Na Sessão Ordinária da última segunda-feira, 15 de julho, o vereador Rivelino Rodrigues apresentou a Indicação nº402/2024 pedindo ao prefeito Luis Henrique que tome as medidas necessárias para promover uma desapropriação amigável ou doação integral do Jales Clube com objetivo de transformar o local em um Centro Administrativo Municipal para abrigar todas as secretarias municipais, além de outros órgãos.
A medida envolveria esforços e estudos conjuntos dos secretários municipais de Desenvolvimento Econômico, Cultura e Turismo – Carlos Roberto Altimari; de Obras, Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano – Manoel Andreo de Aro; e a Procuradoria Jurídica do Município.
“O referido clube está sem utilização há anos e sua transformação em um grande Centro Administrativo Municipal traria inúmeros benefícios. A centralização de todas as secretarias municipais em um único local facilitaria o acesso da população aos serviços públicos, otimizaria os recursos e melhoraria a eficiência administrativa. Além disso, a revitalização dessa área contribuiria para o desenvolvimento urbano e valorização do entorno, promovendo um ambiente mais seguro e organizado”, justificou.
DOAÇÃO PARA O HOSPITAL DE AMOR
Um dia depois, na quarta-feira, 17, um grupo de diretores do Jales se reuniu com o presidente da Fundação Pio XII, fundadora e mantenedora do Hospital de Amor, para reiterar a intenção de doar o terreno do clube para a instituição de saúde. Foi a terceira oferta feita pelo clube que é presidido há décadas pelo pecuarista e advogado, Clóvis Pereira.
Duas pessoas que participaram da reunião disseram que a proposta do presidente do clube é que a Fundação use a área para instalar uma faculdade de medicina. O Hospital não aceita. Não tem dinheiro nem intenção de fazer um investimento tão alto.
A reportagem apurou que Henrique Prata só aceita se for uma doação “livre”, ou seja, “se doar, será por amor e acreditando na obra que salva vidas, sem imposição nenhuma. A partir daí, as coisas acontecem”.
Como o Hospital não planejava abarcar o imóvel, a diretoria não tem destino definido para a área e entende que se trata de uma área imensa, onde qualquer intervenção demanda muito dinheiro.
O jornal apurou que dos 25 fundadores, restam atualmente apenas 7 e todos estão com idade acima dos 80 anos. A doação tem aceitação praticamente unânime entre os sócios. O mais reticente é exatamente o presidente Clóvis Pereira, que ficou de discutir a posição de Henrique Prata com o restante da diretoria e voltar com a resposta em reunião sem data marcada.
TERCEIRA TENTATIVA
No início de 2019, a proposta de doação do Jales Clube para o Hospital construir uma faculdade de medicina chegou a ser discutida entre o presidente do clube, Clóvis Pereira, e o diretor geral do hospital, Henrique Prata, que esteve em Jales visitando as instalações do “JAC”. Já naquela ocasião, Prata não teria se sentido atraído pelo negócio devido aos custos de implantação e a demora no retorno financeiro. “O Henrique precisa de alguma coisa que dê retorno para o hospital. Se eles quiserem fazer uma doação para que ele possa fazer dinheiro com isso e reverter para o hospital, sim [o negócio seria viável], mas para levar uma faculdade de medicina ou hospital, não. Por ele, já está descartado”, disse na época, a assessoria do hospital.
Uma comissão integrada pelo próprio Henrique Prata, pela diretora administrativa da Unidade de Jales e outros assessores fez uma expedição ao Jales Clube para conhecer as instalações e averiguar as reais condições de transformação do clube em faculdade. O grupo foi recebido pelo presidente do Clube, Clovis Pereira, e pelo vice-presidente, o engenheiro Vadinho Polízio.
Clóvis Pereira confirmou o encontro e a tentativa de acordo,mas ressalvou que o negócio esbarrou na questão financeira. “O Jales Clube é uma entidade social e recreativa e o negócio deles é na área e saúde. Atualmente o Hospital de Amor tem um déficit mensal de R$ 26 milhões a R$ 28 milhões, então é uma luta para ele se manter”.
A proposta era uma tentativa de ressuscitar uma idéia nascida quando a Fundação Pio XVII ainda estudava investir na sua primeira faculdade de medicina, em Barretos. Na época, a entidade chegou a buscar um terreno nas proximidades da unidade de Jales, mas o acordo não foi adiante.
Clóvis Pereira já informou aos demais sócios que precisa dar destinação ao clube, que administra há mais de 40 anos. A idade seria o motivo.
“Enquanto você tem 30 ou 40 é uma coisa, mas quando você chega aos 80 é outra bem diferente. Eu já comuniquei aos fundadores que tenho que entregar o cube o mais rápido possível. Só que ninguém quer assumir nada mais hoje em dia. A situação do país é complicada. Tem até algumas pessoas que gostariam de pegar, mas não tem condições”.
Apesar das dificuldades que trazem a iminência de fechamento, o clube não tem dívidas. “Tenho certidões da Receita Federal, da Estadual, da Prefeitura e tudo o que é preciso”.
Com 6 alqueires e avaliado em aproximadamente R$ 80 milhões, segundo o presidente, “o Jales Clube não vende nada e não deve nada”.