Somente os vereadores Jesus Martins Batista(DEM), Gilberto Alexandre de Moraes(DEM) e Rivail Rodrigues Júnior(PSB) tinham assinado, até a quinta-feira, 07, a Moção de Apoio ao pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, protocolado pela OAB Nacional no dia 28 de março, na Câmara Federal. No mesmo dia, uma segunda-feira, dirigentes da OAB de Jales estiveram na Câmara Municipal para solicitar o apoio dos vereadores locais ao pedido de impeachment apresentado pela entidade.
A Moção de Apoio – que começou a ser discutida na sessão de segunda-feira passada, na Câmara de Jales – deverá ser aprovada na próxima sessão, mas até mesmo alguns vereadores que irão votar a favor da propositura não concordam inteiramente com o pedido de impeachment da OAB. Antes de iniciarem as discussões na Tribuna da Câmara, os vereadores se reuniram reservadamente por 15 minutos, quando tentaram um acordo para que a Moção de Apoio incluísse recomendação à OAB sobre a inclusão de outros políticos no pedido de impeachment.
O vereador Sérgio Nishimoto(PTB), por exemplo, disse em seu discurso durante as discussões de segunda-feira passada, que ainda não havia decidido se votaria contra ou a favor da Moção. Ele lembrou o caso da ex-prefeita Nice Mistilides e argumentou que a Moção da OAB deveria pedir também o impedimento ou a cassação do vice-presidente Michel Temer(PMDB) e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha(PMDB). Os vereadores Claudir Aranda(PDT) e Fagner Pelarini(PRB), o Nenê do Pet Shop, repetiram a argumentação de Nishimoto, mas também não deixaram claro se votarão favoráveis à Moção.
Quem deixou claro que votará contra a Moção foi o vereador Luís Rosalino(PT). Em seu discurso, o vereador petista disse que “não estou contente com a política econômica da presidenta Dilma e com o arrocho promovido pelo ex-ministro Joaquim Levy, por sinal eleitor do Aécio Neves, mas não posso concordar com essa Moção e nem com o pedido de impeachment, uma vez que a presidenta não cometeu nenhum crime de responsabilidade”. Rosalino condenou, ainda, o fato de o impeachment estar sendo conduzido por um deputado (Eduardo Cunha) que é réu no STF, acusado de possuir contas na Suíça para guardar o dinheiro da corrupção.
Ao jornal, Rosalino disse que “não vi nenhuma manifestação da OAB pedindo o afastamento do Eduardo Cunha. Aqui em Jales, nós temos diretores da OAB que estão filiados no mesmo partido do Cunha, o PMDB. Se eles estão realmente preocupados com a corrupção, já deveriam ter, no mínimo, solicitado a expulsão do deputado do partido”.
Os vereadores que assinaram a Moção defenderam o apoio à iniciativa da OAB. Gilbertão foi o primeiro a fazer seu discurso cheio de críticas ao governo federal e ao PT. Júnior Rodrigues veio logo em seguida, dizendo que “o impeachment está previsto na Constituição e é o remédio jurídico da democracia. De seu lado, Jesus Batista repetiu várias vezes que “é uma vergonha”, referindo-se provavelmente à situação política do país e às acusações contra o governo federal. Tiago Abra(PP) não assinou a Moção, mas discursou defendendo o impeachment e o apoio à OAB. Abra elogiou a operação Lava Jato, dizendo que ela foi inspirada na operação Mãos Limpas, realizada na Itália. Curiosamente, o vereador lembrou, também, que, logo após a operação Mãos Limpas, a Itália elegeu o maior corrupto de sua história, referindo ao ex-primeiro-ministro Sílvio Berlusconi.
A discussão da Moção foi interrompida quando o presidente da Câmara, Nivaldo Batista de Oliveira(PSD), o Tiquinho, se preparava para dar sua opinião, provavelmente favorável ao apoio à OAB. De acordo com o Regimento Interno da Câmara, os vereadores extrapolaram o horário reservado às discussões de requerimentos e moções. Além do presidente Tiquinho, apenas a vereadora Pérola ainda não tinha discursado. Tanto Tiquinho, quanto Pérola, poderão opinar durante a sessão dessa segunda-feira, quando o assunto voltará a ser discutido e a Moção será, provavelmente, votada e aprovada pelos vereadores.