A Polícia Civil concluiu na segunda-feira, dia 20, o inquérito aberto para apurar a morte do pecuarista e comerciante de gado José Antônio Padula, morto pelo seu advogado, Clayton Colavite, há 18 dias. A conclusão do trabalho esperava apenas o Laudo Pericial da cena do crime, dos objetos usados como arma, necropsia do corpo da vítima e o exame de Corpo de Delito do autor. O advogado foi indiciado por homicídio simples. A defesa alega legítima defesa.
O jornal A Tribuna apurou que os exames comprovaram que a causa da morte foi uma hemorragia resultante de trauma cervical (no pescoço) aplicado por objeto perfuro contundente (no caso uma caneta) no pescoço do pecuarista. Os golpes de martelo não teriam sido fatais.
Também foram constatadas lesões no corpo do assassino. Entre eles arranhões, escoriações e hematomas no pescoço, costas, joelhos e braços. Os ferimentos seriam compatíveis com a versão de legítima defesa. Isso corroboraria a teoria da defesa e os depoimentos do autor, segundo os quais, Padula teria aplicado um golpe conhecido como gravata em Clayton, que para se desvencilhar, pegou uma caneta que estava sobre e mesa e aplicado um golpe no pescoço do seu agressor.
Segundo o delgado Sebastião Biazi, a perícia incluiu dois cômodos do escritório. A sala onde o crime foi cometido e a ante-sala onde o corpo foi encontrado. “O autor arrastou a vítima até a ante-sala. Segundo o que ele alegou era porque ele não queria deixar o corpo no escritório dele. Quando nos chegamos ele estava agachado, próximo à uma parede em estado de choque. Do local, ele não via o corpo. Ele alegou que não queria ficar vendo a vítima deitada porque eram amigos”.
MOTIVAÇÃO
Segundo o advogado Aislan de Queiroga Trigo, um dos profissionais designados pela OAB para defender o autor, a discussão que resultou no homicídio se iniciou depois que Clayton, que era advogado e amigo de Padula, informou que as multas sofridas por ele por crime ambiental já se aproximavam de R$ 7 milhões. “Padula achou que ele deveria ter sido informado antes e que Claytou não tinha feito o acompanhamento devido”.
Em entrevista, Aislan explicou Padula era alvo de uma Ação Civil Pública por crime ambiental ocorrido em 2010 e essa ação previa multa em caso de descumprimento. “O problema é que nos últimos anos houve mais crimes ambientais que foram acrescentados na ação e isso gerou um volume total de aproximadamente R$ 7 milhões em multas. Padula teria reiterado nessa conduta por aproximadamente sete vezes. Isso de acordo com o depoimento do dr.Clayton”.
O valor teria aborrecido o pecuarista, que atribuiu ao advogado uma suposta omissão no acompanhamento da ação, e iniciou uma discussão que descambou para agressões físicas e, finalmente, o homicídio.
Justiça concede liberdade provisória e advogado já está fora da prisão
Em decisão tomada no final da tarde de sexta-feira, 24, o juiz da 5ª Vara Judicial de Jales, Adílson Vagner Ballotti, revogou a prisão preventiva do advogado Clayton Colavite e concedeu a liberdade provisória solicitada pela defesa do acusado pela morte do pecuarista e comerciante João Antonio Padula. O advogado terá, no entanto, que cumprir algumas condições impostas pela Justiça, além de pagar um fiança correspondente a 10 salários mínimos.
Entre as medidas cautelares incluídas pelo juiz em sua sentença está a determinação de que Clayton não mantenha contato com Paulo Ricardo Padula, filho da vítima. Outras condições dizem que o advogado não poderá frequentar bares e similares e terá que se apresentar mensalmente perante o juiz e comprovar que está trabalhando regularmente em sua atividade profissional.
A decisão do juiz foi tomada após manifestação do promotor Anderson Scandelai, que, depois de receber as conclusões do inquérito conduzido pelo delegado operacional da Polícia Civil de Jales, Sebastião Biazi, resolveu adiar o oferecimento de denúncia contra Clayton e, ao mesmo tempo, pediu para a polícia investigar mais alguns detalhes do caso. Na mesma manifestação, o promotor disse que não havia mais motivos para a manutenção da prisão preventiva de Clayton, opinião que foi compartilhada pelo juiz Adílson Ballotti.
O advogado de defesa de Clayton, Aislan Queiroga Trigo, permaneceu no Fórum até a expedição do alvará de soltura de seu cliente. Ainda na sexta-feira, por volta das 21:30 horas, Clayton deixou a Penitenciária Regional de Araraquara, onde estava em uma cela especial para presos com curso superior, a mesma que já abrigou, no passado, o ex-juiz federal João Carlos da Rocha Matos, preso em 2003 sob a acusação de integrar um esquema de venda de sentenças.