A nova administração municipal que assumiu em 1º de janeiro não encontrou as contas da Prefeitura tão organizadas quanto o ex-prefeito Flávio Prandi Franco, o Flá, havia anunciado no final do ano passado. Muito pelo contrário. Relato do atual prefeito Luís Henrique Moreira indica que a situação é bem pior do que parecia. Obras abandonadas antes do término ou prorrogadas muito além do previsto, maquinário deficitário e muitas dívidas com a previdência dos servidores municipais, precatórios e até rescisão dos comissionados da gestão anterior são alguns dos problemas financeiros que ficaram para a atual administração resolver.
Somente de restos a pagar – dívidas reconhecidas, mas que não foram saldadas dentro do exercício – o ex-prefeito deixou mais de R$ 9 milhões. O mais recente financiamento de dívidas atrasadas com o Instituto Municipal de Previdência Social (IMPS) deixou uma herança de mais de R$ 7 milhões.
“Quando o então prefeito foi ao rádio dizer que deixaria dinheiro em caixa, precisamos dizer que não é bem assim. Na verdade, não encontramos nenhum centavo no caixa da Prefeitura. Apenas dinheiro de convênios, e dinheiro para o combate à Covid, que são verbas vinculadas e não podem ser usadas em outras situações. O que ele deixou foram R$ 9 milhões de retos a pagar, inclusive valores da rescisão dos comissionados que ele exonerou, mas a nossa administração é quem teve que pagar ”, disse o prefeito Luís Henrique Moreira.
Segundo ele, a Prefeitura de Jales também tem dificuldade de vender para pequenas empresas locais, porque possui uma grande dívida com essas empresas
“Jamais alguém me verá dizer que não sabíamos que a situação estava difícil, mas o levantamento superficial que fizemos nestes 12 dias nos assustou um pouco. Por exemplo: a Prefeitura tem mais de R$ 170 mil de inadimplência com credores para os quais deve menos de R$ 1 mil, ou seja, são dívidas pequenas que somadas chegam a um montante grande. São dívidas de R$ 70,00, R$ 90,00, todos inferiores a R$ 1 mil”.
MAQUINÁRIO
A situação de algumas obras deixadas incompletas pela administração anterior também é complicada. A Prefeitura já notificou as empresas responsáveis pela pista de caminhada no Jardim Estados Unidos, asfaltamento no Jardim do Bosque e Parque das Flores, cujos contratos devem ser rescindidos.
A Secretaria de Agricultura, uma das pastas que exigem serviço operacional efetivo e constante, possui oito tratores, mas apenas um em funcionamento, o que inviabiliza a manutenção de estradas rurais.
Para resolver o problema, a secretária Sandra Gigante está firmando parcerias com a iniciativa privada. Inicialmente uma usina de cana da região vai auxiliar no atendimento aos bairros Córrego da Sofia, Picadão e Mico. Outras parcerias também estão sendo avaliadas para atendimento em outros bairros.