Com uma frota de veículos quase que totalmente sucateada, a Prefeitura de Jales é responsável pelo transporte de cerca de 150 pacientes por dia, em média, para hospitais de várias cidades da região e até para locais mais distantes como Botucatu, São Paulo, a capital do estado, e Engenheiro Coelho, pequena cidade da região de Campinas. Além dos pacientes, a Prefeitura transporta, também, cerca de 50 acompanhantes por dia.
Segundo a responsável pelo setor, a servidora Eunice Tomazia, os veículos da frota – 02 ônibus de 46 lugares, 01 micro-ônibus de 29 lugares, 04 vans de 14 lugares e 08 ambulâncias com maca – são utilizados praticamente todos os dias. “Hoje, por exemplo, nós temos ambulâncias que já fizeram duas viagens. Elas só param quando é preciso fazer algum conserto”, disse a funcionária da Secretaria de Saúde. Os dois ônibus são utilizados em viagens para São José do Rio Preto. “Todos os dias, os dois ônibus vão para Rio Preto, praticamente lotados de pacientes que precisam de atendimento na Santa Casa, no Hospital de Base e também do AME de lá”, diz Eunice.
A secretária de Saúde, Patrícia Albarello confirma que Rio Preto é a cidade para onde vai a maior parte dos pacientes e acompanhantes, mas destaca outras cidades para onde a Secretaria transporta pessoas de Jales, como é o caso de Barretos. “Apesar de termos a unidade de Jales, alguns casos continuam sendo tratados no Hospital de Câncer de Barretos. Fernandópolis é outra cidade para onde vai muita gente, principalmente para fazer hemodiálise ou para reabilitação no ‘Lucy Montoro’. Todos os dias tem gente indo também para Votuporanga, para fazer exames no AME ou para cirurgias na Santa Casa”, destaca Patrícia.
Segundo a secretária, a Prefeitura gasta cerca de R$ 500 mil com combustíveis, por ano, só com o transporte de pacientes para outras cidades. “A maioria da população não tem noção do tanto de gente que viaja todos os dias e dos gastos que isso representa. Por lei, o município é obrigado a investir 15% do orçamento na Saúde, mas, aqui em Jales, há muitos anos que se investe muito mais. A manutenção da frota, por exemplo, custa de R$ 300 a R$ 400 mil por ano, além de outros gastos menores, como as diárias que são pagas aos motoristas, por exemplo, que custam cerca de R$ 7 mil por mês”, continua Patrícia.
A secretária cita outras cidades para onde são transportados pacientes. “Bauru, onde tem um hospital para doenças da face, Palmeira D’Oeste (oftalmo), Ilha Solteira, onde tem a Câmara hiperbárica para tratamento de feridas, Catanduva e Jaci, onde são feitas internações psiquiátricas, Tanabi e Mirassol, onde são realizadas cirurgias da vesícula e vascular, Araçatuba, onde as pessoas tratam de traumas buco-maxilares, etc”.
A secretária explicou, ainda, por quais motivos a Prefeitura transporta pacientes para a pequena e longínqua Engenheiro Coelho. “Nós fizemos uma licitação para contratação de uma clínica de reabilitação e, depois de repetir a licitação três vezes, a única interessada que apareceu foi essa clínica de Engenheiro Coelho. A Prefeitura paga R$ 1,3 mil por mês, por cada paciente internado na clínica. São internações determinadas pela Justiça”, concluiu Patrícia.
Usuários: alguns reclamam, outros agradecem
As reclamações quanto às condições dos ônibus da Saúde já são antigas e, na atual administração, continuam as mesmas. “Esse ônibus não tem banheiro. Um dia desses, uma senhora passou mal e vomitou aí no corredor mesmo. E o outro ônibus até que tem banheiro, mas você precisa ver a situação em que ele se encontra”, reclamou um dos pacientes que foi a Rio Preto na segunda-feira. Ao lado dele, a acompanhante também reclamou. “Os ônibus estão em péssimas condições e, de vez em quando, quebra alguma coisa e a gente tem que ficar na estrada esperando por socorro. Já teve ocasião em que a gente ficou mais de duas horas esperando na estrada”, disse a mulher.
Sentada no primeiro banco, outra mulher disse que foi visitar um parente internado em Rio Preto. “Nós saímos daqui às três horas da manhã e estamos voltando doze horas depois. Pra mim que estou bem de saúde já é uma viagem cansativa, imagina então pra quem está doente, mas eu não reclamo, não. Pelo contrário, eu sou agradecida à Prefeitura, pois se não fosse esses ônibus, a gente ia ter que se virar sozinho”, disse a mulher.
Câmara questiona demora em devolver pacientes às suas casas
Além de transportar pacientes para outras cidades, a Prefeitura é responsável, também, pelo transporte de doentes dentro da própria cidade, serviço que, muitas vezes, é criticado por usuários. No final de agosto, por exemplo, os vereadores Gilbertão(DEM), Jesus Batista(DEM) e Claudir Aranda(PDT) questionaram, através de requerimento ao prefeito, uma suposta demora no atendimento a pacientes que desejam transporte para retornar às suas casas.
Segundo os vereadores, “os pacientes que procuram apoio de ambulância para se dirigirem ao UPA são rapidamente atendidos, mas, na ocasião de retorná-los às suas residências, as esperas podem se estender por até cinco horas até que uma ambulância seja enviada para atendimento”. Os vereadores queriam saber os motivos da demora e se essa demora não seria uma forma de forçar os pacientes a buscar outras alternativas e, com isso, economizar o combustível das ambulâncias.
De acordo com a resposta da Prefeitura, a demora não tem nada a ver com uma possível economia de combustível. A secretária Patrícia Albarello explicou que a remoção de pacientes é controlada pelo médico regulador do SAMU e privilegia os casos de urgência e emergência. “Os casos de transporte de pacientes de volta às suas casas são atendidos por ambulâncias simples e, devido à insuficiência de motoristas, em pelo menos quatro dias da semana nós só temos uma ambulância realizando esse tipo de serviço”, resumiu Patrícia.