Apesar da estiagem que já dura mais de 100 dias, o mosquito Aedes aegypti, continua circulando pela nossa região. Ele é o principal transmissor do vírus da dengue, que, consequentemente, continua matando. Na semana que está terminando a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo confirmou a primeira morte por dengue do ano, em Jales. A morte foi registrada em 29 de maio, mas só foi confirmada nesta terça-feira, 6 de agosto, mais de 70 dias depois do ocorrido. O início dos sintomas começou no dia 8 do mesmo mês. A vítima é um homem, com mais de 80 anos, que não teve a identidade revelada. Na faixa etária acima de 80 anos, foram registrados 8 casos em mulheres e 7 em homens, em Jales.
A enfermeira Elaine Cristina Lopes, da Secretaria Municipal de Saúde, disse ao jornal A Tribuna que todo caso de óbito decorrente da dengue provoca uma investigação com dados de atendimentos na saúde e entrevista familiar para confirmar a doença e se havia comorbidades. Depois da investigação é encaminhado para o estado através do GVE.
A Prefeitura de Jales, através da Vigilância Epidemiológica, tem feito o bloqueio de 400 metros ao redor dos endereços de pacientes afetados pela dengue. As equipes visitam as residências em empresas, realizando uma busca ativa por criadouros e orientando os moradores sobre o risco.
O trabalho é permanente e continua mesmo em períodos de estiagem, como o que estamos atravessando. Durante todo o ano são encontrados criadouros em recipientes domésticos, mantidos pelos moradores, como pneus, vasos de plantas, bebedouros de animais, calhas e ralos.
No dia seguinte ao registro em Jales (quarta-feira, 7 de agosto) a Secretaria Estadual confirmou mais duas mortes em Américo de Campos e Estrela d’Oeste, a 18 quilômetros de Jales. Com essa atualização, o noroeste paulista chega a 74 mortes e quase 70 mil casos confirmados.
Na região mais próxima a Jales, Votuporanga tem 11 óbitos, São Francisco tem um e Estrela d’Oeste tem um. Mas há óbitos em Catanduva (10), Rio Preto (5), Parisi (2) Araçatuba (2), Bady Bassitt (1), Cardoso (1), Penápolis (1), Santa Clara D’Oeste (1), Pontes Gestal (1) e outros.
Segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, em todo o Brasil já são 5031 óbitos e quase 6 milhões e 500 mil casos prováveis. No Estado de São Paulo, são 1589 óbitos e pouco mais de 2 milhões de casos prováveis. MULHERES SÃO MAIORIA
Jales registrou até agora, ainda segundo o MS, um óbito e 693 casos prováveis.
Desse total, 56,48% afetaram mulheres. A parcela da população mais afetadas pela doença, segundo o MS, são mulheres e estão na faixa etária entre 30 e 39 anos, que representam 74 casos do total. Em seguida, as mulheres nas faixas de 40 a 49 anos e entre 50 e 59 anos. Cada grupo registrou 65 casos de dengue este ano.
Na distribuição por raça/cor, o MS informa que 83,33% são brancos,13% pessoas autodeclaradas pardas, 2,2% preta e 1,5% amarela. Não há comprovação científica que a doença afete mais ou menos pessoas de determinada cor. A proporção em Jales pode ter relação com a distribuição populacional.
Ao contrário, levantamentos científicos feitos em fevereiro deste ano, com base nos números do painel de monitoramento da dengue do Ministério da Saúde concluíram que as mulheres pretas e pardas são o grupo populacional brasileiro com mais casos prováveis da doença. Elas representam 25,92% dos 920.427 casos, o equivalente a mais de um quarto de todos eles. Ao todo, 209.808 dos suspeitos são mulheres pardas, enquanto as negras representam 28.740 dos possíveis casos. Atrás delas, vêm as mulheres brancas, responsáveis por 182.093 das suspeitas. Em âmbito nacional, o público feminino também é o mais afetado pela dengue, correspondendo a 55,3% dos casos suspeitos.
Nacionalmente, a proporção por raça/cor pode ter relação com a classe social do paciente, que nem sempre mora em locais com condições adequadas de saneamento básico.
BAIRROS COM MAIS INCIDÊNCIA
Em fevereiro deste ano, pouco antes do arrastão Jales Mais Limpa, realizado pela Prefeitura em parceria com instituições comunitárias e órgãos estaduais, a Secretaria Municipal de Saúde detectou que as regiões dos bairros JACB, Santo Expedito e Jardim Arapuã são as que têm a maior incidência de criadouros e larvas do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, o aedes aegypti. Mas há casos em todos os cantos da cidade e não é recomendado relaxar.
Segundo a secretária Nilva Gomes Rodrigues de Souza, “é preciso pensar dengue sempre”
Em março último, o CMS (Conselho Municipal de Saúde) aprovou o Plano de Contingência Municipal para Prevenção e Controle de Arboviroses (dengue, zika e chikungunya), um relatório detalhado da situação do aparato de saúde no município e planejamento de ações para enfrentamento das arboviroses.
O plano também fez um relatório sobre os casos de dengue dos últimos quatro anos, com números bem mais expressivos em 2019 e 2022.
Em 2017 foram notificados 240 casos, sendo 22 positivos; em 2018 foram notificados 204 casos sendo 43 positivos; em 2019 foram notificados 2.934 casos, sendo 2.435 positivos; em 2020 foram 1084 casos notificados, sendo 772 positivos; em 2021, 863 notificações e 560 positivos. Mas em 2022, houve o maior número dos últimos 7 anos. Foram 3.290 notificações e 2793 positivos. Em 2023 o número caiu para 816 notificações e apenas 98 positivos.
O QUE É A DENGUE
De acordo com o ministério da Saúde, a dengue faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses, que se caracterizam por serem causadas por vírus transmitidos por vetores artrópodes. No Brasil, o vetor da dengue é a fêmea do mosquitoAedes aegypti (significa “odioso do Egito).Os vírus dengue (DENV) estão classificados cientificamente na família Flaviviridae e no gêneroFlavivirus. Até o momento são conhecidos quatro sorotipos – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 , que apresentam distintos materiais genéticos (genótipos) e linhagens.
A Secretaria Estadual explica que não há tratamento antiviral contra o vírus da dengue. Para alívio de sintomas como dores, febre, náuseas e vômitos deve-se utilizar medicações sintomáticas (paracetamol, dipirona, metoclopramida e dimenidrinato).Anti-inflamatórios não esteroidais e salicilatos são contra-indicados na suspeita de dengue, qualquer que seja a fase da doença.
DEFINIÇÃO DE CASOS
O ministério considera como casos suspeito de dengue, a pessoa que viva ou que tenha viajado nos últimos 14 dias para área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou tenha a presença de Aedes, que apresente febre, usualmente entre 2 e 7 dias, e apresente duas ou mais das seguintes manifestações: Náuseas ou vômitos;Exantema;Mialgias ou artralgias;Cefaleia ou dor retroorbital;Petéquias ou prova do laço positiva.
Crianças provenientes ou residentes em área com transmissão de dengue, com quadro febril agudo, usualmente entre 2 e 7 dias, e sem foco de infecção aparente também podem ser consideradas suspeitas de dengue.
E considerada casos de dengue com sinais de alarme todo o caso de dengue que, no período de defervescência da febre, apresente um ou mais dos seguintes sinais de alarme: Dor abdominal intensa e contínua, ou dor a palpação do abdome; Vômitos persistentes; Derrames cavitários (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico); Sangramento de mucosas; Letargia ou irritabilidade; Hipotensão postural (lipotimia); Hepatomegalia maior de que 2 cm; Aumento progressivo do hematócrito.
Por fim, considera dengue grave todo caso de dengue que apresente um ou mais dos seguintes resultados: Choque devido ao extravasamento grave de plasma evidenciado por taquicardia; extremidades frias e tempo de enchimento capilar igual ou maior a 2 segundos; pulso débil ou indetectável; pressão diferencial convergente (diferença entre a pressão arterial sistólica e a diastólica menor ou igual a 20 mmHg); hipotensão arterial em fase tardia, acúmulo de líquidos com insuficiência respiratória;sangramento grave (hematêmese, melena, metrorragia volumosa, sangramento do sistema nervoso central); Comprometimento grave de órgãos tais como dano hepático, sistema nervoso central (alteração da consciência), coração (miocardite) ou outros.
Com 693 casos prováveis de dengue, Jales registrou primeiro óbito do ano
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