Censo do IBGE apura apenas 94% dos domicílios com água e esgoto em Jales

Apesar de ser festejado como um índice alto, o percentual de domicílios de Jales com coleta de esgoto e fornecimento de água é mais baixo do que se propagou na última década (supostamente 100% de coleta e tratamento de esgoto e fornecimento de água) e, principalmente, mais baixo do que outros municípios da região. A constatação é do Censo 2022 do IBGE.
Segundo o levantamento, apenas 94,4% dos domicílios estão ligados à rede de esgoto e 94,2% possuem abastecimento de água pela rede geral. No município o serviço é prestado pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
Em Fernandópolis, onde assim como em Jales, a Sabesp detém o contrato de saneamento básico, 96,79% dos municípios estão conectados à rede de esgoto e 96,63% são abastecidos pela rede geral de água.
Os percentuais de Jales são inferiores aos apurados pelo IBGE em Santa Fé do Sul, por exemplo, onde 96,8% de domicílios possuem com esgotamento sanitário adequado e 95,65% possuem abastecimento de água pela rede geral. Naquele município, o serviço é prestado pelo SAAE (Serviço Autônomo de Água, Esgoto e Meio Ambiente) uma autarquia municipal. Em 31 de janeiro deste ano, o prefeito Evandro Mura reajustou as tarifas cobradas pelo serviço. Assim a tarifa mínima residencial passou para R$ 22,42 e a industrial subiu para R$ 33,92.A tarifa de esgoto é de 80% do valor da tarifa da água.
Outro município da região cujo serviço de água e esgoto não é feito pela Sabesp é Votuporanga, onde a coleta de esgoto e o fornecimento de água são geridos inicialmente pelo Departamento de Água e Esgotos da Prefeitura desde dezembro de 1960, e desde dezembro de 1968 pelo Saev Ambiental.
Segundo o Censo do IBGE, lá os percentuais do serviço também são superiores aos da Sabesp em Jales. Nada menos que 97,21% dos domicílios são conectados à rede de esgoto e 97,08% são abastecidos pela rede geral de água. A diferença pode ser significativa se levada em consideração o que isso significa para a população de 96.634 pessoas.
RENDA E EMPREGO
O Censo 2022 também apurou informações sobre a renda e emprego da população, relativos a 2021. A conclusão é que o desemprego era grande e o salário médio era baixo. Na maioria dos municípios, apenas um terço da população estava empregada e, desse percentual, quase um terço viviam com até meio salário mínimo por mês. No Estado, o rendimento nominal mensal domiciliar per capita em 2023 era de R$2.492, menos que dois salários mínimos.
Apesar de ter menos empresas estabelecidas dos que Fernandópolis e Votuporanga, Jales se encontrava em posição mais confortável em relação à renda e emprego dos trabalhadores.
Segundo o Censo 2022, Votuporanga estava em 69º no ranking estadual no que tange ao número de empresas e outras organizações atuantes, com 3784 empresas. Fernandópolis estava em 74º lugar com 3487 empresas e Jales estava em 110º com 2475.
Mas a renda era melhor e o desemprego era menor em Jales. Por exemplo, o salário médio mensal do trabalhador na cidade era de 2,2 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 29,33%. Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa em 2021, Jales tinha 28,2% da população nessas condições.
Em Fernandópolis, 29,12% da população estava empregada e recebia 2 salários mínimos mensais em média. Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 27,3% da população nessas condições.
Em Votuporanga, o salário médio mensal era de 2,2 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 31,15% e 26,6% da população vivia com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa.
Em Santa Fé do Sul, o salário médio mensal do trabalhador era de 2,2 salários mínimos e 32,21% da população estava empregada. 27,2% dos domicílios abrigavam famílias com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa.
Em Mirassol, o salário médio mensal era de 2,3 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 31,29%. Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 28,9% da população nessas condições.
Em Ouroeste, considerada por muitos um oásis de rendimento e emprego, o salário médio mensal era de 2,7 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 24,93%. E 32,1% da população viviam com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa.
Em Rio Preto, a maior cidade da região e a capital administrativa e econômica, o salário médio mensal era de 2,7 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era bem maior que a médias das outras cidades, chegando a 37,09%. Mas 27,3% da população viviam em domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa.
Araçatuba também tinha índices positivos de emprego, chegando a 31,21% da população empregada, mas o salário médio mensal também era de 2,4 salários mínimos. Nada menos que 28,8% da população viviam com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa.
Em 2021, Ilha Solteira, o salário médio mensal era de 2,9 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 21,33%. Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 32,2% da população nessas condições.
Em Mesópolis,antepenúltimo município do estado em número de empresas, o salário médio mensal era de 2,5 salários mínimos, mas o desemprego era alto. Apenas 12,72% da população estava ocupada e 29,5% da população tinha rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa.
O penúltimo município do estado com menos empresas também fica na região. É Dirce Reis, onde em 2021, o salário médio mensal era de 2,8 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de apenas 17,06%. Menos que 29% da população tinha rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa.
OUTROS ESTADOS
Em Aparecia do Taboado-MS, o salário médio mensal era de 2,1 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 32,54%. Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 29,1% da população nessas condições.
Em Iturama-MG, o salário médio mensal era de 2,3 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 29,68%.Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 31,3% da população nessas condições,
De acordo com o professor Vitor Boldrin, coordenador do curso de Gestão Empresarial da Fatec Jales, é preciso buscar uma equalização entre as necessidades do empregador e do trabalhador. “Dentro do nosso ensino, nós refletimos juntos dos nossos alunos sempre com o olhar dos dois lados da mesa. Por exemplo, de um lado nós temos um empresário que busca um profissional que venha a trazer contribuições significativas para a empresa.De outro lado da mesa nós temos o pretenso empregado, o trabalhador que também não está ali cumprindo um caráter social porque é bonzinho e quer fazer o patrão ficar rico. Ele está ali porque ele busca uma oportunidade de mostrar aquilo que ele sabe fazer e deixar a sua contribuição para a empresa e também para que ele tenha os seu retorno. O que nós devemos buscar é uma equalização desses dois lados. E esse equilíbrio só vai existir cada vez mais a partir do momento em que temos pessoas qualificados dos dois lados”.