Nascido em Jales, assim como a esposa Alessandra, o bancário aposentado Manoel Carlos Martinez Iglesias se mudou daqui há mais de 20 anos, mas mantém um caso de amor à distância com a cidade. Morando em Brasília desde 2000, onde foi gerente da agência do Banco do Brasil localizada no Palácio do Planalto, de 2006 a 2011, Manoel e a família aproveitam quase todas as folgas para vir a Jales. Quando a aposentadoria chegou, no final do ano passado, uma das primeiras coisas que ele fez foi vir para Jales, onde estão suas raízes.
Manoel e Alessandra coordenam, em Brasília, um grupo chamado de “Cervejeiros do Bem” que realiza um trabalho em benefício do Hospital de Câncer de Jales. “Nós juntamos lacres de latinhas de cerveja e refrigerante, que são vendidos pela AVCC e transformados em dinheiro para o hospital. É uma ação que começou entre alguns poucos amigos de Brasília e depois foi aumentando graças ao interesse que despertou nas pessoas. Todas as vezes que eu venho a Jales, sempre trago uma boa quantidade de lacres. Quando junta muito e eu não posso vir, mando através dos Correios. Da última vez, os lacres resultaram em R$ 11 mil. É uma pequena contribuição, mas nos sentimos bem em poder ajudar uma entidade importante da nossa cidade”, disse Manoel.
A relação de Manoel e Alessandra com Jales também tem uma coincidência interessante: três dos quatro filhos do casal – os trigêmeos Pedro, Vinícius e Laura – nasceram em um 15 de abril, mesmo dia em que a cidade comemora aniversário. “Foi em 1995 e, claro, nós ficamos muito felizes com a coincidência. Na época, morávamos em Auriflama e tivemos que levar a Alessandra para fazer o parto em Araçatuba, pois aqui em Jales ainda não tinha UTI Neo-Natal”, conta Manoel.
“Em algumas ocasiões, nós viemos comemorar o aniversário deles aqui em Jales, junto com o aniversário da cidade, mas eles cresceram e agora está mais difícil. Na segunda dia 10, Pedro e a Laura embarcaram para a França para comemorar o aniversário com o Vinícius, que estuda Engenharia de Energia e está por lá fazendo um intercâmbio de um ano”. Quanto ao futuro de Jales, Manoel diz que “olhando à distância, como é o meu caso, acredito que somente uma ação integrada e articulada das forças das mais diversas áreas, sem focar os interesses ‘particulares’ de cada uma dessas forças e sim buscando a melhoria da cidade em todos os aspectos, poderia recolocar Jales na condição de centro de região”.
“Precisamos atrair empresas e gerar empregos”
Nascido em Nhandeara há 61 anos, o ex-contabilista Evandro Spolon chegou em Jales há 51 anos exatamente no dia 15 de abril de 1966. “Eu era criança, mas me lembro que estava tendo um desfile na avenida”, diz Spolon. Ele se lembra, também, que Jales era, na época, uma cidade promissora. “Meu pai resolveu deixar Nhandeara e vir para Jales em busca de um futuro melhor para ele e para os três filhos, pois ele sempre ouvia falar bem da cidade. Naquela época, Jales era efetivamente um Centro de Região”, complementou.
Sobre o presente e o futuro de Jales, Spolon diz que “eu tenho a expectativa de que a cidade vai melhorar e recuperar o espaço perdido para algumas vizinhas”. Na avaliação dele, o prefeito Flávio Prandi Franco (DEM) está fazendo um trabalho de razoável para bom. “Ainda é muito cedo para avaliar, mas eu sinto que o prefeito está se saindo bem, mesmo tendo recebido a cidade num momento difícil, com a Prefeitura e o país em dificuldade”, disse.
Ele acha, no entanto, que ainda é preciso melhorar. “Claro que a questão do asfalto, da limpeza das praças, da iluminação pública, etc, é importante, mas o prefeito não pode ficar só cuidando disso. A cidade só vai melhorar, realmente, se o prefeito atual for mais proativo que os anteriores e estabelecer um plano para atrair empresas e gerar empregos”, concluiu.
“Jales tem que ser centro de região econômico e não apenas geográfico”
O ex-conselheiro tutelar e professor de História, Paulo César Turazza, o Ziquinho, é outro jalesense adotado. “Eu nasci em Santa Fé do Sul, mas vim para Jales quando tinha 12 anos e, apesar de a cidade ter perdido um pouco o bonde da história, é aqui que eu quero continuar vivendo”, diz o professor. Ziquinho – que trabalhou por um bom tempo como assessor de Flávio Prandi, nos tempos em que o atual prefeito era vereador – acha que a administração do demista começou bem.
“Se eu achasse que estava ruim, falaria sem o menor problema, mas a verdade é que, dentro das condições em que a nossa Prefeitura se encontrava, penso que o prefeito está indo bem. Ele não colocou parentes, reajustou os salários dos servidores sem fazer barulho, está contratando médicos, etc, e cancelou a Facip, o que, na minha avaliação, foi uma decisão acertada”, opinou Ziquinho.
Ziquinho ressalta, porém, que para Jales recuperar o tempo perdido, o prefeito terá que fazer muito mais do que administrar problemas. “Ele tem que construir uma agenda positiva, pois só assim a cidade vai recuperar a autoestima e voltar a ocupar o lugar que merece. Não basta a Jales, na minha opinião, ocupar o posto de centro de região do ponto de vista geográfico. Nós temos que ser centro de região também sob o aspecto econômico. A cidade precisa abrir empresas e criar empregos. Precisamos, também, voltar a ser centro de região no ensino universitário”, finalizou o professor.
