Terça-feira, Novembro 26, 2024

Tragédia que matou quatro estudantes em Jales completa quatro anos

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A estudante Stella Prestes Cardoso Wagner, hoje com 22 anos, foi a única sobrevivente do terrível acidente ocorrido na madrugada do dia 15 de outubro de 2012, uma segunda-feira, no qual morreram outros quatro estudantes universitários, todos alunos do curso de medicina da Unoeste de Presidente Prudente-SP: Heitor Cunha Breda, de 19 anos, morador de Regente Feijó-SP, Bárbara Regina Sequinel, 21 anos, de Ponta Grossa-PR, Mariana da Silva, 21 anos, de Presidente Prudente, e Rodrigo Gamba, de 20 anos, filho de um conceituado ginecologista de Treze Tílias-SC.

Eles voltavam para Prudente no domingo, depois de um final de semana em Jales participando do InteriorMed 2012, uma competição esportiva disputada entre estudantes de medicina das faculdades de medicina de São José do Rio Preto (Famerp), Catanduva (Fameca), UFSCar (São Carlos) e Prudente (Unoeste). Poucos minutos depois da meia-noite, no km 138,7 da rodovia “Elyeser Montenegro Magalhães”, entre Jales e Pontalinda, o Astra dirigido por Rodrigo foi atingido frontalmente por um caminhão Mercedes Benz, com placas de Bandeirante-PR, que tentava ultrapassar um caminhão “canavieiro”.

Quatro anos depois, Stella – agora já no 5° ano de medicina – diz que não se lembra de muita coisa. “Eu só me lembro do momento em que cheguei ao hospital de Jales. O momento do acidente continua apagado da minha memória”, diz ela. Procurada pela reportagem de A Tribuna, Stella não se negou a falar sobre o acidente que ela, certamente, gostaria de esquecer. “Eles eram todos meus amigos. Depois do acidente, os pais deles me procuraram para conversar, talvez em busca de alguma explicação. Eu também os procurei, fui até a casa de alguns deles, mas depois fomos perdendo contato. Apenas a família da Mariana é aqui de Prudente, então fica mais fácil manter contato”, diz Stella, cuja família é de Itaberá-SP, pequena cidade de 20 mil habitantes na região de Itapeva.

Ela conta sobre seus planos para quando se formar. “Eu perdi alguns meses por causa do acidente e só vou me formar em 2018. Penso em me especializar em cirurgia, mas ainda não sei bem em que área. Vou decidir sobre isso mais pra frente”, revela a estudante. Ela revelou, também, que um dos momentos mais complicados foi a volta às aulas. “Os colegas me prepararam uma recepção alegre, mas, mesmo assim, foi triste, pois a gente sentia muita falta dos colegas que se foram”.

Motorista foi condenado a quase cinco anos de detenção, mas pena foi substituída por prestação de serviços

Condenado inicialmente pela Justiça de Jales a cumprir pena de cinco anos, sete meses e quinze dias de detenção, em regime inicial semiaberto, o motorista do caminhão Mercedes Benz, de Bandeirantes-PR, Devanil Rocha, apelou ao Tribunal de Justiça de São Paulo e teve a pena reduzida para quatro anos, oito meses e sete dias de detenção em regime aberto. A pena foi, no entanto, substituída pela prestação de serviços à comunidade pelo mesmo prazo da condenação. Ele teve, também, sua habilitação para dirigir veículos suspensa por dois anos. A sentença da 6ª Câmara Criminal Extraordinária do TJ-SP é de novembro de 2015.

A sentença que condenou à prestação de serviços comunitários o motorista acusado de quatro homicídios culposos cita laudos e exames, sendo que pelo menos um deles diz que “o acidente ocorreu em virtude do condutor do veículo caminhão Mercedes Bens estar trafegando na sua contramão de direção, efetuando manobra de ultrapassagem em momento inoportuno, culminando assim no acidente em tela”. O laudo diz ainda que o veículo Astra em que viajavam os estudantes “transitava em sua correta mão de direção”. 

A sentença menciona, ainda, o testemunho de duas estudantes que vinham logo atrás do veículo ocupado pelas vítimas. Elas disseram que o motorista efetuou a ultrapassagem sem a cautela própria, “pois não obedecera a sinalização específica quanto à velocidade máxima permitida”. As testemunhas disseram, também, que o motorista fugiu após provocar o acidente, deixando, portanto, de socorrer as vítimas.

Com prefeito cassado, irmão de Stella assume Prefeitura de Itaberá

O acidente com Stella ocorreu uma semana depois das eleições municipais de 2012, quando o irmão dela, Gustavo Prestes Cardoso Wagner, foi eleito vice-prefeito de Itaberá. Na ocasião, Gustavo – que esteve em Jales durante o tempo em que a irmã permaneceu internada na Santa Casa – disse ao jornal A Tribuna que “minha irmã agora terá duas datas para comemorar o aniversário, pois ela praticamente nasceu de novo”. Na terça-feira passada, 11, véspera do feriado, ele voltou a falar com a reportagem de A Tribuna e aproveitou para, mais uma vez, agradecer o tratamento recebido pela irmã na Santa Casa de Jales.

“Não fosse o rápido atendimento e a competência dos médicos da Santa Casa de Jales, não sabemos o que poderia ter acontecido à Stella”, diz Gustavo. Ele lembra os momentos de desespero da família, após receber um telefonema da Santa Casa, por volta da meia-noite e meia, informando sobre o acidente e pedindo autorização para retirar o baço de Stella. “Nós viemos pra Jales imediatamente e chegamos aqui na manhã da segunda-feira. Graças a Deus, pudemos contar com a ajuda de pessoas aí de Jales, como o doutor Pedro Callado, a quem seremos eternamente agradecidos”.

Coincidentemente, assim como Callado, Gustavo acabou se tornando prefeito de sua cidade, graças à cassação do titular pela Câmara Municipal. No caso de Itaberá, a cassação se deu em novembro de 2015, depois de o prefeito – José Benedito Garcia(DEM) – ser julgado culpado pela nomeação de um secretário para dois cargos públicos que, juntos, rendiam mais de R$ 20 mil mensais ao assessor. Outra coincidência: assim como Callado, Gustavo também não concorreu à reeleição. “Eu não quis me candidatar, mas o candidato que eu apoiei foi o vencedor, com mais de 55% dos votos válidos”.

Aqui em Jales, o prefeito Pedro Callado explicou a ligação com a família de Stella. “Meu pai, o professor Robertinho Callado, nasceu em Itaberá, onde ele foi vereador, presidente da Câmara e chegou até a prefeito por alguns dias, em uma licença do titular. Mas, na verdade, por ocasião do acidente com a Stella, foi uma amiga da minha esposa, a Lúcia, quem ligou nos pedindo para acompanhar o atendimento na Santa Casa, já que mãe da Stella é professora e o atendimento era via IAMSPE. Essa amiga é de Itaporanga, a cidade natal da Lúcia, que é vizinha de Itaberá”, resumiu Callado.

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