Terça-feira, Novembro 26, 2024

Mulheres…

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“As mulheres se sentem assustadas com a agressividade da política parlamentar, que é fortemente marcada pelo estilo machista masculino”

No ano de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica que trabalhavam e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. 

No ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, nasceu o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem as mulheres que morreram nessa fábrica em 1857. 

No Brasil, o ano de 1934, foi o ano em que nossas  “bravas” mulheres brasileiras conquistaram o direito de, finalmente participar da democracia, ou seja, serem votadas e votar. 

Depois de mais de oitenta anos, o que mudou nesse tempo? Essa foi essa a discussão da palestra “Participação Política da Mulher Brasileira – 8 décadas de luta pela representação política”, realizada na      UFRGS, em novembro passado, com muito destaque na mídia alternativa. 

Nossas “bravas” mulheres contribuíram para a mudança da realidade no Brasil. Ditadura, impeachment de Collor, a luta partidária, diretas já,  etc. É sabido que a procura de igualdade de oportunidades – nas suas diversas vertentes, e em especial a Igualdade de Gênero – representa um importante propósito na construção de uma sociedade verdadeiramente representativa. Pela democracia e pelos direitos não só femininos, mas de toda uma sociedade. E o que se sabe é que nunca, como hoje, o mundo está vendo as mulheres chegarem ao poder das maiores potências mundiais.

Os estudos mostram que há tendencialmente, cada vez mais mulheres nos Parlamentos do mundo inteiro. Por exemplo, e se na Suécia perto de 50% do parlamento é feminino, um Relatório da Comissão Europeia, de 2014, apontava para que as mulheres européias ocupam apenas 28% dos lugares parlamentares. Poderia ser muito mais.  Considerando que a participação feminina na vida política só pode beneficiar a democracia, contribuindo para uma sociedade mais equilibrada e, opere uma indispensável mudança no que se refere ao acesso das mulheres aos cargos políticos, acompanhando, aliás, os sinais de mudança política internacional.

Este ano, o oito de março vai ser acrescido de duas datas importantes: os 106 anos do Dia Internacional da Mulher e o bicentenário de Nísia Floresta Brasileira Augusta, grande feminista, motivo de orgulho e profunda admiração não só em nosso País, mas em todo o mundo.

Acho que todas as mulheres, jovens, adultas, idosas, negras, brancas, pobres, gestoras, sindicalistas, donas de casa, devam participar mais da vida política, pela capacidade que elas têm de lutar pela construção de uma sociedade e um mundo mais igual, mais justo e solidário.   Um    mundo  mais   humano e com um toque feminino. Quer  melhor? 

As mulheres, hoje,  compõem mais da metade da população do planeta. Em nosso país são mais de 51%. Hoje, elas têm mais escolaridade, estão em todas as áreas do mercado de trabalho, mas pouco participativas nesta política machista brasileira. No livro de Gail Meyer Rolka, Cem Mulheres que Mudaram a História do Mundo, ele  organiza cronologicamente uma seleção de 100 perfis e  revela o quanto as mulheres fizeram para moldar e mudar a história. O escritor aborda os problemas enfrentados pelas mulheres e suas conquistas. Este livro não fala apenas de rainhas ou princesas, ele inclui mulheres menos prestigiadas que fizeram grandes modificações, como Tarsila do Amaral, Anita Garibaldi, Cecília Meireles, Chiquinha Gonzaga, Joana d’’Arc, Maria Quitéria, Maria Montessori, Rosa Luxemburgo, Marie Curie, Agatha Christie, Rachel de Queiroz, Frida Kahlo, Madre Teresa, Irmã Dulce, Evita Perón, Anne Frank, e outras. 

No Brasil em que a política é tradicionalmente uma área masculina, os partidos políticos até alguns anos atrás só abrigavam correligionários homens, já não são tão “machista” assim. A entrada de mulheres começou a ocorrer a partir dos anos oitenta e, só não progride mais, por falta de interesse e porque os machões políticos são muitos fechados à  entrada das mulheres. Em minha opinião o que marca a ausência das mulheres é a falta de democracia dentro desses aglomerados chamados de partidos políticos. A instituição da cota de 30% para as mulheres candidatas nos partidos não funciona porque não há uma lista partidária fechada e sim uma cota pra inglês ver. E viva o dia Internacional da Mulher

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(*)Marco Antonio Poletto é gestor no Poder Judiciário, Historiador, Articulista e Animador Cultural.

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