Segunda-feira, Novembro 25, 2024

Falta de consciência facilita proliferação do Aedes e coloca em risco a saúde dos jalesenses

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Já houve um tempo em que a única preocupação causada pelo mosquito Aedes Aegypti era a dengue, mas, recentemente, descobriu-se que ele é responsável, também, pela transmissão de outras doenças como a febre chikungunya e o zika vírus, que tiveram aumento em 2015. Descobriu-se, ainda, que, no caso do zika vírus, existe uma relação com o surto de microcefalia verificado na região Nordeste, fato que está preocupando os brasileiros – principalmente as grávidas – e provocando a mobilização oficial dos governos federal, estaduais e municipais. Em São Paulo, já foram confirmados pelo menos dois casos do zika, um deles em São José do Rio Preto.

A mobilização dos governos no combate ao Aedes – que no caso de São Paulo vai envolver até a Polícia Militar e a Defesa Civil – é primordial, mas, de outro lado, é vergonhosa a falta de consciência, ou de responsabilidade, que ainda existe na sociedade. Muitos inocentes estão ficando doentes por conta da falta de cuidados de vizinhos que ainda não se deram conta de que a doença pode estar morando ao lado, quem sabe em uma mera tampinha de garrafa jogada no quintal. Em Jales, a falta de consciência – ou de responsabilidade – também preocupa.

Um exemplo pode ser encontrado no Jardim Nova Vida, quase no centro da cidade, onde uma casa vazia, que ocupa dois lotes, espera por um inquilino ou um comprador há alguns meses, como indicam as três placas de “Vende-se” e “Aluga-se”, instaladas por duas imobiliárias. Por enquanto, o único inquilino pode ser o temido mosquito da dengue, já que a casa possui uma piscina com água esverdeada, propícia à procriação do Aedes. A situação da piscina foi denunciada por uma vizinha, inconformada com a falta de respeito para com a saúde alheia.

“Nós tivemos vários casos de dengue aqui no bairro, neste ano, e, se não tomarem providência com relação a essa piscina, a tendência é aumentar. Agora, além da dengue, nós temos que nos preocupar também com o zika. Têm pessoas grávidas aqui no bairro e elas estão apavoradas com essa situação. Eu já liguei algumas vezes na vigilância sanitária, mas não fui atendida, ninguém fez nada. Agora estou ligando para o pessoal da dengue e eles prometeram uma visita à casa. Vamos ver se eles virão mesmo”, afirmou a moradora do bairro.

Esse não é, porém, o único exemplo de descaso no Jardim Nova Vida. “Se não bastasse a piscina abandonada, nós temos esses dois lotes da Rua Nove que o dono não cuida. Os lotes vivem cheios de mato e as pessoas aproveitam para jogar todo tipo de lixo. E tem também quem se aproveite do mato e da escuridão para consumir drogas. De vez em quando, a gente recolhe garrafas, latinhas, sacolas e outras coisas que podem servir de criadouro para o mosquito. O nosso vizinho aqui do lado também ajuda a recolher, mas a Prefeitura deveria tomar uma providência. Não existe uma lei que prevê uma multa para esses casos? Então, é preciso aplicá-la”, reclama a moradora.

Outra moradora também aproveita para reclamar do perigo que sua família vive em relação ao contágio da dengue. Com um bebê de apenas três meses, ela conta que está preocupada com a situação de abandono da piscina. “Eu não vi, mas minha vizinha me disse que a água está esverdeada há muito tempo. Os donos deveriam pedir para alguém fazer uma limpeza, pois essa piscina pode estar cheia de larvas. De vez em quando, encontro mosquitos da dengue aqui em casa”, garante a mulher.

Prefeitura vai notificar mais de 1.000 donos de lotes vagos

          Levantamento da Secretaria de Obras e Serviços Públicos mostra que Jales tem cerca de 4.000 terrenos sem construção, o que dificulta a fiscalização. Mesmo assim, o secretário Manoel Andreo de Aro garante que, a partir deste mês, a Prefeitura pretende fiscalizar com mais rigidez os casos de lotes mal cuidados. 

“Nós não podemos brincar com a saúde da população. O nosso objetivo é agilizar a fiscalização. Até algum tempo atrás nós tínhamos que notificar o dono do terreno três vezes, antes de aplicar a multa. Agora, estamos mudando o sistema: o contribuinte vai ser notificado apenas uma vez e, se no prazo de 15 dias, ele não comprovar que tomou providências, a Prefeitura vai limpar o terreno, fotografá-lo antes e depois da limpeza e emitir a multa. Acredito que, desse modo, o donos de terrenos vão ficar mais cuidadosos”, disse Manoel.

Nesta semana, as notificações já deverão começar a chegar aos contribuintes, através dos Correios. “De início, nós estamos emitindo pouco mais de 1.000 notificações. Temos uma equipe da Secretaria de Planejamento trabalhando nisso e acredito que em breve começaremos a ver os resultados”, diz Manoel. Ele explicou também que a limpeza dos lotes deverá ser terceirizada. “Nós já encaminhamos ao setor de licitações um pedido para a contratação de uma empresa especializada, uma vez que a Prefeitura não teria condições de realizar a limpeza dos lotes com a celeridade necessária. Os casos de dengue estão aumentando, novas doenças estão surgindo e o poder público precisa fazer a sua parte”, finalizou Manoel.

Casos de dengue já passam de 90 no segundo semestre

A responsável pela divulgação das medidas de combate ao mosquito Aedes Aegypti, Vanessa Luzia da Silva Tonioli, explicou que a cidade já teve 260 notificações e 91 casos de dengue confirmados – 85 deles autóctones – no segundo semestre de 2015. Ela explicou, ainda, que a cidade não teve nenhum caso suspeito de chikungunya e zika, que são transmitidos também pelo Aedes. “Segundo a orientação que recebemos, os casos de suspeita de dengue cujos exames não apresentam resultado positivo, passam a ser suspeitos das outras duas doenças, mas, ultimamente, todos os casos enviados para exame estão dando resultado positivo para dengue”, explicou Vanessa.

Ela disse que, de qualquer forma, é importante que as pessoas – principalmente as grávidas – adotem medidas preventivas. “As grávidas devem usar repelentes, para evitar a picada do mosquito. Não se pode arriscar quando está em jogo a saúde dos bebês”, diz Vanessa. Ela tem razão, pois, apesar de o estado de São Paulo ter confirmado apenas dois casos do zika vírus, um deles foi constatado bem perto de Jales, em São José do Rio Preto. Além disso, em entrevista concedida na segunda-feira, 07, o secretário estadual de Saúde, David Uip, foi claro: “Eu posso afirmar que nós vamos ter zika vírus, sim, em São Paulo, e que também teremos microcefalia causada pelo vírus”.  

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