A denúncia de que a Prefeitura de Jales deixou estragar e entregou cestas básicas com alimentos estragados para pessoas carentes, feita pelo vereador Tiago Abra (PP), deve se tornar a primeira CEI (Comissão Especial de Inquérito) do governo Flá. O requerimento para abertura da investigação deve ser apresentado na Sessão Ordinária de amanhã, segunda, 24 de abril.
A reportagem apurou que pelo menos três vereadores estariam dispostos a assinar o pedido, além do próprio Tiago. Porém, outros vereadores podem aderir.
Tiago confirmou que pretende conversar com todos os colegas, inclusive com os considerados de situação. “Quanto mais assinaturas, melhor, porque o relatório será enviado para o Ministério Público”.
O resultado da votação do Requerimento de informações sobre o caso, na última sessão, pode indicar que os parlamentares não estão dispostos a jogar o assunto para debaixo do tapete. O questionamento foi aprovado por unanimidade, depois que quatro vereadores usaram a tribuna para criticar o fato. Tiago, Nivaldo Batista Oliveira (PSD), o Tiquinho, Luiz Henrique Viotto (PP), o Macetão e Vanderley Vieira dos Santos (PPS), o Deley, exigiram que a responsabilidade seja apurada e repetiram os termos “absurdo” e “desrespeito com os pobres” para classificar o fato.
ENTENDA
O vereador Tiago Abra recebeu denúncias pessoalmente e por escrito de que a prefeitura teria entregado cestas básicas com alimentos deteriorados e sem condições de consumo para pessoas carentes. “Tinha arroz com bigato, feijão com caruncho e farinha e macarrão estragados. Só os enlatados puderam ser usados”, disse na tribuna da Câmara.
Entre os questionamentos feitos ao prefeito pelo Requerimento 50/2017 estão “se é verdade que houve cestas perdidas por não terem sido entregues dentro de seu prazo de validade; quantas cestas básicas foram perdidas, qual foi a origem destas cestas básicas e quando estas foram recebidas ou adquiridas pela municipalidade, além quais são as providências que a prefeitura tomou em relação ao caso”.
Em conversa com a equipe de reportagem de A Tribuna, o prefeito Flávio Prandi Franco reconheceu o problema e disse que vai instalar uma sindicância para apurar a forma de armazenamento dos alimentos e montagem das cestas básicas. Os problemas teriam ocorrido em alimentos doados que estavam armazenados desde dezembro.
Uma moradora do Conjunto Habitacional João Batista Colodetti, conversou com a equipe do jornal A Tribuna e contou que recebeu cestas com produtos estragados. A.F.A.A., disse que, além dela, o sobrinho S.F. e a vizinha M.L. também receberam as cestas com produtos vencidos. “Eu preciso muito de cesta, tenho um filho de 10 anos e cuido de uma criança de 4 anos e não tenho quase nada de alimentos aqui em casa. Fui reclamar semana passada na Promoção Social junto com minha vizinha e eles disseram que não tinham mais cestas básicas para nos doar. Foi um desrespeito, uma tristeza ver aqueles alimentos todos estragados. Só aproveitei a sardinha enlatada, óleo e a massa de tomate. Joguei fora macarrão, arroz, feijão e farinha que está me fazendo muita falta”, relatou.
Prefeitura diz que encontrou produtos estragados em 15 cestas
O requerimento 50/2017 já foi respondido pela Prefeitura de Jales. O documento, assinado pelo secretário de Administração, Francisco Melfi, contraria as informações do vereador e das mulheres ouvidas pelo jornal, alegando que recebeu apenas uma reclamação, e que apenas um item, o feijão, tinha apresentado insetos (carunchos). “A Secretaria Municipal de Assistência Social, no início do ano, recebe cestas e alimentos doadas pelos estudantes. Estas cestas ficam na secretaria e vão sendo entregues conforme o atendimento do CRAS e CREAS. Ocorreu que no mês de março uma das cestas entregues estava com produto carunchado, tomamos conhecimento através da reclamação de uma usuária que recebeu a cesta, até então não sabíamos deste problema, pois os alimentos da cesta não estavam vencidos. Após, ciência, trocamos a cesta por outra em perfeitas condições”.
Ainda de acordo com o secretário Chico Melfi, os funcionários da secretaria abriram todas as cestas e retiraram os alimentos que “não estavam bons, mesmo não estando vencidos”.
No total, foram recebidas 600 cestas. 15 delas estavam com produtos danificados e sem condição de uso. Como esses produtos foram retirados e não houve a substituição por outros, algumas familias receberam cestas completas e outras receberam cestas menores.