O Tribunal do Júri de Jales reuniu-se na quarta-feira, 18, sob a presidência da juíza Maria Paula Branquinho Pini, para julgar os dois homens acusados do assassinato do corretor Benílson Salviano Bernardo, conhecido como “João Crente”. O crime ocorreu no dia 28 de outubro de 2014, no centro de Jales, a cerca de 100 metros do Fórum onde eles foram julgados. Os autores foram acusados de homicídio duplamente qualificado, mas durante o julgamento uma das qualificadoras – a do motivo fútil – foi afastada, permanecendo apenas a outra, que tratava da forma como o crime foi cometido, de surpresa e de modo que dificultou a defesa da vítima.
Ailton Salvioni Venceslau (32 anos), morador de Santa Albertina, autor dos disparos que tiraram a vida de “João Crente”, foi condenado a cumprir 13 anos e 04 meses de reclusão em regime inicial fechado, enquanto Celso Teles Siqueira (31 anos), morador de Aspásia, que dirigia o carro utilizado por Ailton, terá que cumprir 12 anos de reclusão, igualmente em regime fechado. Para chegar a essas penas, a juíza levou em consideração que os réus não apresentavam maus antecedentes criminais e que a vítima teria contribuído para o delito, uma vez que tentou – e conseguiu – aplicar golpes financeiros contra familiares dos acusados.
Os réus, que já se encontravam presos desde a época do crime, não poderão apelar em liberdade, uma vez que o crime de homicídio qualificado é classificado como hediondo. De qualquer forma, ao final da sessão do júri os réus e seus advogados manifestaram o desejo de não recorrer da sentença.
Dívidas motivaram crime
O assassinato de “João Crente” movimentou o centro da cidade no início da noite de 28 de outubro de 2014, uma terça-feira de muito calor. Naquele dia, Aílton e Celso vieram para Jales por volta das 13 horas e passaram toda a tarde procurando por “João Crente”, que, segundo informações obtidas por eles, estaria morando na Casa Abrigo mantida pela Prefeitura, na Rua Nove. Por volta das 18:30 horas, os dois rapazes avistaram a vítima caminhando pela Rua Sete, nas proximidades da Diretoria Regional de Ensino, quando Celso parou o carro e Aílton desceu atirando, sem dar tempo para que “João Crente” pudesse esboçar qualquer reação.
Depois dos disparos, os dois acusados deixaram o local em disparada, mas testemunhas deram as características do carro à polícia, que, um ou dois dias depois, já sabia quem eram os assassinos. Uma semana depois do crime, eles já tinham se entregado à polícia e confessado a autoria. O motivo do crime foram duas dívidas deixadas para trás por “João Crente”. Uma delas, no valor de R$ 6 mil, se referia à compra do carro de um dos réus, enquanto a outra, de R$ 3 mil, era relativa a um empréstimo feito pela mãe do outro réu, com quem “João Crente” manteve um curto relacionamento de dois ou três meses. Um mês antes do crime, “João” deixou Aspásia afirmando que iria até Jales sacar o dinheiro para pagar as dívidas, mas não voltou mais à cidade.