O Inquérito Policial aberto para apurar a morte da jovem comerciária Cintia Taynara Carvalho Pina, 19, que morreu em decorrência de uma queda de motocicleta na madrugada do último domingo,17, caminha para o indiciamento do seu ex-namorado, B. F. S.S., 20 anos. No momento do acidente, o rapaz dirigia o seu carro, um Astra branco, sem possuir CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Os dois eram ex-namorados e tinham terminado um relacionamento há menos de um mês.
“Foi instaurado o Inquérito Policial Civil com base no Artigo 302, parágrafo primeiro, com agravante porque ele não é habilitado. Agora vamos aguardar o laudo do exame de corpo delito”, disse o delegado Sebastião Biazi, em entrevista radiofônica.
Segundo ele, as investigações estão baseadas em depoimentos do rapaz, de testemunhas e em laudos do local, dos veículos e do corpo. Além de imagens de uma câmera de segurança localizada no posto Avenida, que fica em frente ao ponto onde a moto caiu. “O exame pericial foi feito logo depois do acidente, no local, onde ainda havia a mancha de sangue, e na moto. O carro também foi periciado”.
Os exames no carro teriam comprovado que há danos na lanterna esquerda, na lataria lateral direita e no espelho retrovisor do mesmo lado. A polícia acredita que os danos reforçam as informações de testemunhas sobre uma briga entre o ex-casal, pouco antes do acidente.
Somente o exame necroscópico poderá determinar se o carro atropelou a jovem, mas o delegado já descartou totalmente a hipótese de o rapaz tê-la atropelado de marcha a ré, segundo comentários em redes sociais.
A família da jovem diz que o carro não foi periciado no dia do acidente e acredita que a demora pode ter permitido adulterações de possíveis provas que houvesse no veículo.
O ACIDENTE
O acidente que matou a jovem aconteceu na Avenida João Amadeu, altura do número 3410, esquina com Avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, no Jardim Ana Cristina. Por volta de 2h55, Cintia conduzia uma Honda Bis 125, pela Avenida João Amadeu, no sentido centro-rodovia, quando derivou bruscamente para a esquerda, derrapou no cruzamento das avenidas e acabou se chocando contra o solo. Os médicos que a atenderam encontraram ferimentos graves no rosto e peito.
A polícia apura se o carro do ex-namorado, que trafegava na mesma avenida, porém sentido contrário, passou sobre o seu corpo e se o motorista teve a intenção de matá-la. Socorrida pelos Bombeiros, a jovem foi internada na Santa Casa, mas morreu às 8 horas.
“Como os dois estavam em atritamento, ao vê-lo, ela derivou rapidamente a motocicleta à esquerda, justamente na frente dele, aí aconteceu o acidente. Há o embate e ele deixa o carro ao lado do posto para retornar onde ela está. Depois ficou ao lado dela até ela ser levada para a Santa Casa”, contou o delegado.
A polícia apurou que Cintia e o ex-namorado mantinham um relacionamento bastante conturbado com diversas brigas e reconciliações. Na noite do acidente, a moça teria visto o rapaz no pátio do Posto BR em companhia de um colega e duas meninas, o que teria provocado a ira dela. A jovem teria batido com o capacete várias vezes na lataria do carro, provocando danos do lado direito e quebrando o vidro do espelho retrovisor direito. B.F., então teria tomado o capacete da moça e guardado dentro do carro.
Poucos minutos depois, já na avenida, Cintia retornava para o posto em sua Bis para buscar o capacete, quando teria avistado o carro do rapaz. Supostamente na tentativa de interceptá-lo, ela derivou bruscamente para a esquerda no cruzamento das duas avenidas, derrapou nas pedras que existem no local e caiu.
Imagens de câmeras de segurança obtidas pela polícia mostram o acidente e a reação do rapaz. Depois do choque, ele não parou o carro, nem reduziu a velocidade. Mas deu a volta na rua e guardou o carro numa borracharia ao lado do Posto Avenida, onde estacionou, retornando ao local do acidente a pé. Ele seria funcionário da borracharia.
Testemunhas contaram que ao ver a ex-namorada caída e ensanguentada, ele teria chorado e tentado abraçá-la, chamando o seu nome, mas foi impedido por outras pessoas, que aguardavam a chegada do Corpo de Bombeiros. O rapaz não foi submetido a exames de dosagem alcoólica.
Ainda não tem como determinar com certeza se o carro não passou sobre o corpo da menina. “O exame necroscópico vai determinar se houve atritamento ou arrastamento do corpo. Por isso, eu pedi que o médico fizesse um exame detalhado para verificar toda essa situação. Agora, eu aguardo o resultado”, finalizou o delegado.