Além de espancar violentamente o pequeno Guilherme, de 1 ano e seis meses, causando-lhe ferimentos fatais, T.S.O., o Tiago, de 24 anos, também impediu que a mãe do bebê chamasse o socorro. “Eu avisei que, se eu não chamasse o SAMU, o menino iria morrer e ele respondeu foda-se!”, contou a mãe da criança, P.M.O.N., a Patrícia de 18 anos, que afirma também ter sofrido agressões de Tiago.
Ela contou à polícia que na tarde de terça-feira, 23, saiu de casa por alguns minutos para pedir a transferência de seu benefício social (Bolsa Família) para Aspásia, cidade para onde haviam se mudado cerca de 10 dias antes. Quando chegou em casa, encontrou o filho deitado de bruços sobre um colchão e “passando mal”. Ao indagar o convivente sobre a situação, a mulher teria sofrido agressões e ameaças de morte e teria sido impedida de chamar o socorro.
Cerca de quatro horas depois, por volta das 18horas, diante do agravamento do estado de saúde do menino, Tiago autorizou Patrícia a chamar o SAMU, porém, sob a condição de que ela dissesse que o menino tinha sofrido “uma queda da pia”.
Finalmente, o bebê foi levado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento de Jales) e encaminhado para a Santa Casa, à noite. Porém já era tarde demais e as previsões da mãe se concretizaram. O pequeno Guilherme morreu na manhã de quarta-feira, 24, em decorrência das agressões. Os médicos desconfiam que alguns órgãos internos tenham se rompido. Também havia indícios de que o bebê tenha sofrido abuso sexual, mas a polícia prefere aguardar os laudos necroscópicos para ter certeza desse crime.
SANTA CASA
Foi na Santa Casa de Jales que a farsa começou a se desmontar. O estado de saúde do pequeno Guilherme era tão grave que os médicos e enfermeiros desconfiaram logo que não se tratava apenas de uma queda. Também havia poucas lesões aparentes e os ferimentos eram concentrados na região abdominal, o que também descartava a tese de queda acidental.
O Conselho Tutelar e as polícias foram acionados e passaram a interrogar o casal, que mantinha a versão inicial. Foi então que, na delegacia, a mulher foi interrogada separada do convivente e teve coragem de desmentir o que tinha dito. Tiago foi preso em flagrante e já saiu da Central de Polícia com destino a uma cadeia da região, cujo endereço não foi informado por motivos de segurança.
PERIGOSO
De acordo com a polícia, T.S.O., o Tiago, é um homem perigoso e com extensa e variada ficha criminal, que começou na adolescência e inclui passagens por roubo e tráfico de drogas, crime pelo qual já cumpriu pena de 1 ano e 8 meses. Em sua casa foi encontrado um revólver calibre 38 de 8 polegadas, cano longo com a numeração raspada.A polícia de Campinas investiga o seu envolvimento em outros crimes, inclusive em um homicídio.
INOCENTE?
A moça não foi indiciada pela polícia de Jales e voltou livre para Campinas, mas essa não foi a primeira vez que ela se envolveu com um criminoso. Seu companheiro anterior, o pai da criança, foi assassinado no ano passado, provavelmente em decorrência da vida criminosa que levava. Ele também tinha diversas passagens policiais e depois da sua morte, Patrícia passou a viver com Tiago, que era um de seus colegas de crime.
Apesar de constar como vítima, Patrícia também tinha conhecimento das agressões que o filho sofria do amásio. Em 9 de janeiro passado, um avô do menino desconfiou de hematomas no corpo do bebê e denunciou o caso ao Conselho Tutelar de Campinas, onde moravam.
Foi o próprio Tiago quem contou à polícia que eles tiveram que fugir da cidade, às pressas, para escapar de um grupo de justiceiros que pretendia “pegá-lo” para se vingar das agressões ao menino.
“Com medo desse pessoal, o casal pegou um UBER no meio da madrugada e fugiu para Aspásia, onde mora a avó de Tiago. As agressões, porém, continuaram até resultar nesse triste final ”, contou o delegado Sebastião Biazi.
Inicialmente, Tiago será indiciado pelos crimes de lesão corporal seguida de morte, posse de arma de fogo de uso restrito e violência doméstica. O indiciamento por estupro de vulnerável ainda vai depender do resultado dos exames no corpo do bebê. Guilherme foi trasladado para Campinas com o auxilio da Prefeitura de Aspásia e foi sepultado no dia seguinte. Patrícia voltou para a mesma cidade, graças aos policiais que colaboraram com o pagamento da passagem.