Sem receber R$ 6 milhões, verba correspondente ao valor que o Governo do Estado teria que repassar entre os meses de janeiro a julho deste ano, o Hospital de Câncer de Barretos – Unidade III Jales deixou de realizar cerca de 1.500 cirurgias. Com o atraso no repasse de R$ 24 milhões ao hospital nesse período, foi necessário recorrer a um empréstimo de R$ 30 milhões aos bancos e manter o atendimento nas unidades de Barretos e Jales.
Segundo o diretor geral do hospital, Henrique Prata, a unidade de Jales é uma das mais prejudicadas. A manutenção de todas as unidades do HC custa R$ 27 milhões por mês. Somente a de Jales custa mensalmente R$ 3 milhões. O estado repassa R$ 4 milhões todos os meses, sendo que R$ 1 milhão é destinado para o HC de Jales. O restante chega através de eventos promovidos pelo hospital, SUS, doações e voluntariado.
Dos 5 mil atendimentos diários, mil são feitos na unidade jalesense. “Nosso grande problema é que esses R$ 4 milhões não chegam desde janeiro. É uma guerra fiscal do Estado com a União. O Governo Federal fala que está com o Estado e o Estado diz que está com o Governo Federal. Enquanto isso, estamos pagando R$ 600 mil mensais de juros desnecessários para o banco, revelou Prata.
O gerente administrativo da unidade de Jales, Roger Dib, enfatizou que dois dos quatro centros cirúrgicos do hospital estão parados. “Caso o repasse tivesse sido feito mensalmente, de janeiro a julho teríamos conseguido realizar 1.500 procedimentos cirúrgicos e beneficiar famílias de diversas cidades e vários estados brasileiros”, e emendou: “O R$ 1 milhão repassado mensalmente representa 33% dos custos de manutenção do nosso hospital. Além das 250 cirurgias mensais que poderiam estar sendo realizadas, a fila para os procedimentos ficam maiores”.
Roger revelou que no mês de julho o governo estadual começou a pagar os atrasados. “Em julho pagaram dois meses atrasados, em agosto acertaram mais dois meses e, agora em setembro, um mês. Mas o nosso problema é que precisamos que esses recurso sejam pagos mensalmente, em dia, para que não precisemos recorrer a empréstimos e trabalharmos sem saber quando a verba será repassada”, finalizou.