Depois de 12 anos, o Brasil vai finalmente saber qual é, com certeza, a sua população. E, principalmente, quem são os brasileiros, onde eles vivem, o que fazem e para onde vão. Desde segunda-feira, 1º de agosto, milhares de funcionários do IBGE estão visitando cada domicílio do território brasileiro para realizar o Censo 2022. Somente em Jales são quase 50 recenseadores. Na região que engloba 11 municípios, são 8 em Urânia, 3 em Paranapuã, 4 em Populina e 2 em Aspásia, Santa Salete, São Francisco, Vitória Brasil, Turmalina, Mesópolis e Dolcinópolis, cada. No total de 84 pessoas ocupando diversos cargos. Todos coordenados por José Vitorino de Souza, o nosso Personagem da Semana
A TRIBUNA: O IBGE teve dificuldades para contratar trabalhadores para o Censo 2022. Deu certo, o Censo já começou? Tem previsão para terminar?
JOSÉ VITORINO: O Censo 2022 começou na segunda-feira e a previsão é terminar em três meses. Acredito que mesmo com os atrasos na contratação das equipes, nós conseguiremos cumprir o cronograma, porque Jales é uma região plana, sem grandes aglomerados subnormais, que são as favelas, e sempre terminamos antes.
Os resultados serão anunciados ao longo do ano que vem. Acredito que a gente consiga divulgar alguns números preliminares de alguns municípios ainda neste ano.
A TRIBUNA: Houve vários chamamentos para contratação de pessoas e, mesmo assim, vocês não conseguiram preencher todas as vagas disponíveis. Vocês sabem o motivo disso? As pessoas reclamam tanto do desemprego…
JOSÉ VITORINO: É uma pergunta que a gente também se faz. Talvez pelos vários adiamentos. Tínhamos um processo seletivo preparado, pronto para 2020, mas foi adiando por conta da pandemia e em 2021 foi adiado para 2022. O pessoal pode ter se desestimulado.
A TRIBUNA: Antes de começar o Censo, o IBGE precisa fazer um levantamento da área. Vocês fizeram isso em Jales?
JOSÉ VITORINO: Sim. Na verdade, o Censo começa com o trabalho geográfico, inclusive de divisão do território que será pesquisado. Depois disso, a gente faz a caracterização do entorno dos municípios. Nessa etapa a gente vai em todas as vias, verificando se tem arborização, se tem iluminação, calçada, bueiro, rampas para cadeirantes, etc, então durante o mês de junho e julho fizemos essa pesquisa. Não entramos nos domicílios, mas verificamos o nível de urbanização dos municípios, que é uma demanda de informação nesse setor que a gente precisa.
A TRIBUNA: Depois de 12 anos, há uma expectativa de que Jales tenha crescido bastante.
JOSÉ VITORINO: Essa é a expectativa que o IBGE faz com base no censo de 2010. Se realmente tivermos esse crescimento, pode superar a estimativa que o IBGE tem de 49.107 habitantes.
A TRIBUNA: Qual é a importância das informações levantadas por um Censo?
JOSÉ VITORINO: Um Censo é uma pesquisa que levanta dados de todos os municípios que permitirão planejamentos na área pública e privada, educacional e de saúde. Serve para fazer estudos nas universidades e escolas e para as empresas privadas fazerem investimentos nesses municípios no setor privado. No setor público você consegue planejar também políticas que realmente vão beneficiar a população.
A TRIBUNA: Qual é o bairro que precisa de determinado equipamento público, como transporte, posto de saúde e escola, por exemplo?
JOSÉ VITORINO: Exatamente. Com isso, você consegue destinar aquela política pública para o local que está realmente necessitando em vez de colocar em um lugar que não precisa. São questões que a gente precisa de dados para fazer esse planejamento.
A TRIBUNA: Que tipo de pergunta será feita?
JOSÉ VITORINO: Tem dois questionários. Um que vai fazer perguntas para saber dados sobre a pessoa, como escolaridade, sexo, idade, trabalho etc. E outro que vai perguntar sobre o domicílio como quantos banheiros, dormitórios, se tem internet, TV, máquina de lavar, veículos.
A TRIBUNA: Procede que em alguns lugares a pesquisa será feita por telefone?
JOSÉ VITORINO: Todos os domicílios do país serão visitados, em qualquer lugar, mesmo de barco. A pesquisa pela internet e pelo telefone só pode ser feita depois disso. A pessoa pode não querer ou não poder atender o recenseador naquele momento e a pesquisa pode ser complementada pela internet ou telefone. Mas o recenseador tem que passar lá. Ele tem que registrar no equipamento que passou lá para juntarmos os dados com aquele determinado domicílio. Ele recebe um código e vai responder pela internet com toda segurança.
A TRIBUNA: Falando em segurança, como o morador pode ter certeza que se trata de um funcionário do IBGE e não de um golpista?
JOSÉ VITORINO: Esta é uma questão com a qual o IBGE sempre se preocupou. Todos os recenseadores estão com colete, boné e crachá de identificação que tem um QR Code e número da matrícula e um telefone do IBGE que pode ser acionado para esclarecer qualquer dúvida. Basta ligar para o 0800-721-8181 e pedir para verificar se aquela pessoa que está te visitando é realmente um recenseador.
A TRIBUNA: E como ter certeza que os dados que os recenseadores passarão para a central tabular são mesmos dados verdadeiros e não foram inventados, enquanto ele está no conforto do seu sofá, fingindo que está visitando?
JOSÉ VITORINO: Os supervisores têm várias ferramentas para conferir o trabalho dos recenseadores. Na hora que o recenseador confirma o endereço que está visitando, ele tem que registrar a localização no GPS do equipamento dele então já não dá pra fazer isso em outro lugar que não seja o registrado. Na hora do questionário também bate outro ponto no GPS. Anda assim, o IBGE faz uma conferência por amostragem. Quer dizer, o supervisor pode visitar novamente um domicílio para conferir se os dados que o recenseador registrou estão mesmo corretos. Alguns domicílios podem ser visitados mais de duas vezes para reentrevistas para conferir os dados e se as perguntas seguiram o manual e o treinamento que foi dado.
A TRIBUNA: Eu tenho a impressão que as pessoas têm uma certa satisfação em receber os recenseadores. Estou certo?
JOSÉ VITORINO: Normalmente, as pessoas recebem bem o IBGE, principalmente no interior e na zona rural ainda mais. É claro que sempre tem aquelas pessoas que por desconfiança ou por outro problema não quer dar entrevista, mas aqui na região sempre conseguimos reverter isso.
A TRIBUNA: É uma pessoa só da família que dá entrevista?
JOSÉ VITORINO: Sim, a entrevista é domiciliar, não pessoal. Não há necessidade de entrevistar todos as pessoas do Brasil, mas em todos os domicílios alguém precisa responder. A partir de 14 anos, se a pessoa tiver as informações, a gente até aceita, mas prefere que seja uma pessoa adulta. A pesquisa pode ser feita de segunda a segunda, então, se não tiver adulto no horário comercial, o recenseador pode voltar em outro horário, pode deixar o telefone para agendar um horário melhor, sempre respeitando a disposição da família.
A TRIBUNA: O IBGE tem outras formas de contato ou um meio para esclarecimento de dúvidas?
JOSÉ VITORINO: Tem um site específico do Censo e nesse site também é possível conferir a autenticidade do recenseador. No próprio site do IBGE tem um link que já pergunta se você quer conferir se aquele agente é mesmo um recenseador. Os sites são www.censo2022.ibge.gov.br e www.ibge.gov.br onde é possível encontrar material para escolas, jornalistas, comunidade em geral e muitas outras informações.
A TRIBUNA: Suas considerações finais.
JOSÉ VITORINO: Eu gostaria de agradecer ao pessoal da FATEC, que disponibilizou o espaço para treinamento dos supervisores, no começo de junho e em julho para os recenseadores. Foram muito prestativos e a gente agradece também às comissões. A gente tem uma aceitação grande dos municípios, vereadores e todas as pessoas de forma geral.