Terça-feira, Novembro 26, 2024

A intelectualidade em alerta

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A tentativa do golpista e interino Temer de aniquilar o Ministério da Cultura, os expurgos na Empresa Brasil de Comunicação e as intervenções  em órgãos científicos são reflexos administrativos de um fenômeno mais amplo. Seja por ações judiciais, seja em textos na mídia tradicional e na internet, multiplicam-se investidas cerceadoras ou difamatórias contra acadêmicos, artistas e jornalistas considerados “de esquerda”.

O problema não tem nada a ver com os méritos da isenção fiscal à Cultura e outras pautas oportunistas. Argumentos grotescos do tipo “mamar nas tetas do Estado” servem apenas para destilar o pseudoliberalismo de botequim que embala o orgulho reacionário. Na época da Guerra Fria falava-se em estar “a soldo de Moscou”.   A fobia anti-intelectual é velha como o fascismo. Ela nasce na aversão à criatividade e ao espírito crítico, valores provocativos e libertários por natureza. A arte, o humor e a análise ofendem o autoritarismo porque atuam em esferas nas quais a força coercitiva, econômica ou física, não possui eficácia total. E existe o perigo da visibilidade. Uma pessoa famosa denunciando o golpe diante da imprensa mundial destrói meses de propaganda partidária do jornalismo brasileiro. Não há manipulação que sobreviva ao apelo emocional de um ídolo gestado no próprio sistema de legitimação do veículo manipulador. Os ataques a intelectuais visam impedi-los de participar na construção das narrativas históricas sobre este momento do país. Silenciando as versões antagônicas, a direita pretende institucionalizar sua memória salvacionista, usando o discurso homogêneo do noticiário como legado de uma falsa unanimidade em torno das disputas políticas.

Pejorativo

O líder do PCdoB na Câmara dos Deputados e presidente do PCdoB na Bahia, Daniel Almeida, concedeu entrevista ao jornal Tribuna da Bahia, publicada nesta segunda-feira (27/06). Para o jornal, Daniel afirma que os primeiros meses de governo de Michel Temer foram muito desastrosos. “Eu não quero ser pejorativo com o umbu, mas diria que é uma espécie de safra de umbu. A cada dia cai um bocado e só dura três meses.”

Surreal

O país, sob esse governo interino, é uma afronta à dignidade e à cidadania. Beira o surreal. Mas é real. Porque o golpe é real.

Mídia Golpista

Desde quando eleitos (Lula até desde antes), são diuturnamente atacados pela grande mídia nacional. Tiveram a oportunidade de democratizar e regulamentar os meios de comunicação, a exemplo dos EUA e a própria Grã-Bretanha. Não o fizeram. Mal tentaram. Ou foram muito ingênuos, de pensar que esse pessoal algum dia lhes daria trégua, ou se acovardaram. Seu maior erro. Subestimaram a força de uma imprensa milionária, que mente e manipula para salvaguardar seus interesses. Há uma só voz. Não há democracia na mídia brasileira.

Blindados

Enganam-se, num misto de ingenuidade e cinismo, aqueles que pensam que uma oposição coberta de interesses escusos, atolada em processos e investigações de corrupção, igualmente promíscua e envolvida nos esquemas de corrupção que derrubam o governo atual, vazia de qualquer projeto nacional, será capaz de estabilizar e executar seriamente as mudanças que o país precisa.

Apelo Democrático

O ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP) mandou um recado à ex-mulher, a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), durante o Festival Internacional da Utopia, realizado nessa semana em Maricá (RJ). Ao falar sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, ele pediu que Marta reflita melhor para se posicionar na votação do Senado. O Festival reuniu, de 22 a 26 de junho, ativistas brasileiros e internacionais, em programação com debates, shows, acampamento, intervenções, rodas de conversa e oficinas. Em sua fala, Suplicy ressaltou que a peemedebista tem consciência de que não há motivos que justifiquem o impedimento. “A Marta sabe que não tem crime para impedir Dilma, sabe da seriedade da presidente. Não há enriquecimento ilícito. O trabalho, ainda que com erros, visava ao bem do povo. Quero mandar um recado para Marta: pense com carinho neste voto. Eu apelo a você que vote contra este golpe”, enfatizou.

A ética de Suplicy

O casamento durou 36 anos. Dele o casal teve três filhos que, quando da separação, em 2001, ficaram ao lado do pai. Marta, sexóloga por profissão, deixou o Eduardo Suplicy para viver o direito a um novo amor com o franco argentino Luiz Favre. A grandeza d’alma de Eduardo Suplicy o fez se engajar na campanha vitoriosa da mulher à Prefeitura – mesmo sofrendo a separação. Hoje, 15 anos depois, ainda solteiro, ele pede que a ex-mulher atenda a um único pedido: que vote contra o golpe durante votação no senado em que poderá ser um voto em favor do retorno de Dilma Rousseff.

É Golpe: perícia do Senado rejeita pedalada!

Esse era o tal “crime de responsabilidade”…

A perícia feita a pedido da comissão do impeachment do Senado aponta que não há “controvérsia” sobre a ação da presidente afastada Dilma Rousseff nos decretos de créditos suplementares editados sem o aval do Congresso. No entanto, o laudo afirma ainda que não foi identificada ação dela nas chamadas “pedaladas fiscais”. A ação direta da presidenta é condição na suposta “pedala” é condição para o impeachment, previsto na Lei 1.079/50 regula o crime de responsabilidade. Os peritos responderam 99 perguntas feitas pelos parlamentares, pela defesa e acusação e pelo relator do processo, o senador tucano Antonio Anastasia (PSDB-MG). Uma das acusações na denúncia contra Dilma diz que a presidenta cometeu “pedalada fiscal” por conta do atraso do repasse de R$ 3,5 bilhões do Tesouro ao Banco do Brasil para o Plano Safra. O laudo diz que não identificou ação de Dilma no episódio: “Pela análise dos dados, dos documentos e das informações relativos ao Plano Safra, não foi identificado ato comissivo da Exma. Sra. Presidente da República que tenha contribuído direta ou imediatamente para que ocorressem os atrasos nos pagamentos”, afirmaram os peritos no relatório. Sobre os três dos quatro decretos que “promoveram alterações na programação orçamentária incompatíveis com a obtenção da meta de resultado primário vigente à época da edição”, a perícia do Senado diz que não há “controvérsia” sobre o fato de a presidente afastada Dilma Rousseff ter agido para liberar créditos suplementares sem o aval do Congresso. Os referidos decretos são os de 27 de junho de 2015, nos valores de R$ 1,7 bilhão e R$ 29 milhões, e o decreto de 20 de agosto de 2015, no valor de R$ 600 milhões. O processo de impeachment vai se dissolvendo e demonstrando cada vez mais que se trata de um golpe, como já denunciava a presidenta Dilma e a sua defesa. A senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), que é líder do governo provisório de Michel Temer, admitiu quem entrevista que “não teve esse negócio de pedaladas”. Antes disso, o também senador do PMDB Romero Jucá (RR) afirmou em gravações reveladas por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro e delator da Lava Jato, que o impeachment era o caminho para “estancar a sangria” da Lava Jato.

Impeachment pra inglês ver

Ao saber que um cidadão inglês escolheu Brasília para passar as férias deste ano, um brasiliense ficou curioso e quis saber o motivo. “É que me disseram que em Brasília tem um impeachment pra inglês ver” respondeu o turista.

 

 

 

 

(*)Marco Antonio Poletto é gestor no Poder Judiciário, Historiador, Articulista e Animador Cultural.

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