A Polícia Militar foi acionada mais uma vez no final de semana passado para tentar acalmar os ânimos de alguns pacientes da Unidade de Pronto Atendimento – UPA – de Jales, depois de um início de tumulto por conta da demora no atendimento. Segundo informações obtidas pelo jornal A Tribuna a polícia foi acionada por funcionários da unidade, que estariam sendo ameaçados por pacientes e acompanhantes. Esta não foi a primeira vez que a polícia é chamada em um final de semana, quando a demanda por atendimento na UPA aumenta consideravelmente.
Um dos motivos para esse aumento parece ser causado pelo fechamento dos postos do Programa Saúde da Família nos sábados e domingos, mas os problemas parecem não se restringir aos finais de semana. “Terça-feira eu estive na UPA, que estava lotada. Tinha muita gente e a demora foi muita. Tinha senhoras chorando de dor…”, escreveu uma internauta em uma rede social. Ainda na terça-feira, 11, outra internauta declarou que “hoje fiquei das 7:30 até às 12:30 aguardando atendimento. Uma vergonha! O que a UPA precisa de verdade é de pelo menos mais um médico atendendo”.
Na mesma rede social, uma internauta acusa os médicos de descaso. “Os médicos somem e demoram horas para atender os pacientes. Eles ficam muito ao celular e não estão nem aí pra nada”, acusou. Mas houve também quem defendesse os médicos: “Os médicos não ficam no celular. No período em que fiquei aguardando atendimento vi chegar vítimas de quatro acidentes, que tem muito mais urgência do que uma dor-de-cabeça. A população precisa aprender distinguir o que tem mais prioridade”, escreveu outra internauta.
De sua parte, o diretor administrativo do Consirj, José Roberto Pietrobom, reconheceu que existem falhas no sistema, mas argumentou que no último final de semana a demanda de atendimento superou em muito a capacidade da unidade, que conta com apenas dois médicos por período. “De sexta-feira até o domingo, a UPA realizou 674 atendimentos, o que significa uma média de 225 atendimentos por dia. É muita coisa. Os médicos não estão lá apenas para realizar consultas. Em muitos casos, são necessários outros procedimentos. E quando ocorrem acidentes, eles têm que parar as consultas para atender as vítimas trazidas pelo SAMU”, disse Pietrobom.
O diretor administrativo afirmou, ainda, que já se reuniu com o presidente do Consirj – o prefeito de Jales, Flávio Prandi(DEM) – para tratar do assunto. “Eu estou sugerindo ao prefeito Flá que nos finais de semana e feriados prolongados nós tenhamos um terceiro médico para atender na UPA”. O prefeito Flá confirmou que esteve reunido com Pietrobom e que a saída vai ser contratar mais médicos. “Nos últimos finais de semana, o fluxo de pessoas que procuram atendimento na UPA aumentou muito e mais de 70% desses pacientes são aqui de Jales. Vamos ter que nos virar e buscar uma solução que passa pela contratação de mais médicos”, disse Flá.
Médicos e enfermeiros são maiores vítimas de agressões
Pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Medicina e pelo Conselho Regional de Enfermagem (Coren-SP) junto a 5.568 médicos e profissionais de enfermagem no estado de São Paulo aponta que cerca de 60% dos entrevistados já sofreram algum tipo de violência – física, moral ou verbal – no ambiente de trabalho. A maioria dos casos de violência foi registrada em serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Rio Preto, a pediatra de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) pediu demissão na semana passada, depois de ser agredida. Nas UPAs, como no caso de Jales, as principais vítimas são recepcionistas.