O futuro vice-prefeito fala de sua relação partidária com Michel Temer e reconhece que o acesso direto ao presidente ficou mais difícil. Garça garante, no entanto, que é possível chegar ao presidente por outros caminhos.
A Tribuna – Garça, o virtual prefeito Flávio Prandi disse que não assumiu compromissos nem com pessoas, nem com partidos, com relação à participação no futuro governo. Você, que seguramente participou de negociações com outros partidos, confirma isso?
Garça – Realmente, em todas as conversas de que eu participei, não houve promessa de cargo nenhum, inclusive quem foi muito enfático nisso foi o Luís Especiato, do PT, dizendo que só toparia participar dessa aliança, se não houvesse esse tipo de coisa.
A Tribuna – Com relação ao seu partido, o PMDB, existe algum compromisso relativo a cargos no futuro governo? Fala-se muito na volta do João Missoni à Secretaria de Administração, por exemplo. Existe essa possibilidade?
Garça – Como eu já disse na primeira resposta, confirmo que não existe nenhum compromisso com relação a cargos. Eu já ouvi do João Missoni, em conversa informal com a presença de outras pessoas, que ele não pretende voltar a ter cargo na Prefeitura. Não é intenção dele participar do governo e sim colaborar sem ter nenhum cargo.
A Tribuna – O PMDB não conseguiu eleger nenhum vereador em Jales, nas eleições de 2012, embora tivesse dois candidatos entre os dez mais votados. O que foi feito para que o erro não se repita? E quantos vereadores você acredita que o PMDB fará nestas eleições?
Garça – Realmente, houve um erro nas eleições de 2012 porque nós não fizemos coligação. Tivemos a Marynilda e o Jediel muito bem votados, mas faltaram vinte e poucos votos para alcançarmos o coeficiente. Desta vez, nós coligamos com o PPS que tem um bom quadro de candidatos e acreditamos que vamos fazer no mínimo dois vereadores na coligação. É difícil falar quem vai ser eleito, pois nós temos nomes fortes nos dois partidos (PMDB e PPS), mas eu creio na eleição de dois e, possivelmente, até de um terceiro candidato.
A Tribuna – Você foi candidato a vice do Flá nas eleições de 2012 e, evidentemente, já existe uma proximidade entre vocês muito maior do que, por exemplo, a Nice e o Callado. Você acredita que terá mais espaço no governo Flá do que o Callado teve na administração da Nice?
Garça – Eu acredito. O Flá é uma pessoa que me ouve muito e que sempre se aconselha comigo. Eu acredito e espero que ele possa usar a minha experiência no sentido de ajuda-lo. Também não é minha intenção ocupar nenhum cargo ou secretaria, até porque a minha profissão me exige muito e o meu afastamento do Cartório sempre traz dificuldades e até prejuízo financeiro. Portanto, não pretendo me afastar do Cartório, mas quero ajudar em tudo que for necessário e acredito que vamos ter uma boa convivência. Eu tive uma convivência com o Valentim Viola, quando fui vice dele por seis anos e o Viola era um homem de personalidade muito forte, talvez até mais difícil de conviver, mas eu me dei muito bem com ele.
A Tribuna – Você acredita que o fato de o PMDB estar no comando do país poderá trazer benefícios para Jales?
Garça – Acredito, sim. Alguém às vezes exagera e fala da minha amizade com o Michel Temer e, realmente, nós temos uma relação partidária antiga. Tivemos já longas conversas, inclusive recentemente na convenção do partido. Tive uma conversa muito boa com ele em São Paulo, quando fui a um restaurante de amigos nossos aqui de Jales – os irmãos Squirra – e o Michel Temer estava por lá almoçando também. Então, nós temos uma ligação, mas eu sei que, neste momento, o meu acesso direto ao Michel é muito difícil. Mas nós temos outros caminhos. Temos o Jarbas, que é aqui de Jales. Temos o Edinho Araújo, que faz uma boa ponte. Temos o chefe de gabinete do Michel, o Arlon, que ficava em São Paulo e agora foi para Brasília. É uma pessoa com quem tenho acesso já há bastante tempo. Então, acredito sim que vamos ter um acesso ao presidente Temer.
A Tribuna – Você é reconhecido como um ótimo administrador e sabe que um dos principais problemas da cidade são as ruas esburacadas. Pelas informações que você tem a respeito da situação financeira do município, dá para acreditar na recuperação, a médio prazo, das nossas ruas?
Garça – É realmente muito preocupante. Nós temos andado pelos quatro cantos da cidade e é raro a gente ver uma rua em boas condições. A situação financeira do país e do estado é complicada e do município, então, é pior ainda. Existe aquele empréstimo que o doutor Pedro pleiteou e que já está autorizado – R$ 4 milhões – e esse dinheiro deverá dar uma boa ajuda, mas isso, segundo pessoas da área, seria apenas ¼ do que a Prefeitura precisa para resolver os problemas do asfalto. Já é um bom começo e, por outro lado, nós já estamos conversando com os nossos deputados, estaduais e federais, e com o senador Aloysio (Nunes Ferreira Filho) para colocação de emendas visando a recuperação das nossas ruas, que estão em péssimo estado.
A Tribuna – Aparentemente, existe uma preocupação da campanha Flá e Garça com os votos nulos e brancos. Você partilha da opinião de que é importante sair das urnas com uma votação expressiva?
Garça – A preocupação é por sabermos que a insatisfação com a política nacional é geral. O povo está descrente com a política e, em Jales, não é diferente. E, por ser uma candidatura única, ela fica mais esvaziada, menos motivada e, além disso, algumas pessoas tiveram seus interesses atingidos, pois eles esperavam estar ganhando algum dinheiro com a campanha, se tivesse concorrência. Eu conheço pelo menos duas pessoas que estão, declaradamente, fazendo campanha pelos votos nulos e brancos, mas isso é uma minoria. Nós temos visitado empresas, pessoas, bairros e a receptividade vem sendo muito boa. Claro que é importante ter uma boa votação, pois isso fortalecerá o prefeito na hora de buscar recursos em São Paulo e Brasília.
A Tribuna – E, para finalizar, você pretende voltar à Provedoria da Santa Casa após as eleições?
Garça – Meu pedido de afastamento vence no dia 03 de outubro. Eu teria que voltar ao cargo na próxima segunda-feira, mas tenho pensado muito e praticamente já decidi que não vou voltar, por dois motivos. Primeiro porque eu fico impedido de continuar como provedor depois que assumir como vice-prefeito. Então, acho que voltar à Provedoria para ficar apenas três meses, não é produtivo. Outra coisa que pesa muito é que os convênios estão em andamento e, quando eu saí, a Santa Casa já teve que refazer documentos que estavam em meu nome e colocar o nome do Júnior Ferreira. Se eu voltar agora, vamos ter que refazer novamente alguns documentos e isso poderá, com certeza, atrapalhar o andamento dos convênios. Então, para simplificar, eu não pretendo voltar a ser provedor.