As maiores vítimas da queda de arrecadação na Prefeitura de Jales são os fornecedores e prestadores de serviços, uma vez que a administração municipal vem priorizando o pagamento da folha salarial. A prioridade da administração poderá levar inclusive a um novo parcelamento de dívida junto ao Instituto Municipal de Previdência Social – IMPS – algo que, até há alguns dias, não estava nos planos do prefeito Pedro Callado e do secretário de Planejamento, José Magalhães Rocha. “Estamos fazendo de tudo pra que isso não aconteça, mas, entre deixar de pagar o 13° dos servidores e ficar devendo para o Instituto, nós preferimos a segunda hipótese”, explicou Magalhães.
O secretário explicou, também, que renegociou pagamentos com os maiores fornecedores da Prefeitura – a Della Fattoria, responsável pelo fornecimento de merenda escolar, e a Macchione Ltda, responsável pelo recolhimento do lixo. Somada, a dívida com as duas empresas já chega a R$ 1,3 milhão, embora o atraso não seja tão expressivo. A dívida relativa à merenda escolar passa de R$ 800 mil, mas boa parte dela – R$ 514 mil – se refere às faturas de outubro. “Os gastos com a merenda escolar aumentaram bastante em setembro e outubro. Nós já falamos com o pessoal da Educação sobre isso e também já fizemos um acordo com a empresa para pagarmos apenas parte das despesas nesses dois últimos meses do ano”, disse Magalhães.
Mas os atrasos não estão atingindo apenas os grandes fornecedores. “Nós já estamos sem receber o aluguel há três meses. Antes, eles diziam que não pagavam porque era preciso aprovar uma lei. Agora que a lei foi aprovada pela Câmara, eles continuam atrasando os pagamentos”, reclama a dona de uma imobiliária da cidade que tem quatro casas alugadas para a Prefeitura. Esse não é o único aluguel em atraso. Dados retirados do próprio Portal da Transparência Municipal mostram que a Prefeitura está devendo quatro meses do aluguel do prédio onde funciona o Núcleo Central de Saúde, na Rua Sete, num total de R$ 29 mil.
O aluguel do prédio da Casa da Criança, onde funciona atualmente a creche municipal “Antonio Di Bernardo Perez”, é outro que está em atraso e, segundo o pai de um aluno, a creche estaria correndo o risco de ser despejada. Nesse caso, porém, o atraso no pagamento não é apenas consequência da crise financeira do município. “Na verdade, houve uma falha dupla: a dona do imóvel não encaminhou os recibos para a Secretaria de Finanças e nós também não demos pela falta dos recibos, de modo que os pagamentos do aluguel não foram feitos, mas por conta desse problema burocrático”, garantiu o secretário Magalhães.