Uma notícia, digamos assim, bombástica, pegou os moradores de Santa Fé do Sul de surpresa na manhã na quinta-feira, dia 2 de fevereiro: o fechamento da unidade do Frigorífico JBS naquela cidade. O fato surpreendeu, principalmente, trabalhadores que estavam retornando de férias coletivas que durou trinta dias.
Assim que os funcionários chegavam para trabalhar eram informados sobre o fechamento e convocados para assinarem as rescisões de trabalho e convidados a deixarem o local. Outra parte dos funcionários deveriam retornar ao trabalho ontem, dia 4. A direção da empresa informou que também dispensará boa parte da equipe de desossa.
No total, aproximadamente 650 funcionários serão demitidos. A previsão é de que em poucos dias nada mais esteja funcionando nas dependências do JBS.
Na manhã de quinta-feira, todos os vereadores e muitas lideranças políticas da cidade se reuniram na frente da empresa. Porém, apenas Armando Rossafa, Marcelo Favaleça e Gustavo Goes puderam participar de uma reunião com a diretoria do JBS onde foram revelados os motivos do fechamento. O motivo não foi divulgado para a imprensa.
“Não temos autorização para falar. Vamos ligar para o prefeito Ademir Maschio que está em São Paulo e pedir para ele tomar algumas providências. Não sei até aonde o Município, a Câmara e a Associação irá poder ajudar”, disse Armando Rossafa.
O representante do Sindicato dos Trabalhadores, Jezulino Machado também participou da reunião, onde recebeu um comunicado sobre o encerramento das atividades.
Comunicado
Em comunicado oficial entregue ao Sindicato dos Trabalhadores assinado em nome de JBS S.A., a empresa afirma que o motivo do encerramento das atividades é uma decisão do Cade, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que inviabilizou as atividades da planta.
O Cade informou que, para preservar a concorrência no mercado e defender o consumidor, impôs condições ao arrendamento da planta de Santa Fé do Sul efetivado pela JBS. Tais condições, de acordo com a assessoria de imprensa, foram negociadas e inseridas em um acordo, assinado pelo conselho e pela empresa.
A devolução do frigorífico de Santa Fé do Sul para os donos foi uma ordem do Conselho de Defesa Econômica. Isso porque, desde que a JBS arrendou a planta de Santa Fé do Sul, o Cade a obrigou a manter a mesma produtividade que a empresa anterior tinha no local. O objetivo era evitar que o maior frigorífico do mundo alugasse matadouros, tirando a concorrência dali, e deixasse os matadouros parados.
“Em outubro de 2016, o Cade constatou que essas condições não foram integralmente cumpridas pela JBS e pelo descumprimento do acordo a empresa foi obrigada a não operar a planta e devolvê-la ao arrendante”, diz a nota.