a circular com viaturas descaracterizadas de forma ostensiva pela cidade para reforçar a presença da polícia nas ruas e avenidas. Postos, farmácias, padarias e outros pontos visados estão sendo visitados.
Polícia Militar
silencia
Apesar do evidente aumento dos casos de roubo na cidade, a Polícia Militar faz ouvidos moucos sobre a situação e não parece ter mudado a estratégia ou aumentado o efetivo ostensivo. A informação obtida no quartel da PM é que o comandante da Companhia, o capitão Rodnei Sebastião Dutra Hernandes estava “trabalhando para o batalhão”, em Fernandópolis. Também não foi informado o horário de trabalho do tenente Osório, comandante do pelotão. Apesar dos insistentes pedidos de entrevista, nenhum representante da PM atendeu a reportagem.
Associação Comercial fala em “insegurança e pede providências
Na última quinta-feira, a Associação Comercial e Industrial de Jales (ACIJ) enviou um ofício às polícias Militar e Civil pedindo providências. O documento também foi enviado à Subsecção Jales da OAB pedindo que a entidade endossasse o apelo.
Ao jornal A Tribuna, o presidente da ACIJ, Carlinhos Altimari, disse que os comerciantes estão “muito inseguros”. “É preciso prender essas pessoas para acabar logo com isso. Não pode deixar isso crescer mais. Estamos ficando reféns dessa situação. Estamos esperando que eles tomem logo uma providência em relação a isso”.
No ofício, a Associação afirma que recebeu, por mais de uma vez, pedidos para que a entidade intercedesse junto às polícias Civil e Militar sobre as “tentativas de roubos” que vem acontecendo seguidamente em nossa cidade.
“Atendendo aos nossos empresários, pedimos maior presença da Polícia Civil e Militar, pois sabemos que o simples fato da presença da polícia nas ruas, ajuda a inibir a ação desses marginais”.
No ofício, a entidade lembra que as polícias enfrentam diversos problemas estruturais como falta de capital humano, viaturas e melhores condições de trabalho, mas ressalva que os empresários não têm a quem recorrer.
“Também vale ressaltar o mérito desses bravos policiais, tanto da Polícia Civil quanto da Militar que, corajosamente enfrentam a criminalidade para a proteção de toda a população de Jales e Região. Por isso contamos com vocês”.
Até o fechamento dessa edição as polícias Militar e Civil ainda não haviam respondido o ofício enviado pela ACIJ.