Jalesense de nascença e empresário por vocação (atua no setor desde os 16 anos), Carlos Roberto Altimari foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Jales (ACIJ) e durante a sua gestão implantou serviços como a Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP) e o posto do SEBRAE, entre outros.
Carlinhos, como é conhecido, comanda uma das mais importantes e visíveis secretarias municipais, a de Desenvolvimento Econômico, Cultura e Turismo. Entre as suas atribuições está em promover ações e serviços que estimulem e incentive o desenvolvimento econômico do município; planejar e implementar políticas municipais de turismo.
*A entrevista foi acompanhada pelo diretor de Turismo, Marquinhos Seixas, e do diretor de Desenvolvimento Econômico, Gustavo Pontel.
A Tribuna: Você tem dito que tudo está relacionado: os eventos culturais geram turismo que gera desenvolvimento econômico. Tudo está relacionado mesmo?
Carlinhos Altimari: O Palco: Pegamos dinheiro do turismo e colocamos em um espaço cultural. O teatro: pegamos dinheiro do turismo e colocamos dentro de um espaço cultural. O projeto de revitalização da antiga estação da Fepasa pretende transformar aquele espaço em um espaço cultural. Tudo isso trabalhar o turismo de eventos para promover o desenvolvimento econômico do município. Incluindo a Cultura. É tudo dentro das pastas da nossa Secretaria.
A Tribuna: Vocês estão com medo de o novo governo estadual interromper programas do governo antigo, como o MIT, por exemplo, que garante uma importante verba para o município?
Carlinhos Altimari: Eu entendo que não. Até ao contrário disso. Com esse novo governo federal, entende-se que vai criar a Secretaria de Cultura e a de Turismo. E é por intermédio do turismo que se transforma uma cidade. A gente entende que para desenvolve o turismo, uma cidade tem que estar bem apresentável, tem que ter um quadrilátero central organizado e limpo. O nosso município, por exemplo, tem uma característica diferente. Temos que trabalhar os eventos da cidade, a questão da Saúde se faz turismo dentro de Jales. A questão religiosa se faz turismo dentro de Jales. O nosso comércio, por sermos geograficamente centro de região, as pessoas se deslocam de seus domicílios nos municípios vizinhos porque vem fazer um turismo de negócios dentro de Jales. Na minha empresa, eu tenho clientes de Iturama-MG que vem ao dentista em Jales. Eu tenho cliente do Matogrosso do Sul porque veio no Hospital do Amor, então são situações que somente a característica peculiar do nosso município proporciona. A pessoa se instala em nosso munícipio e ela precisa se alimentar, abastecer o seu caro, pernoita em Jales, então fomenta toda uma cadeia e uma coisa leva a outra. A nossa secretaria realmente ajuda a promover o desenvolvimento do nosso município.
A Tribuna: Me parece que as pessoas que moram em Jales não compreendem o que é turismo, não conseguem compreender o que é turismo e acham que é apenas montanha e água. Mas turismo não se faz somente com a natureza e é possível fabricar o seu próprio turismo, não é?
Carlinhos Altimari: Exatamente, não resta dúvida. Só pra dar um exemplo do turismo na nossa cidade. Foi criado uma região turística que compreende 13 cidades da nossa micro região. Esta região turística, Rota dos Peixes, Região Entre Rios, e uma soma de forma regional. Então todas as cidades que não tem o potencial do Rio Grande e Paraná elas tem a mesma característica que nós, mas nós temos algumas vantagens. Por exemplo, temos a maior rede hoteleira da região. Quando sediamos eventos como o Encontro de Articulação Regional do Sebrae, trouxemos isso para Jales, tivemos visitantes da região toda. Naquele dia, várias pessoas saíram daquele evento e foram almoçar…, por isso que eu falo sobre o turismo de eventos. Temos que ter eventos na cidade com o objetivo de atrair pessoas de outras cidades para o nosso município. Por isso que a gente vem trabalhando no sentido de fazer uma bela decoração natalina com uma grade cultural bem expressiva. Acreditamos que isso vai fazer um diferencial para atrair as pessoas para a nossa cidade. É uma maneira de fazer turismo e isso fomenta o desenvolvimento econômico.
A Tribuna: Criar atrativos na cidade também.
Carlinhos Altimari: Nós colocamos aquele letreiro na praça “Eu Amo Jales”, criamos aquele tributo ao jacaré na outra praça. É uma maneira de se fazer turismo. Aquilo faz o maior sucesso. É difícil uma pessoa, principalmente as de fora, passar por esses pontos e não fazer um registro com a família, com as crianças. São coisas simples que vai fazer uma transformação e divulgar a cidade de forma positiva. E tudo isso se deu porque a administração do Luís Henrique e da Marynilda nos permitiu agir dessa maneira.
A Tribuna: Essa característica peculiar que você fala deve trazer mais dividendos para o nosso município do que o turismo dos ranchos, que é mais famoso, mas onde as pessoas consomem pouco naqueles municípios. Quando as pessoas saem de Jales ou qualquer outro município para ir a um rancho, ela normalmente compra tudo antes, movimentando a economia na sua própria cidade. Os municípios de destino acabam ficando só com as despesas que os visitantes geram.
Carlinhos Altimari: Exatamente isso que acontece. Eu sou um praticante dessa situação. Nos finais de semana, nós vamos passar no rancho, mas vamos sair daqui com tudo pronto. Vamos levar tudo daqui, não vamos sair daqui para ficar na cidade. Vamos sair daqui para o rancho e do rancho vamos voltar para Jales. Então de fato isso acontece.
A Tribuna: Com relação à percepção da população, vocês não acham que é preciso fazer a população compreender o que é turismo? Não só receber bem o turista, mas apreender a valorizar o potencial turístico do seu município. O jalesense, em geral, acha que Jales não tem turismo e até debocham quando se fala em turismo aqui. Eles não sabem o que é turismo e quando se menciona o investimento em atrações turísticas, alguém sempre fala que quer asfalto ou médicos, por exemplo.
Carlinhos Altimari: De fato isso acontece muito e me questionam muito sobre isso. Mas são maneiras diferentes de interpretar o que a gente pode oferecer. Mas cada secretaria tem que trabalhar com aquilo que lhe compete. Nós estamos vislumbrando o que é Turismo, Cultura e Desenvolvimento Econômico, que sãos as nossas atribuições. Tudo é importante, sem exceção, mas cada secretaria tem a sua atribuição.
NOTA: Segundo o diretor de turismo, Marquinhos Seixas, a capacidade hoteleira de Jales é de aproximadamente 900 vagas (sem contar as chácaras) e isso eleva a pontuação da cidade, potencializando a realização do turismo de eventos.
A Tribuna: Você acredita que essa melhor compreensão das pessoas sobre o potencial turístico de Jales pode vir com o tempo?
Carlinhos Altimari: No final do ano, a cidade de Jales, junto com a Associação Comercial fez um trabalho tão bom que fez um movimento extremamente positivo dentro do nosso município e atingimos o nosso objetivo que foi atrair a região. O comércio teve uma grande valorização. É uma maneira de trabalhar a cultura, fazer o turismo e, de novo, promover o desenvolvimento econômico. É preciso ver que cada pasta pode fazer para atender as necessidades dos moradores de cada bairro.
Marquinhos Seixas: Por que Barretos é conhecida? Não tem nada [de atrações naturais] em Barretos, mas tem a festa do peão e o Hospital. Então Jales tem a Saúde e o comércio. Por que Jales não pode ser Instância Turística um dia?
A Tribuna: Mas esta mudança de infraestrutura que vocês estão promovendo já muda a percepção dos visitantes e eles começarão a perceber que Jales é uma cidade “visitável” como não era antes.
Carlinhos Altimari: A gente vem trabalhando junto para sempre melhorar a aparência do nosso quadrilátero central. A gente só não faz uma grande transformação imediata porque o cobertor é curto. A gente trabalha dentro daquilo que a gente pode. É uma questão de vontade, querer e executar e todos temos essa vontade política.
É importante destacar que dentro do Desenvolvimento Econômico estão lotados o PAT, a JUCESP, o Banco do Povo e o SEBRAE Aqui. Esses serviços atraem gente da região toda porque são serviços importantes de fato.
A Tribuna: Eu não vejo as características de Jales sendo contempladas neste consórcio que abrange a região Turística Entre Rio – Rota do Peixe. Estou enganado?
Carlinhos Altimari: Grandes centros não conhecem o que temos de beleza e todos esses municípios estão sendo apresentados para que eles entendam o que tem a nossa região e isso é um fortalecimento do turismo regional e não só de Jales. Jales é a porta de entrada para essa região de turismo de pesca ou turismo rural, por exemplo.
Marquinhos Seixas: O estado foi dividido em várias regiões turísticas e a nossa recebeu este nome. A nossa região está bastante adiantada nas ações práticas, e a sede da Região Turística é Jales
A Tribuna: Voltando a falar sobre eventos. Não vai dar tempo do palco da Praça Dr. Euphly Jalles ficar pronto para o Natal Tempo de Esperança? Os prazos serão cumpridos, vai dar tempo de inaugurar?
Carlinhos Altimari: Infelizmente, não. Gostaríamos de descentralizar os eventos em outros pontos, mas vamos colocar aquele espaço padrão no cruzamento da Avenida Francisco Jalles com Rua Oito. Por alguns problemas técnicos que atrasaram a obra, não conseguiremos para este ano.
A Tribuna: Essa programação é a principal do ano.
Carlinhos Altimari: No ano passado fizemos uma pesquisa e a aceitação foi muito boa. Nunca fizemos um trabalho de expansão tão grande quanto no ano passado. Precisamos trabalhar cada vez mais com a auto-estima do jalesense que perdeu um pouco isso porque não tinha a valorização desse trabalho e isso está voltando. Vai ser uma surpresa como Jales vai ficar bonita. Na hora que a decoração estiver pronta, o telão estiver instalado, as luzes acesas, vai ser uma situação mágica e vai dar um encantamento. As pessoas vão se sentir muito bem e vão renovar de fato aquela expectativa de entrar o ano com aquele desejo de melhorar porque irão ver a sua cidade bonita e otimista. Vai ter um brilho nos olhos e vamos recuperar o “bem-querer” da sua cidade, ter essa paixão de novo por Jales, ter motivo de sair sem precisa ir para outra cidade em hipótese alguma.