A chegada de uma frente fria que derrubou as temperaturas em Jales e na região trouxe de volta para muita gente a preocupação com os mais vulneráveis às condições meteorológicas, especialmente aqueles que se encontram em situação de rua ou que possuem pouco abrigo. Dados da Casa de Apoio ao Migrante mostram que Jales tem atualmente 60 pessoas em situação de rua. O número aumentou depois da pandemia do novo coronavirus, quando muitas famílias perderam seu provedor e seus integrantes romperam o vínculo familiar. Alguns recorreram às drogas e ao álcool e se encontram em situação de rua. Mas a Casa atende 24 horas por dia. Na madrugada de terça-feira, 28 de maio, além do atendimento rotineiro, outras sete pessoas procuraram a instituição para pernoite, fugindo do frio que chegou com força.
A instituição, que é subordinada à Secretaria Municipal de Assistência Social, também recebe pessoas indicadas pela justiça. Atualmente há nove pessoas abrigadas na Casa nessas condições. São pessoas que possuem transtornos mentais que perderam o vínculo familiar e a justiça entende que precisam ser abrigados, precisam ter um lugar para morar, então são enviados para lá. Os migrantes têm prazo de três dias para atendimento. A partir desse tempo, a instituição oferece passagem para um município conveniado, que seja mais próximo do endereço do migrante.
Boa parte dos frequentadores procura a instituição para se alimentar ou pousar em dias de condições climáticas medianas. Porém, em épocas de frio agudo, como a que atravessamos esta semana, a procura aumenta mesmo é para pouso.
Relatório da entidade mostra que entre janeiro e abril foram realizados 1.078 atendimentos para pouso ou pernoite; 1.206 para banho e 6.646 para alimentação. Em janeiro foram realizados 276 atendimentos para pernoite, em fevereiro foram 238, em março 281 e em abril foram também 281. São servidas quatro refeições por dia: café da manhã, almoço, café da tarde e jantar. As refeições são fartas e servidas no próprio local. Sem contar os atendimentos psicossociais e as abordagens. A Casa conta uma equipe de 15 funcionários, incluindo psicóloga e assistente social que vão às ruas fazer a busca ativa e pesquisa social.
“Muitos preferem ficar na rua mesmo. Outros passam por lá periodicamente em busca da alimentação, de pouso ou banho. Mas continuam na rua”, disse a coordenadora da Casa de Apoio ao Migrante, Angélica Pereira Moura.
O número de passagens fornecidas também merece destaque. Em janeiro foram 71 passagens, em fevereiro 60, em maço 45 e em abril 53 passagens, totalizando 229 passagens, que são fornecidas para os migrantes que desejam voltar para os seus endereços de origem.
“Durante os meses mais frios há a distribuição de cobertores e alimentação nos locais de concentração habitual dessa população como também existe diariamente dentro da instituição. As refeições são café da manhã, almoço, café da tarde, jantar e oferecemos pernoite, banho e entrega do kit de higiene, contudo é importante destacar que, apesar dos esforços empreendidos pela equipe multidisciplinar, deparamos com desafios significativos no que tange a efetividade do acompanhamento pois essa população demonstra resistência à mudança e relutância em seguir as diretrizes estabelecidas pela instituição que nada mais são do que as regras de convivência humana que devem ser seguidas por toda a população em todos os ambientes”, pontuou.
RECUPERAÇÃO DE
VÍNCULOS
A equipe multidisciplinar realiza busca ativa nas ruas e os cidadãos em situação de rua são convidados para se abrigarem na Casa de Apoio ou usufruírem dos serviços de higiene pessoal e refeição. A legislação não permite internação compulsória, se a pessoa não está cometendo crimes. “A maioria prefere se manter na rua, quando o frio permite. Alguns pedem apenas refeição ou, quando está frio, pedem um cobertor ou um agasalho”.
Paralelamente, os profissionais tentam descobrir, quando possível, os motivos da condição de rua e tentar reatar o vínculo familiar perdido. Os exemplos são um casal que estava abrigado sob o Viaduto Antônio Amaro e foi auxiliado a voltar para a sua cidade, na grande São Paulo, e um homem que estava morando em uma barraca de camping no Terminal Rodoviário, e também voltou para a sua cidade depois de receber uma passagem fornecida pela Casa.
Jales tem 60 pessoas em situação de rua
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