Ludi é a nossa Personagem da Semana e com ela tivemos um saboroso bate-papo há duas semanas. Confira:
A Tribuna: Conte um pouco da sua história. Você é nascida em Jales? Morou aqui até quando? Foi embora por que (estudar?)? Sua família ainda mora aqui? Ainda tem amigos aqui? Ficamos sabendo que você esteve aqui no fim do ano. É verdade?
Ludi Cianci: Eu nasci em Urânia, mas nunca morei lá. Passei a maior parte da minha infância entre Jales e Paranapuã. Meus pais moravam em Paranapuã e minha avó materna em Jales, também tenho família em Mesópolis e Populina. Fora do horário escolar eu costumava ficar em Jales, amava passear na Praça do Jacaré e tomar sorvete por ali. Por volta dos 12 anos de idade, minha mãe foi trabalhar em Campo Grande e me mudei pra lá com ela. Passei a vir pra Jales no período de férias, porque minha família continua na região. E faço isso até hoje. Ainda tenho muitos amigos em Jales, alguns também foram embora para estudar ou trabalhar, mas nas férias costumamos nos encontrar. Neste fim de ano eu também fui, passeei bastante pela região, meu pai ainda mora em Paranapuã com a esposa dele. Eu gosto muito, me sinto em casa. E não é em qualquer lugar do Brasil que encontro Cotubinha pra tomar, é meu refrigerante favorito! Sempre que chego, já pergunto: cadê a Cotubinha? HAHAHA
A Tribuna: O que te levou a escolher o jornalismo como profissão? Já pensava em TV?
Ludi Cianci : Eu sempre fui muito comunicativa, mas quando saí do colégio fui cursar Arquitetura, também na UFMS. Fiz três anos do curso, mas estava infeliz apesar de ser uma profissão lindíssima. Num certo momento, comecei a matar aulas de arquitetura para assistir aulas de Jornalismo, as salas de aula eram próximas. HAHAHA me apaixonei pelo curso! Só queria estudar jornalismo. Foi aí que decidi trocar de curso. Foi a melhor decisão que já tomei na vida. Inicialmente não pensava em TV, mas durante o curso percebi que eu me divertia muito fazendo isso e comecei a estagiar na área.
A Tribuna: Sabemos que você passou pela TV Morena, afiliada à TV Globo em Campo Grande-MS. Como você conseguiu um cargo tão almejado logo no início da carreira?
Ludi Cianci: Passei num processo seletivo para estágio na TV Morena (afiliada da Globo em Campo Grande). Só tinha uma vaga, que era para a produção, mas neste ponto da faculdade eu já sabia que eu gostava de aparecer no vídeo. Demonstrei esse interesse para a chefia, que me apoiou e me deu a oportunidade de acompanhar repórteres na rua, para aprender com eles. Em poucos meses comecei a fazer reportagens, principalmente o Globo Esporte da afiliada, ainda como estagiária, e quando me formei fui contratada. Foi muito desafiador, eu precisei aprender de uma maneira muito rápida mas sempre me dediquei muito.
A Tribuna: O Mato Grosso do Sul é um estado gigantesco com inúmeros problemas (pautas) na zona urbana e rural. Onde você viu que a população precisa de mais atenção, na cidade ou no campo?
Ludi Cianci: Eu passei alguns meses trabalhando em Dourados-MS, é a cidade com a maior aldeia indígena urbana do país. As condições são muito precárias, mas é uma área muito rica em cultura que definitivamente merece receber mais atenção. Também existem populações ribeirinhas na área do Pantanal, vivem da agricultura familiar e são muito prejudicadas pelos incêndios em áreas rurais. São pessoas extremamente conscientes da importância do meio ambiente e temos muito a aprender com elas.
A Tribuna: E como foi, a partir daí, o caminho até o jornalismo esportivo?
Ludi Cianci: Na TV Morena eu costumava fazer todos os tipos de matérias: rural, economia, política. Mas minha paixão maior sempre foi o esporte. Desde criança eu era apaixonada pelo ambiente esportivo, gostava de assistir futebol, vôlei, skate, Olimpíadas e Copas do Mundo. Sempre deixei claro que eu gostava de esporte e todos notavam isso. No início de 2022 surgiu uma oportunidade para trabalhar na Rede Globo em Belo Horizonte, Minas Gerais. Lá eu faço reportagens no Globo Esporte, Esporte Espetacular e no Sportv, para todo o país.
A Tribuna: Encontrou algum preconceito ou machismo neste ambiente futebolístico, que sempre foi reduto masculino e onde os homens sempre mandaram e muitos até achavam que é só deles?
Ludi Cianci: Infelizmente o ambiente do futebol ainda é machista. É claro que não tanto quanto antes. Já vivi situações de assédio em estádios e algumas vezes, subestimavam o meu conhecimento esportivo pelo simples fato de eu ser uma mulher. Mas não dá pra generalizar, é um ambiente em constante evolução e as pessoas que desrespeitam não são a maioria.
A Tribuna: Pela primeira vez, uma mulher narrou jogos importantes na Copa do Mundo na TV aberta. Parece que ela agradou o público. Há tempos temos a Renata Fan (apresentando) e outras comentaristas na TV. Você acha que o preconceito está ficando pra trás? As mulheres estão conquistando o seu lugar no jornalismo esportivo?
Ludi Cianci: Preconceito é inaceitável e está perdendo espaço na sociedade. Hoje temos inúmeras mulheres talentosas e competentes no esporte e tenho certeza que, cada vez mais, elas ocuparão lugares de grande relevância.
A Tribuna: Você entende de futebol? Precisou de algum conhecimento específico ou cobrir esporte é só chegar e colher as informações?
Ludi Cianci: Eu sempre gostei muito de futebol, mas trabalhar com isso é bem diferente, eu estudo todos os dias. Antes de todas as transmissões eu costumo fazer algumas páginas de anotações para ter tudo na mente, também levo algumas colinhas para o jogo com curiosidades, informações sobre os times e jogadores. Mas cada jogo é um jogo, tudo pode acontecer e eu preciso estar preparada para informar ao telespectador. Preciso estar de olho no campo, nos bancos de reserva, nas arquibancadas e estar com os ouvidos atentos ao narrador. Costumo dizer que é uma aventura!
A Tribuna: Você torce pra algum time? Vai de Cruzeiro ou Galo? Corinthians ou Palmeiras?
Ludi Cianci : Eu cresci torcendo para o São Paulo por causa do meu pai. Mas hoje olho para os times com um olhar muito mais profissional, por isso prefiro nem opinar quando o assunto é clássico! HAHAHA Admiro muito rivalidade entre Corinthians e Palmeiras, por exemplo. Desde que seja saudável, é claro. Mas é esse tipo de energia que move o futebol, o amor da torcida. Em Minas Gerais o negócio é Atlético e Cruzeiro, as torcidas são completamente apaixonadas, é incrível. Amo ir ao estádio lotado e ver os dois lados cantando do início ao fim do jogo. Não dá pra escolher, um time depende do outro!
A Tribuna: Como tem sido a experiência de ser setorista no Mineirão, um dos maiores templos do futebol no Brasil? É uma grande responsabilidade, né?
Ludi Cianci: É sensacional estar no Mineirão, uma experiência única! O Estádio foi todo reformado para receber a Copa do Mundo de 2014 e é absurdo de bonito. Infelizmente foi o palco da tragédia do 7×1, mas isso a gente tenta esquecer! HAHAHA Eu já perdi as contas de quantas vezes fui aos jogos lá, mas até hoje me arrepio. É um gigante! E sem dúvida me sinto numa responsabilidade tremenda em transmitir jogos nesse templo. Sou suspeita pra falar, mas todo mundo deveria ir à um clássico no Mineirão.
A Tribuna: Quem te inspirou pra escolher a carreira e quem te inspira agora?
Ludi Cianci: Fernanda Gentil foi uma grande inspiração pra mim. Hoje, Bárbara Coelho, apresentadora do Esporte Espetacular e Renata Mendonça, do Sportv, são colegas de trabalho que me inspiram muito.
A Tribuna: A gente vê que você se sente à vontade na cobertura esportiva. Pretende seguir neste caminho? Quais são os seus planos pra 2023?
Ludi Cianci: Se depender de mim, vou trabalhar com esporte para o resto da vida, sou apaixonada nisso. Torço para trabalhar em muitos jogos este ano e encontrar muitas histórias inspiradoras.
A Tribuna: Como profissional jovem, mas com carreira em ascensão, você tem algum recado para quem ainda está lá no começo, na dúvida sobre escolher entre o jornalismo e outra profissão?
Ludi Cianci: Eu sou suspeita para falar, mas jornalismo é apaixonante. É para quem gosta de se aventurar e de conhecer histórias, cada dia é uma completa novidade. Existem muitas áreas além da TV, basta escolher onde você se sente mais à vontade e seguir em frente. Se for seu sonho, se jogue nele!