Terminou sem sucesso a reunião organizada pelo Fórum da Cidadania na noite da última quarta-feira, 27, para mais uma tentativa de acordo político entre os principais candidatos a prefeito de Jales. A esperança de uma candidatura única ou que unisse as maiores forças políticas da cidade emperrou, mais uma vez, no nome do candidato a vice.
Estavam presentes as duas duplas de pré-candidatos formadas pelo prefeito Pedro Callado e o empresário Osvaldo Costa Júnior, o “Bixiga”, e pelo ex-vereador Flávio Prandi Franco e o cartorário José Devanir Rodrigues, o “Garça”. Além de assessores e integrantes do Fórum da Cidadania, como Carlos Alberto Expedito de Britto Neto (coordenador do Fórum), Alexandre Alves Rensi (Sincomércio), Carlos Altimari (ACIJ), Edson Roberto Silva (Loja Maçônica 3º Milênio), entre outros.
Para o coordenador do Fórum, há um consenso em torno do nome de Flávio Prandi Franco para a candidatura a prefeito,já que Pedro Callado estaria disposto a abdicar da candidatura, se seu grupo pudesse indicar o candidato a vice-prefeito. Mas os partidos não conseguiram apresentar um candidato a vice que fosse aceito por todos.
“Já passou a fase de discussão sobre o nome do candidato a prefeito. O problema está na escolha do vice. O Garça poderia abrir mão, mas por um nome que tenha relevância política. Não se pode trocar oito por quatro.Precisa ser um candidato que atenda ao que a cidade precisa, senão, não vai chegar a união nenhuma”, disse Carlos Alberto Expedito de Britto Neto.
GRUPOS NÃO DEIXAM
O pré-candidato a vice na chapa encabeçada por Flá, disse que também estaria disposto a abdicar da sua candidatura, mas o grupo de partidos que o apóiam não concorda. “Nesse momento fica difícil porque eu estou disposto a abrir mão, mas não depende só de mim. Tem que ver com o grupo de partidos que compõem a base. Se eles me liberarem eu abro mão, mas eu acho difícil. O grupo não concorda”.
A afirmação foi comprovada na noite seguinte, quando uma nova reunião no “Cartório do Garça” levou à mesa os presidentes dos partidos que apóiam a chapa Flá-Garça e o prefeito Pedro Callado. O objetivo era mostrar ao tucano que o grupo estava unido em torno da chapa e irredutível.
Presentes, Nivaldo Batista, o Tiquinho (PSD), Claudir Aranda (PDT), Alessandro Japonês (PRB), Luís Especiato (PT), Juliano Matos (PPS), João Missoni Filho (PMDB), Luiz Henrique Moreira (PP), Wladimir Prandi Franco, o Gibão (PHS) e o vereador Júnior Rodrigues (PSB). Três outros partidos – PTB, PRP e PTN – que também farão parte do grupo de apoio à dupla Flá-Garça não estavam representados.
Sem acordo, Garça sugeriu uma coligação para a chapa de vereadores. “Como o grupo não abre mão da minha candidatura, queremos fazer uma coligação com o PSDB porque sozinho o PSDB não vai a lugar nenhum. É igual ao PMDB. Vamos acolher o PSDB para o bem da cidade”.
A proposta foi rejeitada por Callado, que, no entanto, voltou a dizer que não é obstáculo para uma composição que satisfaça os dois grupos.
Posição semelhante tem o PSDB. Um dos líderes do partido ressaltou que, ainda que Callado aceitasse abrir mão da candidatura para indicar o nome do vice, a medida tem que passar pelo crivo do Diretório Municipal e pela Executiva Estadual do partido. “Não são os quatro que decidem. Se o Pedro Callado disser que não é candidato, é um direito dele, mas se isso acontecer, o PDSB local vai decidir quem será o nome do partido”, disse a secretária Márcia Maldarine.
A reunião começou com uma breve explanação de Carlos Alberto e Rensi sobre as vantagens de uma candidatura única, inclusive a economia de recursos de campanha e uma suposta união da sociedade. Ambos ressalvaram que não se tratava de uma intervenção ou imposição do grupo sobre os candidatos, mas apenas de uma demonstração de boa vontade para corroborar um possível acordo.Em seguida, falaram os presidentes do PSDB (Carlos Cardozo da Silva), do PV (“Bixiga”), do PMDB (Garça) e do DEM (Flá).
Porém, não houve consenso e ficou combinado que todos os partidos indicariam nomes para que o grupo escolhesse o mais viável a ser o vice de Flá. “Não cabem quatro nomes em duas vagas e num eventual entendimento, o outro bloco teria que indicar o vice, que sairia de uma lista apresentada por todos os partidos. Eles ficaram de decidir até o fim de semana”, disse Carlos Alberto.
De acordo com o relato do coordenador do Fórum, Flá teria questionado como os partidos que indicariam o vice chegariam a um acordo. “Afinal, alguém tem que abrir mão”.
Callado diz que proposta não é união. É adesão
Procurado pela reportagem, o prefeito Pedro Callado negou que tenha abdicado da candidatura, ressaltou que não é obstáculo a qualquer acordo, mas criticou a proposta do grupo adversário dizendo que não se trata de união, mas de adesão.
A Tribuna: o senhor abriu mão da candidatura?
Dr.Pedro: Não é verdade. A versão que está circulando por aí não está batendo com a realidade. Na reunião de quarta-feira, eu e o Bexiga colocamos que não éramos óbice para esta união que estava sendo proposta. O Garça também disse que estava disposto a abrir mão, mas que não poderia porque tinha compromisso com o grupo. Na noite de quinta-feira, ele me chamou para uma reunião no cartório com os outros partidos e eles confirmaram isso para mim: não abririam mão do Garça como vice. Eu continuo não sendo óbice para essa união, mas não abri mão.
A Tribuna: O que está emperrando nessa negociação?
Dr.Pedro: Eu fiz uma proposta para que um grupo indicasse o candidato a prefeito e o outro apresentasse o candidato a vice. Eles não abrem mão de indicar os dois. No meu entendimento, isso não é união, mas adesão. União é a junção dos projetos. O que eles querem não é isso.
A Tribuna: Eles fizeram alguma outra proposta? Ofereceram alguma secretaria ou uma chefia de gabinete?
Dr.Pedro: Isso também não é verdade. Nem eles prometeram, nem nós pedimos. Nem tocamos nesse assunto. A proposta é de união de projetos.
A Tribuna: Nesses termos, a sua candidatura está mantida, então?
Dr.Pedro: Sim! Em momento algum eu coloquei que estava fora. Agradeço a vocês por colocarem a minha versão. Não respondo ofensas ou ataques, mas não sei de onde surgem essas versões. Essa notícia só pode ser coisa plantada porque não existiu isso.