Quando deixou Aracaju (SE) para desembarcar em Santa Albertina, o médico acreano Josyelker Aragão da Silva não imaginou que iria se adaptar com tanta facilidade ao ritmo do pequeno município. Mas a adaptação foi tão rápida que Josyelker logo tratou de convidar uma irmã – também médica – e o cunhado, que está cursando Medicina em Fernandópolis, para também vir para o interior paulista. Antes de trabalhar em Aracaju, Josyelker já tinha passado por Tocantins, quase na divisa com o Maranhão, e pela pequena Santo Antonio de Jesus, na Bahia.
Filho de família humilde, Josyelker aproveitou a proximidade do seu estado natal com a Bolívia, para cursar Medicina em uma faculdade boliviana, onde se formou em 2010. “Não foi fácil, mas as coisas conquistadas com dificuldade são mais valorizadas”. Em 2011, ele fez o Revalida – um exame criado pelos ministérios da Educação e da Saúde para reconhecimento do diploma de profissionais formados em instituições estrangeiras. Josyelker fez o Revalida na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e foi aprovado já na primeira oportunidade. Ele conta por que decidiu vir para São Paulo.
“Lá em Aracaju, eu fazia plantões. Durante o dia não tinha nenhum problema, pois os nordestinos, em geral, são muito educados e receptivos. À noite, porém, o plantão era complicado, pois sempre aparecia gente baleada ou esfaqueada, exigindo atendimento rápido. Eu atendi pessoas baleadas que carregavam um revólver na cintura e faziam questão que a gente visse a arma, como querendo dizer que, se o atendimento não fosse bom… Além disso tem a questão do custo de vida. Por ser uma cidade turística, tudo em Aracaju é mais caro”.
Josyelker diz que o próximo passo é trazer a esposa. “Ela está terminando os estudos e, no ano que vem já poderá vir pra junto da gente. Pretendo ter filhos e assim à distância fica difícil…”, brinca o médico. Ele atende entre 35 e 40 pessoas por dia. “O doutor Josyelker é um excelente profissional e já conquistou a confiança da população de Santa Albertina. Ele caiu do céu!”, garante o secretário de Saúde do Município, Geraldo Azevedo, o Lalinho. Segundo Lalinho, a contratação do médico está permitindo que o município dê mais atenção à prevenção do que à emergência.
“O doutor resolve muitos problemas e evita que tenhamos que levar pacientes para Jales ou para outras cidades. É bom para a população e é bom também para o município, que economiza com viagens”, diz o secretário. Essa não é, no entanto, a única economia, já que o médico é pago pelo governo federal. “Olha, eu posso garantir que a economia, para o município, passa de R$ 17 mil por mês. O nosso único gasto com o doutor são os R$ 800,00 das refeições”, diz Lalinho
Na recepção do Posto de Saúde, várias pessoas esperavam o atendimento e algumas delas confirmaram a aprovação ao trabalho do médico. “Eu tomo remédio de uso contínuo e tinha que, de vez em quando, passar pelo AME, em Jales. Agora, o doutor Josyelker resolve tudo aqui mesmo”, disse uma das pacientes. “Acho que não temos do que reclamar da Saúde aqui em Santa Albertina. O Posto de Saúde já prestava um bom serviço e melhorou mais ainda com a chegada do doutor Josyelker. Tomara que o “Mais Médicos” continue e que o doutor fique aqui por muito tempo”, concluiu outro paciente.