Um ano depois que o jornal A Tribuna noticiou um possível acordo entre a Prefeitura e a Associação dos Deficientes Físicos da Região de Jales (Aderj), que possibilitaria ao município receber o imóvel onde está localizada a sede da entidade, no Jardim do Bosque, em troca de algumas dívidas daquela associação com os cofres públicos, não se verificou praticamente nenhum avanço nas negociações. O prédio continua sob a responsabilidade da Aderj e, por conta de um suposto abandono, já começa a motivar reclamações de moradores do bairro.
Na semana passada, por exemplo, um morador do Jardim do Bosque entrou em contato com a reportagem de A Tribuna para reclamar da situação do imóvel. Segundo ele, “o espaço que deveria estar limpo, bem cuidado e, de alguma forma, usado em benefício da população, encontra-se praticamente abandonado”. As críticas diziam que, afora a sujeira causada pelas folhas das árvores, a calçada do prédio “é usada para outros fins, como demonstram as garrafas de cerveja e vodka que se encontram jogadas no local, além dos preservativos que podem ser vistos por ali”. O leitor ressaltou, ainda, que “olhando para dentro do imóvel, já que o muro é baixo, é possível ver o mato alto e os toldos todos rasgados”.
O presidente da Aderj, Anísio Martins Moreira Filho, o Anisinho, explicou que a entidade continua na ativa, embora o prédio tenha sido desativado. “Nós continuamos fazendo algumas coisas, entregando cadeiras de roda para quem precisa, mas as nossas atividades estão concentradas em um escritório que tenho na minha casa”. Perguntado sobre a limpeza do imóvel, Anisinho confidenciou que já faz algum tempo que não vai até o prédio. “Não sei como estão as coisas por lá, mas se estiver muito sujo, vou ter que providenciar uma limpeza por minha conta” Ele disse ainda, que vem pagando do próprio bolso as despesas com água, energia, alarme, etc, e confirmou que o prédio já foi alvo de ladrões e vândalos. “Roubaram um ar condicionado e botaram fogo em um coqueiro. Tivemos que acionar o Corpo de Bombeiros para que o fogo não chegasse ao prédio”.
Sobre o acordo com a Prefeitura, que ficaria com o prédio e assumiria algumas dívidas trabalhistas da entidade, Anisinho confirmou que “já estava tudo acertado em fevereiro deste ano, mas a Prefeitura pediu um prazo de 20 dias para pagar as dívidas que nós temos com alguns ex-funcionários e depois disso não falou mais nada e nem compareceu na audiência marcada pela Justiça do Trabalho para assinatura do acordo”. Anisinho disse, ainda, que a Aderj estaria até abrindo mão de alguns direitos. “Quando nós fizemos esse prédio, a intenção era beneficiar a população. Então, se ele ficar com a Prefeitura vai, de certa forma, ser utilizado em benefício da população”, concluiu.
De seu lado, o prefeito Flá Prandi explicou que o acordo não foi fechado anteriormente porque a Prefeitura não dispunha dos R$ 400 mil que teria de pagar aos ex-funcionários da Aderj. “Nós já entramos em contato com o novo juiz que assumiu a Justiça do Trabalho de Jales e vamos propor um pagamento parcelado aos ex-funcionários da Aderj. Se eles toparem receber seus direitos trabalhistas em parcelas, o acordo será assinado e o prédio da Aderj passa para a Prefeitura”. O prefeito até já faz planos de como utilizar o imóvel. “A ideia é levar para lá a Secretaria da Educação. E como nós estamos iniciando a construção de um posto de saúde no terreno onde ficam os ônibus da Educação, poderemos levar esses veículos para o imóvel da Aderj, que é bastante espaçoso”, disse o prefeito.